Ciclovias estimulam os negócios com bicicletas elétricas

20/02/2018 07:11 - Valor Econômico

EDIANE TIAGO

Ricardo de Féo, dono da General Wings, anda rindo à toa. No ano passado, viu as vendas de bicicletas elétricas crescerem 70% em suas lojas. "O mercado finalmente decolou", comemora. O bom resultado está atrelado aos investimentos realizados em ciclovias na capital paulista, sede da empresa. Desde 2013, São Paulo tem apostado no uso de bicicletas para desafogar o trânsito. Soma, segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), 498,3 km em vias com tratamento cicloviário permanente. Além de São Paulo, cidades como Rio de Janeiro e Brasília possuem rotas extensas para tráfego de bicicletas.

Com a expansão da malha cicloviária, De Féo acredita na consolidação das bicicletas elétricas como meio de transporte, uma tendência global que deve ser seguida pelos brasileiros. Estudo realizado pela consultoria Navigant Research indica que o faturamento global com bicicletas elétricas vai saltar de US$ 15,7 bilhões (2016) para US$ 24,3 bilhões (2025). No Brasil, estima De Féo, são comercializadas em torno de 10 mil unidades elétricas por ano. O total corresponde a menos de 1% do segmento de bicicletas no país (calculado em 5 milhões de unidades/ano).

Para entender o potencial nacional, De Féo cruzou dados da Aliança Bike, da Associação Brasileira da Indústria, Comércio, Importação e Exportação de Bicicletas, Peças e Acessórios (Abradibi) e de estudos internacionais. "Em dez anos, o setor deve crescer 50 vezes", calcula. Isso significa construir mercado para 500 mil unidades/ano e receitas de R$ 1 bilhão.

As bicicletas elétricas têm um pequeno motor acoplado, que auxilia o condutor em subidas. Alguns modelos dispõem de acelerador. Com pedaladas leves, o condutor chega ao destino pronto para realizar suas tarefas. O veículo é ideal para trajetos de até 20 km. As baterias possuem autonomia de até 40 km e, dependendo do modelo, a velocidade chega a 30 km por hora. O custo médio mensal com energia elétrica por unidade está estimado em R$ 5.

Rodrigo Affonso, sócio da Lev, aponta a economia como principal argumento de venda. "Em comparação ao carro, a redução é de 98%", diz.

De acordo com Affonso, o preço médio das bicicletas elétricas (R$ 4 mil) ainda é uma barreira importante. "Como a maior parte das peças é importada, o valor final embute altas tarifas", diz. Outra questão está na rede de prestação de serviços. "É um veículo que precisa de oficinas treinadas para manutenção e reparos. O segmento passa por um momento de profissionalização."

Com sede no Rio de Janeiro, a Lev teve, em 2017, alta de 75% no faturamento, depois de crescer 58% em 2016. Para 2018, a meta é abrir cinco lojas no Brasil.