BYD já tem 100 chassis de ônibus elétricos para entrega no início de 2023, e afirma ter capacidade para atender mercado da capital paulista

10/11/2022 08:45 - Diário do Transporte

ALEXANDRE PELEGI

A BYD, fabricante de veículos elétricos com fábrica em Campinas (SP), anunciou que está produzindo 100 chassis de ônibus elétricos para entrega no início de 2023.

Os chassis estarão prontos para serem encarroçados e podem, todos ou parte deles, serem direcionados ao sistema de transporte da capital paulista.

A companhia, sediada no Brasil desde 2015, tem capacidade instalada para produção de 2.000 chassis por ano.

O diretor institucional e head da divisão de ônibus elétricos da BYD Brasil, Marcello Schneider, ressalta que a fabricante possui 70 mil ônibus rodando no mundo todo, com destaque para os 1.500 ônibus em operação no Chile e na Colômbia.

“No Chile, a operação começou em 2020 e a satisfação do cliente com a performance dos ônibus levou a novas encomendas. Já na Colômbia, nossos ônibus foram entregues a diversos operadores da Transmilenio”, diz Schneider.

CIDADE DE SÃO PAULO

O sistema de transporte da cidade de São Paulo já possui 18 ônibus a bateria, que circulam na região sul desde 2019. Na cidade de Brasília, oito ônibus elétricos BYD estão em operação, proporcionando uma economia de R$ 14 mil por mês nos custos de abastecimento.

Scheneider observa que a fabricante está agora aumentando a produção em consonância com o Programa de metas da Prefeitura de São Paulo, que prevê a substituição da frota de ônibus a diesel por elétricos.

Conseguimos atender em curto tempo. Nossos ônibus já rodaram mais de 2,5 milhões de km na cidade. Estamos mais do que testados e com ótimo desempenho”, destaca Schneider.

Como mostrou o Diário do Transporteem primeira mão, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, anunciou a inclusão de 2,6 mil ônibus elétricos até o fim de 2024. Para cumprir a meta anunciada, o mercado estima que serão necessários R$ 8 bilhões, sendo cerca de R$ 3 milhões por ônibus mais o custo unitário ponderado de infraestrutura e inclusão de tecnologias necessárias.

No anúncio feito por Nunes nesta terça (08), foi fechada uma parceria com a fornecedora de energia ENEL, que proporcionará o financiamento para aquisição de ônibus elétricos pelas empresas concessionárias que operam as linhas municipais gerenciadas pela SPTrans (São Paulo Transporte).

A BYD afirma ter já sete modelos de veículos homologados - básico piso alto, básico piso baixo, padron piso alto, padron piso baixo, articulado piso alto, articulado piso baixo e o rodoviário.

O diretor da fabricante chinesa destaca outro ponto importante para o abastecimento do mercado brasileiro, em especial para o sistema de transporte da capital paulista: seu departamento de pós-vendas e manutenção está estruturado e dedicado para atender de forma rápida e precisa. Destaque para as operações na cidades de São Paulo, São José dos Campos e Salvador, que contam com residentes nas garagens dos clientes.

Além da planta em Campinas, a BYD tem fábrica própria de bateria em Manaus, onde a produção de baterias de fosfato ferro-lítio-ferro (LiFePO4) é totalmente produzida. A fábrica tem capacidade para fazer até mil baterias por ano.

O operador ainda tem a possibilidade de gerar a própria energia para alimentação dos ônibus e veículos elétricos (seja por meio de energia fotovoltaica ou eólica), totalmente livre da dependência de energia elétrica. O custo mensal para abastecer um ônibus elétrico com energia pode chegar até 6 vezes menos do que um ônibus a diesel”, diz o comunicado da fabricante chinesa.

CENÁRIO DA INDÚSTRIA:

(Adamo Bazani)

Apesar de os veículos elétricos também serem impactados pela falta de insumos e equipamentos, como também ocorre com automóveis a combustão, a demanda pelos modelos não poluentes tem aumentado.

No Brasil, já existem opções de produtos em plena atividade, algumas que apresentarão modelos e outras que estão se estabelecendo (por ordem alfabética):

BYD: Indústria de origem chinesa, com planta em Campinas (SP), que fabrica ônibus elétricos de diversos portes: micros, padrons e articulados, além de rodoviários, produzindo as baterias, tecnologia e chassis. Está entre as maiores produtoras mundiais na área de mobilidade elétrica e produz também no Brasil placas de energia solar. Existem diversas cidades que operam com ônibus BYD no Brasil, inclusive São Paulo.

CaetanoBus: A empresa portuguesa CaetanoBus trouxe para testes no sistema de transportes da cidade de São Paulo o chassi e.CC 100 C5845 E.E, 100% elétrico. O modelo recebeu carroceria Caio, de produção brasileira. O e.CC 100 pode ser receber carrocerias de comprimento mínimo de 9.5 metros e máximo de 12.7metros.

