“O ciclista poderia ir trabalhar de bike e voltar de ônibus, por exemplo, pegando o transporte público depois das 20h30. Ou ir e voltar a qualquer hora do dia em uma bicicleta dobrável. Essa normatização também é muito importante para informar a população que levar a bike no ônibus é possível, já que muitas pessoas não sabem”, completa.
Para pressionar a BHTrans, a associação usa prioritariamente as redes sociais, onde já lançou duas fases de uma campanha pedindo a regulamentação das bicicletas dentro dos ônibus. Dois personagens foram criados e colocados em situações corriqueiras da cidade. Um deles tem uma bike dobrável e gostaria de ir ao trabalho com ela de ônibus. Na volta, poderia usá-la, já que não há problema em chegar em casa suado e ainda economizaria uma passagem por dia.
A segunda personagem tem um carro, mas, como sai da faculdade às 23h, ainda não tem coragem de trocar o veículo pela bike, por conta do horário mais perigoso. Se pudesse voltar com ela no Move, seria um carro a menos no trânsito de BH.
O designer gráfico e artista plástico Sérgio Guerra, de 52 anos, é um ciclista de carteirinha. Dono de uma bicicleta dobrável, ele morou em Barcelona e em Boston, duas cidades em que o poder público obteve grande avanço nas políticas de fomento ao uso de bikes.
Para ele, toda a cidade deveria ser equipada com bicicletários. “Morei em países em que é grande o incentivo ao uso de bicicletas. Há bicicletários em grandes lojas, no metrô...”. Em nota, a BHTrans informou que “está finalizando os estudos para a ampliação do transporte de bicicletas dobráveis nos dias úteis e em todos os ônibus gerenciados pelo município de Belo Horizonte”. Porém, a empresa não divulgou data para o fim do estudo.
Ainda segundo a BHTrans, “os veículos do Move contam com áreas específicas para acomodação de bicicletas. Esse embarque é permitido aos sábados (a partir das 15h), domingos e feriados, nos ônibus que circulam nas avenidas Antônio Carlos, Pedro I e Cristiano Machado. A bicicleta deve ser acomodada em local específico, que conta com dispositivos de fixação, na última fileira de bancos dos ônibus”.
Bicicletas deverão fazer 8% das viagens em 2030
A BHTrans quer aumentar o percentual do uso da bicicleta no total de deslocamentos em Belo Horizonte. O alvo da empresa que gerencia o trânsito são as viagens de bike de até seis quilômetros. A meta é que esse indicador seja de 8% até 2030.
Há um longo caminho a ser percorrido, segundo a pesquisa mais recente, concluía em 2012. Naquele ano, o indicador era de 0,4%. Para fomentar o percentual, a prefeitura aposta em estratégias como a ampliação de ciclovias. O Plano Diretor de Mobilidade Urbana da cidade (PlanMob-BH) identificou cerca de 400 quilômetros de rotas cicláveis (ciclovias e/ou ciclofaixas) na capital mineira. Por enquanto, menos de 25% foram implantadas.
Boa parte das ciclovias da capital, contudo, não garante segurança aos usuários. Há trechos em que o piso está deteriorado. Mas também há problemas causados por motoristas de veículos particulares, que estacionam os carros sobre as ciclovias. Outra alternativa é exigir a instalação de suporte de bicicletas na frota de táxi. A medida ainda não foi discutida a fundo entre a categoria. A empresa pública também vai se esforçar para ampliar o número de bicicletários na cidade.
Memória
Insegurança
O EM publicou, em fevereiro, uma pesquisa revelando que BH é a cidade em que os ciclistas mais sentem insegurança, segundo 37,8% dos entrevistados na capital. O percentual é 66,5% superior ao da média nacional (22,7%). O levantamento foi uma iniciativa da Transporte Ativo, com suporte técnico do Observatório das Metrópoles e do Laboratório de Mobilidade Sustentável da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A pesquisa foi feita em 10 praças.