BHTrans promete melhorias nas condições de circulação na Antônio Carlos

20/05/2014 08:25 - Estado de Minas / O Tempo - BH

Tumulto, corre-corre, discussões, falta de informação, ônibus lotados e atrasos. Apesar de o cenário lembrar o que ocorreu na inauguração da Estação de Integração São Gabriel, em 8 de março, na Região Nordeste de Belo Horizonte, desta vez o foco dos problemas foi a Estação de Integração Pampulha, construída na junção das avenidas Antônio Carlos, Pedro I e Portugal, no Bairro Itapoã. O segundo terminal-chave para o funcionamento do BRT/Move foi testado ontem pela primeira vez em um dia útil e mostrou que, a 23 dias da Copa do Mundo, há muito a ser resolvido. A estrutura é a maior aposta para garantir o bom funcionamento do Move na Avenida Antônio Carlos, principal acesso ao Mineirão, que vai receber seis jogos do Mundial de 2014. Apesar dos problemas, segundo a BHTrans a situação tende a melhorar gradualmente, principalmente com a remoção de mais linhas convencionais do corredor, que nas próximas semanas serão integradas ao sistema de transporte rápido por ônibus.

Enquanto isso não ocorre, o trânsito caótico nas pistas mistas da Antônio Carlos, devido à presença de ônibus de 30 linhas convencionais, atrapalhou a chegada das sete novas linhas alimentadoras à nova estação. Para piorar, um protesto de taxistas, reivindicando a possibilidade de dividir as faixas centrais da Antônio Carlos com os ônibus do BRT, congestionou ainda mais o tráfego. Nas pistas comuns, dos 354 ônibus que trafegavam no pico da manhã antes do Move, 82 foram retirados desde sábado. Outros 86 vão sair de cena na segunda fase, uma redução de 47% no número de coletivos. Testadas pelo Estado de Minas, as duas principais linhas troncais que já estão operando na Antônio Carlos tiveram desempenhos diferentes. Enquanto a 50, que vai da Estação Pampulha ao Centro direto, levou 13 minutos para chegar à Avenida Santos Dumont, os usuários sofreram com a 51, que vai da Pampulha aos hospitais, por conta da superlotação, mesmo fora do horário de pico. Foram 47 minutos até a Santa Casa. 

Antes mesmo de os passageiros das sete novas linhas alimentadoras chegarem à Estação Pampulha, inaugurada ainda em meio a uma série de obras, problemas já testavam a paciência dos usuários. Com as linhas convencionais na pista mista, totalizando cerca de 190 coletivos no pico da manhã, além de táxis e veículos de passeio, o trânsito na Antônio Carlos ficou caótico, com os congestionamentos se estendendo à Avenida Portugal, rota obrigatória das alimentadoras. Moradores de bairros como Jardim Leblon, Copacabana e Jardim Atlântico, na Região de Venda Nova, ficaram presos no engarrafamento e não conseguiram chegar no horário que pretendiam. Muitos desembarcaram e continuaram o trajeto a pé.

O pedagogo Marden Sousa, de 27 anos, foi um dos que apelaram para a caminhada. Porém, depois de descer da linha alimentadora e chegar à Estação Pampulha, precisou passar por duas linhas de catracas, o que o obrigaria a pagar três passagens para fazer todo o trajeto até o Centro de BH. Depois de discutir com um funcionário do Transfácil, acabou ganhando a passagem. "Qual é o objetivo disso tudo? Atrapalhar a vida do cidadão? Está inviável, não conseguimos passar pela Portugal para chegar na estação”, reclamou. Quem também desistiu do coletivo foi a consultora de vendas Hérica Vieira, de 27. Como não havia sinalização clara, ela acabou entrando na estação por uma passagem exclusiva dos ônibus articulados e se viu presa na plataforma. "Acabei correndo perigo no meio dos ônibus, porque não tem nada explicando por onde entrar. Tive que correr, porque se eu chego atrasada meu patrão desconta R$ 137 do meu salário”, afirmou Hérica, depois de ser resgatada da pista para a plataforma por outras pessoas.

O impacto na rotina das linhas alimentadoras, segundo os passageiros, não ficou restrito ao trânsito da Avenida Portugal, que atrasou a chegada à Estação Pampulha. Houve demanda excessiva nessas novas linhas, que levou muitas pessoas a ver ônibus lotados passando direto por pontos. "Eu esperei das 6h05 até 6h45 para entrar em uma linha que fosse até a estação. Antes disso, passaram cinco ônibus lotados”, disse o comerciário Sérgio Souza, de 72.