Eletra: Indústria 100% nacional, do Grupo ABC/Next Mobilidade, com planta em São Bernardo do Campo (SP). A empresa foi inaugurada oficialmente no dia 22 de agosto de 2000. Faz toda a integração e tecnologia para ônibus elétricos à bateria, trólebus, híbridos (motores elétricos e à combustão no mesmo veículo), Dual Bus (mais de um tipo de tração elétrica em mesmo ônibus, por exemplo: trólebus+baterias ou baterias+híbridos). Não produz os chassis e baterias. O BRT-ABC, entre São Bernardo do Campo e São Paulo, é uma concessão à Next Mobilidade terá ônibus 100% elétricos de 22 metros cada com tecnologia Eletra, chassis Mercedes-Benz e carroceria Caio. A Eletra anunciou para 2022 cinco tipos de ônibus elétricos para carrocerias com 10 m, 12,5 m, 12, 8 m ,15 m e 21,5 m. Ainda em 2022, para o BRT-ABC, a Eletra anunciou também o E-Trol, um veículo de 21,5 metros, com chassi Mercedes-Benz, que em parte do trajeto vai operar como trolébus e em outra parte, como ônibus elétrico a bateria. De acordo com presidente da Eletra, Milena Braga Romano, o corredor terá trechos com rede aérea como a dos trolébus. Enquanto estiver operando nesses trechos, o veículo carrega as baterias. Nos trechos sem a rede aérea, o funcionamento é com o banco de baterias já carregado.

Segundo a diretora comercial da Eletra, Ieda Oliveira, entre as vantagens é que não haverá necessidade de carregamento dos ônibus nas garagens, dispensando as caras estruturas de recarga.

Higer: Empresa de origem chinesa que apresentou um modelo elétrico de ônibus padron neste mês de novembro de 2021 na capital paulista. Um modelo de 12 metros de comprimento está sendo testado e passou por cidades como São Paulo, Rio de Janeiros, Curitiba e São José dos Campos. Diz que trará ao Brasil também vans, ônibus articulados elétricos. Apresentou também um ônibus de fretamento com baterias. Os modelos são monoblocos (chassi, motores e carroceria formando um bloco só).

Marcopolo: Tradicional fabricante de carrocerias de Caxias do Sul (RS), testou em parceria com a empresa Suzantur, operadora de transportes de Santo André (SP), um ônibus 100% elétrico, projeto integral da Marcopolo. O modelo é padron com piso baixo. O veículo circulou sem passageiros entre o Terminal Vila Luzita (bairro populoso de Santo André) e o terminal principal da cidade no centro (Terminal Santo André Oeste). Já homologado, o modelo está sendo comercializado.

Mercedes-Benz: A gigante alemã lançou em 25 de agosto de 2021 o chassi de ônibus elétricos eO500U, de piso baixo, para carrocerias de até 13,2 metros, justamente os padrões de São Paulo. O modelo será produzido em São Bernardo do Campo (SP) e em 2022 já serão vistas as primeiras unidades. Para a capital paulista, já há um mercado previsto para ser iniciado com cerca de 150 unidades com carroceria Caio.  A empresa planeja lançar em breve ônibus articulados e superarticulados.

Volvo: A gigante sueca produz em Curitiba (PR) um modelo de ônibus elétrico híbrido. O ônibus tem um motor a combustão, que gera energia, e o elétrico que atua na maior parte da tração. A tecnologia é híbrida paralela, quando o ônibus está parado, freia e até 20 km/h a atuação é do motor elétrico. A partir de 20 km/h, entra em operação o motor a combustão. Há unidades em circulação em Curitiba, Foz do Iguaçu e Santo André (Suzantur), por exemplo. Em agosto de 2022, a Volvo apresentou seu primeiro chassi de ônibus totalmente elétrico para exibição no Brasil, o BZL. Não havia até então previsão de o veículo ser comercializado no Brasil. Com zero emissões, o Volvo BZL pode ser equipado com 3 a 5 baterias de lítio níquel cobalto óxido de alumínio (NCA) de 94kWh cada, dependendo da aplicação a que for destinado

Scania: Não descarta a produção de elétricos, mas investe na tecnologia de ônibus a gás natural e biometano.

Volkswagen: Em 2018, a Volkswagen apresentou um modelo de médio porte elétrico, o e-Flex com um sistema pode aliar diferentes formas de recarga e abastecimento para ônibus elétricos. Um pequeno motor à combustão gera energia para o elétrico, sendo um propulsor 1.4 turbinado flex de 150 cv de potência. Em novembro de 2018, a montadora prometeu que o modelo já estaria nas ruas em seis meses, o que não aconteceu. Um ano antes, em 2017, a Volkswagen anunciou que a partir do chassi do caminhão 100% elétrico e-Delivery, desenvolveria um micro-ônibus de 11 toneladas elétrico, o que ainda não se concretizou.

Iveco: Em agosto de 2022, a Iveco apresentou um modelo a gás natural/biometano, o 17.210G, para carrocerias de até 12 metros. O ônibus possui seis cilindros a gás, 80 litros cada um, que oferece autonomia de 250 quilômetros. Foi mostrado, mas não para o mercado nacional, apenas como conceito, ônibus elétrico Iveco E WAY, de 20 toneladas.

O modelo, é um monobloco de 12 metros, piso baixo total, com oito packs de bateria. A autonomia é de 300 quilômetros, aproximadamente.

O elétrico não será comercializado, inicialmente, no Brasil e a Iveco pretende oferecer para o mercado brasileiro chassi elétrico para encarroçamento de fabricantes locais.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes