Bandalhas viram rotina em pistas seletivas em Niterói

06/12/2014 08:35 - O Globo

Um teste do GLOBO-Niterói mostra como são comuns as bandalhas de motoristas que ignoram a proibição de trafegar nas pistas seletivas da Alameda São Boaventura, na Zona Norte; e das avenidas Roberto Silveira em Icaraí; e Feliciano Sodré, no Centro. Em apenas 20 minutos em cada via, durante o horário de rush da manhã, a equipe de reportagem flagrou 112 invasões nas faixas destinadas a ônibus, vans legalizadas, táxis e motos: 46 na Roberto Silveira, 38 na Alameda e 28 na Feliciano Sodré. Motoristas de ônibus dizem que as bandalhas prejudicam o trânsito e facilitam acidentes. As irregularidades se multiplicam, apesar da fiscalização da prefeitura. Este ano, a NitTrans multou 1.217 veículos na Alameda, 748 na Feliciano Sodré e 398 na Roberto Silveira. A prefeitura informa que tem projetos para ampliar o número de faixas seletivas. A próxima será instalada ao longo da Trans-Oceânica, que ligará a Zona Sul à Reginâo Oceânica. Quem conhece o dia a dia do trânsito em Niterói já sabe: basta que o tráfego fique lento para que motoristas resolvam desafiar a proibição e trafegar pelas faixas exclusivas da cidade — reservadas apenas para ônibus, vans legalizadas, táxis e motos. Apesar de a prefeitura afirmar que coíbe as infrações na Alameda São Boaventura, na Zona Norte; e nas avenidas Feliciano Sodré, no Centro; e Roberto Silveira, em Icaraí, a equipe de reportagem do GLOBO-Niterói constatou que as bandalhas nas vias são constantes, especialmente nos horários de rush.

A equipe esteve nas vias, que estão entre as mais importantes da cidade, no último dia 26, registrando em cada uma delas, durante 20 minutos, os casos de desrespeito às normas. Na Alameda São Boaventura, que tem uma pista exclusiva, 38 veículos cometeram a infração na altura da Rua Manoel João Gonçalves apenas no sentido Ponte, tentando fugir do engarrafamento característico do rush da manhã. Motoristas de ônibus que utilizam a via afirmam que as irregularidades prejudicam o trânsito e frequentemente resultam em acidentes.

— Prejudica demais. Isso causa muitos acidentes, principalmente nas saídas das baias porque os carros não respeitam a preferência — afirma o motorista de ônibus Vladimir Marinho, que passava pelo local no comando de um coletivo da linha 540D (Santa Isabel-Estácio).

A mesma opinião tem o também motorista de ônibus Cleber de Jesus, outro que circula diariamente pela região.

— Atrapalha muita coisa. Saímos da baia e a preferência é nossa. Com os carros, temos que ficar desviando, e muitas vezes não conseguimos. Vários acidentes acontecem assim — diz.

A prefeitura afirma que não faz estatísticas de acidentes de trânsito.

Na Avenida Feliciano Sodré, que tem duas faixas reservadas até a Rua Barão do Amazonas no sentido Centro e é totalmente reservada em direção à Ponte no mesmo trecho, foram 28 infrações, cometidas por motoristas de carros, caminhões e até mesmo um trator que prestava serviço à prefeitura de Niterói. As duas rotas compõem um corredor viários que liga o Centro a bairros como Barreto e Fonseca e contam com seletivas das 5h às 21h de segunda a sexta e após o meio-dia de sábado até o fim de domingo.

O maior número de casos, no entanto, ocorreu na Avenida Roberto Silveira. A via tem as duas faixas da direita reservadas apenas para os ônibus entre 11h e 16h. Foram nada menos que 46 infrações, numa média de um veículo circulando irregularmente na seletiva a cada 26 segundos. No trecho próximo à Rua Sete de Setembro, o desrespeito é geral, ao ponto de motoristas chegarem a estacionar seus carros nas faixas destinadas aos ônibus para fazer embarque e desembarque de passageiros. Naquela quarta-feira, três deles chegaram a ficar no local por aproximadamente dez minutos.

A fiscalização das infrações de trânsito nas faixas exclusivas da cidade é responsabilidade da NitTrans. De acordo com a prefeitura, este ano 1.217 veículos foram autuados na Alameda São Boaventura, 748 na Avenida Feliciano Sodré e outros 398 na Avenida Roberto Silveira, por radares ou agentes de trânsito. A multa para quem desrespeita a proibição de circulação é de R$ 127,69.

A NitTrans informa ainda que disponibiliza diariamente aproximadamente 30 agentes por turno nas três vias, deslocando ainda um reforço de 30% deste efetivo nos horários de pico. Autorizados pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), os operadores do órgão podem autorizar que carros de passeio passem pelas faixas exclusivas para dar mais fluência ao tráfego, caso julguem necessário. Este é o único caso em que é permitido circular pelas seletivas sem estar sujeito a qualquer tipo de punição.

NOVAS FAIXAS EM ESTUDO

A prefeitura de Niterói deve ampliar o número de faixas destinadas ao transporte coletivo nos próximos anos. A primeira delas será instalada em toda a extensão da TransOceânica, dando acesso a ônibus articulados e comuns por meio do sistema Bus with High Level of Service (BHLS). Previsto para setembro de 2016, o corredor atravessará bairros como Itaipu e Piratininga pela Estrada Francisco da Cruz Nunes e chegará até a Zona Sul, passando pelo túnel Charitas-Cafubá.

Estão em estudos preliminares novas faixas exclusivas em Pendotiba e no Barreto, mas ainda não há a definição de que ruas receberão a nova organização viária.