As sete alimentadoras que substituíram oito linhas antigas semiexpressas, que iam direto dos bairros ao Centro ou aos hospitais, deixam os passageiros no segundo andar da estação. Dali, eles descem e encontram duas plataformas, pelas quais se dividem as três linhas troncais criadas para o início do BRT na Antônio Carlos. "Não tem nenhuma informação sobre onde passa cada linha. Por instinto, vi o ônibus e achei que era ali, mas não dá para saber”, afirmou Renata Fonseca, de 47, funcionária de uma drogaria. A sinalização para orientar passageiros consistia em folhas de papel de tamanho mínimo, em colunas e extintores de incêndio, indicando onde cada linha passava.

Segundo a BHTrans, a sinalização da Estação Pampulha é provisória e será reforçada. A empresa municipal frisou ainda que há funcionários treinados para tirar as dúvidas dos passageiros. Sobre as linhas alimentadoras, a informação é de que elas passam por monitoramento para serem ajustadas, caso necessário, à oferta de mais ônibus e horários.

Retenção no Centro

Apesar da superlotação dos ônibus da Linha 50 (Estação Pampulha/Centro – direta), foram 13 minutos da Estação Pampulha até o Centro da capital, com a primeira parada na Estação Rio de Janeiro, na Avenida Santos Dumont. O que chamou a atenção foram os 23 minutos rodando pelas ruas e avenidas do hipercentro. Segundo o motorista Ismael Valério, de 44 anos, condutor de coletivos da Linha 50, esse tempo poderia ser reduzido com uma mudança no itinerário.

"Nesse caminho damos duas voltas pela Santos Dumont. São muitos semáforos no trecho, o que atrasa a viagem”, afirmou. Na prática, o ônibus chega ao Centro pela Rua São Paulo e entra à esquerda na Santos Dumont, onde desce a maioria dos passageiros. Depois, os coletivos fazem a volta e seguem para a Avenida Paraná, com parada na Estação Carijós. Feita nova volta, mais uma vez a Linha 50 chega à Santos Dumont, repetindo o retorno do cruzamento com a Rua da Bahia, antes de descer a Rua Saturnino de Brito e pegar a Avenida Oiapoque. Dali o itinerário passa pela Avenida do Contorno e Rua Curitiba, para depois chegar ao Viaduto A e voltar à Antônio Carlos.

A BHTrans informou que o tempo médio das viagens entre a Estação Pampulha e a Estação Rio de Janeiro foi de 14 minutos. Ainda segundo a empresa, já está definido que a linha 50 terá reforço na oferta, passando de 117 para 140 viagens por dia. A linha 52 (Estação Pampulha/Lagoinha) percorreu o trajeto até a Estação Senai, último terminal do corredor Antônio Carlos, com média de 21 minutos, de acordo com a medição oficial.

Intervalos longos rumo aos hopitais

Passageiros do BRT/Move que tiveram ontem a primeira experiência com a linha 51 (Estação Pampulha/Centro/hospitais) passaram por uma verdadeira provação para chegar aos seus destinos. Das 6h às 7h, os ônibus partiram com intervalo de seis minutos. Entre 7h e 8h da manhã, saíram de sete em sete minutos. As reclamações pipocaram a partir das 8h, quando o intervalo subiu para 15 minutos. Entre 9h e 10h o tempo de espera ficou ainda maior: de 20 em 20 minutos, o que foi a gota d’água para a ira de passageiros.

"Eles diminuíram a quantidade de ônibus em um horário em que a demanda ainda é grande. Está superlotado, sem condições de entrar mais ninguém”, afirmou a cabeleireira Meire Aparecida Santos, de 42 anos. A equipe do EM conversou com ela dentro do ônibus, ainda na estação. De lá, o coletivo parou em todas as 14 estações de transferência da Antônio Carlos, diferente das nove do corredor Cristiano Machado. Quando algum passageiro tentava embarcar em algum dos terminais, a sensação era de que não seria possível apertar mais, mesmo em uma viagem que se iniciou às 9h40, fora do horário considerado de pico.

