30/05/2014 08:15 - O Globo / Folha de SP
RIO - O BRT Transcarioca deverá reduzir em até 60% o tempo
médio de viagens no eixo Barra-Aeroporto Tom Jobim. A estimativa foi feita
nesta quinta-feira pelo secretário municipal de Transportes, Alexandre Sansão,
na apresentação de detalhes da implantação do sistema, cuja viagem inaugural
com a presidente Dilma Rousseff acontecerá no domingo. Segundo Sansão, um dos
exemplos de economia de tempo proporcionada pelo sistema é a linha semiexpressa
Alvorada-Vicente de Carvalho-Aeroporto, que será aberta ao público na próxima
quarta-feira:
— A viagem pelo BRT deve ser feita em cerca de 70 minutos.
Hoje, não existe uma linha municipal que faça o mesmo trajeto. Se fosse seguir
esse percurso, o passageiro teria que fazer várias baldeações. Levaria pelo
menos três horas.
Sansão, o prefeito Eduardo Paes e o presidente do Rio
Ônibus, Lélis Marcos Teixeira, afirmaram que o Transcarioca será inaugurado por
etapas, assim como ocorreu com o Transoeste. Na segunda-feira, dia 2 de junho,
começa a funcionar o serviço parador Alvorada-Tanque, com 19 estações, que vai
transportar passageiros das 10h às 15h, fora do horário de pico. Na
quarta-feira, é a vez da linha semidireta Alvorada-Vicente de Carvalho-Galeão 1
e 2, das 5h às 23h. Os sete ônibus empregados no trajeto serão equipados com
bagageiros para acomodar malas.
Mais sete serviços serão implantados em datas a serem divulgadas pela Secretaria municipal de Transportes: Tanque-Alvorada (expresso), Madureira-Alvorada (expresso), Madureira-Alvorada (parador), Madureira-Santa Efigênia (expresso), Penha-Madureira (parador), Fundão-Alvorada (expresso) e Galeão-Penha (parador). Quando os serviços que atendem Madureira forem implantados, serão extintos os serviços Tanque-Alvorada (expresso e parador).
Veículos terão
câmeras
Lélis Teixeira destacou que PMs vinculados ao Programa
Estadual de Integração na Segurança (Proeis) vão trabalhar uniformizados e
armados em apoio à operação do Transcarioca. Mas eles só abordarão coletivos em
caso de necessidade. Todos os veículos também são equipados com câmeras de
vídeo, monitoradas pelo Centro de Controle Operacional, no Terminal Alvorada.
Além disso, os coletivos têm um botão de pânico, que pode ser acionado pelo
motorista para alertar o CCO.
— Nós já temos PMs atuando nas estações do Transoeste. E lá,
as ocorrências policiais, por operar um sistema fechado, são menores do que no
modelo tradicional. No caso do Transcarioca, daremos uma atenção especial ao
Aeroporto Tom Jobim. A presença dos policiais será muito mais intensa, por
causa das regiões que esse corredor atravessa, para inibir qualquer atividade
(ilegal). Mas o sistema é totalmente seguro. Essa preocupação não é apenas com
o visitante da cidade, mas também com o usuário do dia a dia do sistema.
A preocupação é pertinente, uma vez que muitos usuários do
sistema devem desembarcar com bagagem no aeroporto. Por conta disso, os
coletivos que atenderão ao Tom Jobim serão equipados com bagageiros.
Segundo o prefeito Eduardo Paes, todas as 47 estações e os
cinco terminais rodoviários deverão entrar em operação em cerca de três meses.
Ao todo, serão empregados 147 coletivos com capacidade para até 200
passageiros, cada. O prazo dependerá da aceitação do sistema pelos usuários.
Com o novo transporte, o modelo atual será revisto. A previsão é que 478 ônibus
sejam retirados progressivamente das ruas — o equivalente a 46% da frota
atualmente em operação na região. Para isso, 12 linhas serão eliminadas e os
trajetos de outas 36 linhas, que passarão a funcionar como alimentadoras,
encurtados. Entre as linhas que deixarão de circular no futuro estão a 831
(Colônia-Joatinga), 897-A (Alvorada-Ayrton Senna), 800 (Curicica-Freguesia),
701 (Madureira-Alvorada) e 753 (Cascadura-Recreio). Já entre as linhas que
terão o intinerário encurtado se encontram: 691 (Méier-Alvorada), 803 (Senador
Camará-Alvorada) e 761 (Madureira-Boiúna).
— Junto com as obras da Zona Portuária, esta é uma das que
causam mais impacto à população. Ela integra diversos corredores modais de
transporte. Tem integração direta com o metrô em Vicente de Carvalho e com
quatro ramais de trens: três em Madureira e um em Olaria (Leopoldina). Ou seja,
alguém que mora em Caxias poderá chegar à Barra de trem e BRT. Trata-se,
portanto, de um sistema que fará uma integração com a região metropolitana. E
no futuro se integrará com os BRTs Transolímpico e Transbrasil — disse o
prefeito.
Sinalização reforçada
contra acidentes
Paes fez ainda um alerta para o fato de que, como o
Transcarioca passará por bairros muito populosos, a sinalização deve ser
obedecida para evitar acidentes. O entorno das estações foi cercado, faixas de
advertência foram instaladas e até carros de som estão circulando, para alertar
a população. A invasão das faixas exclusivas e o avanço de sinais vão ser
monitorados por pardais instalados a cada quilômetro.
Nas vias expressas, como na Avenida Ayrton Senna, os ônibus
circularão a 70 Km/h. Nos centros de bairros, por precaução, a velocidade será
reduzida. Em trechos como Taquara, Praça Seca e Penha, por exemplo, os BRTs
passarão a 40 Km/h.
