A inauguração do Move (nome dado ao BRT, sigla em inglês
para transporte rápido por ônibus) reduzirá em mais da metade o número de
faixas de pedestres com semáforos na avenida Cristiano Machado – de 16 para
sete –, na capital. Na avenida Vilarinho, também haverá diminuição de duas
travessias (de 19 para 17). Mas o mesmo não acontecerá na Antônio Carlos e
Pedro I. Juntos, os dois corredores contarão com 33 sinais de trânsito, seis a
mais do que existe atualmente.
Além dessa mudança, a Empresa de Transportes e Trânsito de
Belo Horizonte (BHTrans) informou que o tempo do sinal verde para pedestre, que
hoje é de 20 segundos, poderá aumentar nos horários de pico em todas as vias
que têm o Move. Essa intervenção combinada com novos semáforos fará os usuários
de carros ficarem mais tempo no trânsito, segundo engenheiros civis.
Para eles, mais sinais poderiam ser eliminados se a BHTrans
optasse por passarelas, como as já existentes na avenida Cristiano Machado.
"Além de reduzir o número de travessias, a passarela dá mais segurança ao
pedestre”, afirmou Berilo Torres, consultor em trânsito.
Detalhes. A
mudança na quantidade de semáforos começa a ocorrer em fevereiro de 2014,
quando terá início as linhas do Move na Cristiano Machado e na área central
(avenidas Paraná e Santos Dumont). A BHTrans não informou quais sinais serão
eliminados na avenida Cristiano Machado e na Vilarinho. Também não esclareceu
se haverá alteração no centro.
Já na avenida Antônio Carlos, além das 20 faixas de pedestres
semaforizadas existentes hoje, serão instaladas mais quatro a partir de 15 de
março, quando está previsto o início do funcionamento do Move nessa linha. Na
Pedro I, que tem o mesmo cronograma, o índice passará de sete para nove.
"Quanto mais semáforos, menor a velocidade na via. A alternativa ideal para o
Move seriam as passarelas”, disse Luiz Otávio Silva Portela, membro da
Sociedade Mineira de Engenheiros.
Outro lado. Já a
BHTrans informou, em nota, que haverá um sistema sincronizado nos sinais para
manter a fluidez dos veículos. A autarquia não explicou por que será possível
reduzir as travessias apenas na Cristiano Machado e Vilarinho. Sobre o fato de
não instalar novas passarelas, a BHTrans informou que muitas pessoas se recusam
a usá-las e que as faixas são mais confortáveis e seguras.
Circulação
Dados. Segundo a
BHTrans, passam 125 mil veículos por dia na avenida Cristiano Machado, 80 mil
na Antônio Carlos e 45 mil na Pedro I. O Move deve transportar cerca de 700 mil
usuários/dia.
Outros fatores
Conta. Ônibus.
Como forma de compensar o aumento de semáforos nas avenidas Antônio Carlos e
Pedro I, a BHTrans informou que haverá uma redução expressiva na quantidade de
ônibus nas pistas mistas.
Na Antônio Carlos, a autarquia promete reduzir de 500 para
pouco mais de 300 o número de coletivos por dia. Na avenida Cristiano Machado,
será de 460 para 280.
Estratégia. A
BHTrans esclareceu que o objetivo é tornar o transporte coletivo mais atrativo
do que o individual, fazendo com que usuários dos carros migrem para os ônibus.
Segurança.Travessia. Para impedir o avanço de sinal vermelho nas faixas de pedestres, a
BHTrans informou que todas as travessias do Move terão câmeras de monitoramento
e radar.
Medo. Mesmo com a fiscalização, a aposentada Benedita Andrade, 72, disse que se sentiria mais segura na passarela, já que a Antônio Carlos tem tráfego muito intenso. "Nós idosos, principalmente, corremos muito risco. O sinal abre muito rápido para o carro e nós temos dificuldades para atravessar.”