O vendedor Felipe Pires fez o percurso mais cedo. Mesmo assim, quase perdeu a fisioterapia, na área hospitalar. "Peguei a linha alimentadora às 7h40 e o normal seria chegar por volta das 8h40. Cheguei às 9h30, horário limite para o fisioterapeuta ir embora”, afirma. Com o aperto dentro do ônibus, outros problemas ficaram claros. Sem visibilidade devido ao número de pessoas, era praticamente impossível saber as estações de parada: como o monitor não indicava as estações e o sistema de som não anunciava os terminais, o jeito foi contar com a ajuda de outros passageiros. Na dúvida se já estava no Hospital Odilon Behrens, uma passageira acabou descendo no terminal da Rua Operários, tendo que andar bastante para chegar ao hospital.

Segundo a BHTrans, problemas apontados na identificação das estações pelo monitor e microfone são pontuais. O número de viagens será reforçado para atender os passageiros da linha 51, mas ainda não foi definido o tamanho da expansão. O tempo médio entre a Estação Pampulha e a Avenida Augusto de Lima foi 31 minutos, de acordo com a BHTrans.

Passageiros sofrem com falta de estrutura no 1º dia útil de BRT Move na Antônio Carlos

Táxis e coletivos convencionais proibidos de trafegar pela pista especial superlotam pistas convencionais

As queixas de usuários de ônibus da Estação Pampulha do BRT/Move durante a estreia do corredor Antônio Carlos se repetiram nos acessos ao terminal. Na avenida, fora dos corredores exclusivos, o trânsito parou do viaduto do Bairro São Francisco, na Região Noroeste, à barragem da Lagoa da Pampulha. O caos se instalou principalmente na Avenida Pedro I, continuidade da Antônio Carlos, que ainda passa por obras e que na sexta-feira também teve as pistas centrais fechadas para o trânsito misto. Coletivos de linhas convencionais, carros de passeio, táxis, motos, caminhões e qualquer outro veículo que não fosse do sistema BRT passaram a dividir as pistas laterais, que travaram. A retenção chegou a quatro quilômetros na Pedro I, até a rodovia MG-010. Uma longa fila de ônibus se formou na pista da direita.

São 3,3 mil veículos passando pela Antônio Carlos sentido Centro nos momentos mais movimentados da manhã. No pico da tarde, são 2,9 mil veículos voltando para os bairros. Ao todo, cerca 80 mil veículos por dia. E para complicar ainda mais as mudanças de ontem, taxistas protestaram em frente à UFMG, pelo direito de dividir as pistas centrais da Antônio Carlos com os ônibus do BRT. O taxista Maurício Flávio, de 52, reclamava de ter sido "expulso” das pistas centrais. "Estamos dividindo espaço com todos os carros e os ônibus das linhas antigas. Os coletivos do BRT estão circulando sozinhos nas pistas do meio”, reclamou o motorista, que estava com passageiros, preso em um engarrafamento provocado pelos próprios colegas manifestantes, que dirigiam em baixa velocidade e fazendo buzinaço.

Ainda são 30 linhas de ônibus convencionais nas pistas mistas da Antônio Carlos, em um total de 191 viagens somente no horário de pico. Quem tem carro se acha o mais prejudicado, como Mauro Santana, de 50, que saiu do Bairro Santa Amélia às 7h e às 8h10 ainda estava parado na Antônio Carlos. Outros motoristas tentaram escapar passando pelas ruas dos bairros ou pela Avenida Cristiano Machado, mas também enfrentaram retenção no trânsito.

Na Avenida Pedro I são 1.225 veículos no sentido bairro/Centro no pico da manhã e 1.450 veículos no sentido Centro/bairro à tarde. No total, cerca de 45 mil veículos/dia, que ficaram ainda mais espremidos nas pistas laterais, devido às obras do BRT e afunilamento de faixas. A revolta maior foi dos passageiros das linhas convencionais, que ficaram parados por até duas horas na Pedro I, sem ter como chegar à Estação Pampulha e embarcar no Move para o Centro ou região hospitalar. Impacientes, muitos desceram dos coletivos e seguiram o percurso a pé, como fez a auxiliar de saúde bucal Tatiana Maíza de Paiva de 24 anos. Ela encarou uma caminhada de três quilômetros até o consultório onde trabalha. "Saí de casa às 6h30 para tentar chegar ao consultório às 8h. Fiquei agarrada uma hora e 40 minutos no trânsito e preciso preparar uma cirurgia para as 10h”, reclamou ela, que decidiu acordar mais cedo a partir de hoje para tentar não se atrasar.