Todos os ônibus estão equipados com Tags programados para
dar a prioridade da passagem aos BRTs nos cruzamentos. A operação do sistema
exigiu a modernização de 120 blocos de sinais de trânsito da Zona Norte, que
estão sendo interligados esta semana ao Centro de Operações Rio (COR).
— A tecnologia que empregamos permite que os sinais alterem
a programação ao longo do dia, para que abram e fechem conforme o volume de
veículos em cada cruzamento. O sistema está em ajustes finais — explicou a
presidente da CET-Rio, Cláudia Secin.
Para a implantação do BRT foram empregados mais de 21 mil
toneladas de aço, que equivalem ao peso de 18 estátuas do Cristo Redentor. Os
270 mil metros cúbicos de concreto empregados seriam suficientes para construir
três estádios do tamanho do Maracanã. Outra curiosidade é que o Transcarioca
foi batizado com o nome de Juscelino Kubstcheck por sugestão do ex-prefeito
Cesar Maia, ex-aliado político e atual adversário de Paes.
O presidente do Rio Ônibus descartou a possibilidade de que
outros serviços sejam implantados ao longo da operação do BRT Transcarioca,
caso haja demanda. No futuro, serviços expressos poderão ser criados, por
exemplo, com ônibus saindo do corredor Transoeste sem necessidade de o
passageiro fazer baldeação no Terminal Alvorada.
— O sistema de bilhetagem eletrônica permite avaliar
permanentemente a origem e o destino dos passageiros. Havendo demanda, novas
linhas podem ser criadas — explicou.
Ao longo de 39 quilômetros o BRT Transcarioca passará por 27
bairros nas proximidades de quatro grandes complexos de favelas: Cidade de
Deus, Maré, Alemão e Penha. E também cruzará as imediações de comunidades que
vêm registrando confrontos, como a Serrinha. A previsão é transportar,
inicialmente, 320 mil passageiros por dia. Com a ampliação das integrações, a
demanda poderá chegar a até 450 mil usuários por dia.
Dilma será conduzida
por uma mulher na inauguração do BRT
Motorista experiente, Ana Paula Baima está feliz por não mais enfrentar
engarrafamentos diários
RIO — No fim da manhã da última terça-feira, Ana Paula
Semblano Areas Baima, de 33 anos, chegou à garagem da Viação Redentor depois de
mais uma manhã transportando centenas de passageiros pelo BRT Transoeste entre
a estação do Mato Alto e o Terminal Alvorada. Na garagem, quem estava à sua
espera era Nelson, seu marido e instrutor dos motoristas, que acabara de ter
uma longa conversa com os diretores da empresa. O motivo do encontro era
anunciar uma novidade: menos pela ligação familiar com o chefe e mais pela
competência da funcionária, Ana Paula havia sido a escolhida para fazer a
viagem inaugural do Transcarioca.
Segundo a prefeitura, a presidente Dilma Rousseff, após
inaugurar o corredor expresso no Aeroporto Internacional Tom Jobim, vai
participar da viagem inaugural — por isso a preocupação de escolher uma mulher
habituada com os ônibus articulados, que exigem certa perícia. Para quem
duvida, com a palavra a própria Ana Paula.
— Além de serem mais ágeis de manobrar, os ônibus não têm
embreagem, ao contrário dos ônibus comuns. Quando dirijo meu carro particular,
até estranho — explicou.
O Palácio do Planalto, por enquanto, ainda não confirmou
detalhes dessa parte da agenda. Nada que, no entanto, abale Ana Paula, que tem
até na ponta da língua um pedido a fazer à presidente Dilma, se puder falar com
ela.
— Antes do BRT, trabalhei três anos na "baixada” —
referência aos coletivos comuns que circulam pelas ruas. — Nessa situação,
muitas vezes levar multas ou perder horas no trânsito era inevitável. Pediria
que, pensando mais na nossa classe e na população, o governo investisse ainda
mais em obras de mobilidade como o BRT.
Rubro-negra, mangueirense, Ana Paula mora na Cidade de Deus
e é mãe de uma adolescente de 15 anos. Ela trabalha como motorista há seis anos
e, nos dias de folga, não dispensa uma praia. Antes, trabalhou como explicadora
para crianças da vizinhança. Já como motoristas, rodou na linha tarifa A
(frescão) Freguesia-Castelo. Ali, ela conta que enfrentou muitos
engarrafamentos pela inexistência de corredores exclusivos para ônibus. Mas o
pior deles foi causado por uma enchente na Praça da Bandeira:
— Fiquei parada por quatro horas, ilhada. A água chegava ao
segundo andar do veículo.
Originalmente, a Viação Redentor não faz parte do pool de
empresas que opera o BRT Transoeste. Mas os operadores entraram num acordo para
que motoristas que vão dirigir no Transcarioca rodassem algum tempo no outro
sistema, para se acostumarem às diferenças entre eles.
Folha de SP
Corredor viário no Rio terá PMs à paisana nos
ônibus
DO RIO - O Transcarioca, corredor de ônibus que ligará o
Aeroporto Internacional do Rio à Barra da Tijuca (zona oeste), terá a segurança
de policiais à paisana.
Segundo o prefeito do Rio, Eduardo Paes, policiais de folga
patrulharão ônibus e estações, por meio de um convênio entre a Rio Ônibus
(sindicato das empresas de ônibus) e o governo do Estado.
O corredor será inaugurado neste domingo (1º), em cerimônia com a presidente Dilma Rousseff.