PARADOS

Para piorar, no arranca e para dos carros muitos apresentaram defeito mecânico na Pedro I. O Gol do fotógrafo Marco Carvalho, de 52, que estava com bateria franca e pegou no "tranco” ao sair de casa, parou de vez de funcionar no meio do congestionamento I e precisou ser empurrado para fora da pista.

As maiores retenções no trânsito foram entre o viaduto do Bairro São Francisco, na Região Noroeste, e a Avenida Vilarinho, em Venda Nova, passando pela Pedro I. As pistas centrais ficaram praticamente desertas, por onde ônibus do BRT passavam abarrotados de passageiros, com muita gente espremida e viajando em pé.

A BHTrans informou que a operação dos ônibus alimentadores e troncais e da Estação Pampulha foi em grande parte comprometida devido à manifestação dos taxistas, que ocuparam três das quatro faixas de circulação da pista mista da Avenida Antônio Carlos, sentido Centro. "Com muitos táxis circulando lentamente, gerou-se grande retenção na Rua CheiK Nagib, causando reflexos na Avenida Portugal”, informou.

O Tempo - BH

Com início do Move, motoristas andam a 10 km/h na pista mista

Os motoristas da região da Pampulha e do vetor Norte de Belo Horizonte começaram nesta segunda a enfrentar o "purgatório” anunciado pelo presidente da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), Ramon Victor Cesar. Com o início da operação do Move (BRT) no corredor da Antônio Carlos e a consequente volta de 191 veículos/hora durante o horário de pico para a pista mista, o primeiro dia útil foi de congestionamento ao longo de toda a avenida e impacto em outras vias, como a Pedro I e a Cristiano Machado. Quem optou pelo Move enfrentou ônibus lotados. Na pista mista, os carros ficaram praticamente parados, com velocidade média da Estação Pampulha até o centro de 10 km/h. No trecho mais problemático, da estação até a UFMG, a média foi ainda mais baixa, de 5,4 km/h.

A reportagem de O TEMPO fez o trajeto do bairro Santa Amélia, na região da Pampulha, até o centro da capital e gastou 1h11 para percorrer 11 km, de carro, na manhã desta segunda. A média de velocidade em todo o percurso foi de 10km/h, sendo que entre a barragem da Pampulha e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi registrada a maior retenção. Nesse trecho, para percorrer 2 km, foram precisos 22 minutos.

Apenas da Estação Pampulha até o centro, foram gastos 46 minutos. O mesmo percurso, da estação ao centro, foi feito pela reportagem de Move, com a linha direta, que não para nas estações de transferência ao longo do corredor. Com ele, na pista exclusiva, no mesmo horário, a viagem foi bem mais rápida, em 15 minutos. Os problemas foram os veículos lotados e a falta de estrutura na estação.

Vai continuar. O principal causador do congestionamento foi a volta dos ônibus para a pista mista. Antes eles andavam na pista exclusiva. A BHTrans, em nota, reconheceu o transtorno e admitiu que ele deve continuar nas próximas semanas. A empresa, no entanto, prometeu melhorias, com a extinção de algumas linhas e a integração de outras ao Move. Dos 191 veículos/hora hoje na pista mista, 86 devem sair, o que significa que 47% dos ônibus municipais deixarão a pista mista.

Enquanto isso, os usuários e motoristas reclamaram do serviço. Foi o caso do mecânico Luiz Carlos Nogueira, 45, que saiu de Santa Luzia, na região metropolitana às 6h, e às 8h10, ainda estava na altura da barragem da Pampulha. "Isso não é o purgatório, é o inferno. Está muito pior o trânsito, e duvido que vá melhorar tanto assim”.

Já o motorista Caio César, 21, culpa a Copa pelos transtornos. "O trânsito aqui era melhor antes desse monte de obra para a Copa”.

Entenda

Purgatório e paraíso. Na última quarta-feira, em entrevista para apresentar o Move da Antônio Carlos, o presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar, disse que os transtornos dos motoristas nesta semana seriam "a passagem no purgatório para se chegar ao paraíso”.

Prazo. No mesmo dia, o presidente afirmou que os transtornos seriam maiores ao longo de três semanas. Nesta segunda, a BHTrans informou que monitora a situação e pode intervir caso haja necessidade, como no caso da superlotação dos ônibus.