As negociações para a escolha da tecnologia que irá
substituir os talões de papel do Estacionamento Rotativo de Belo Horizonte
estão avançadas. Tudo indica que o sistema a ser implantado é o de código de
barras, colado nos para-brisas dos veículos. O adesivo já está em uso em
Visconde do Rio Branco, na Zona Mata.
Na capital, a expectativa é a de que o novo rotativo seja
implantado até 2016. A TI.MOB Tecnologia e Mobilidade, empresa responsável pelo
sistema, informou ter participado recentemente de quatro reuniões, consideradas
"bem-sucedidas”, com a BHTrans, que já havia anunciado, no início do mês, que
adotará um mecanismo digital. A Empresa de Transportes e Trânsito de Belo
Horizonte preferiu não se posicionar sobre as vantagens da tecnologia oferecida
pela TI.MOB.
Um projeto enviado pelo prefeito Marcio Lacerda, neste mês,
para a Câmara Municipal, que prevê a privatização do rotativo, é outro indício
da possível mudança. Mesmo sem exigir uma tecnologia digital, o projeto
determina a concessão, por meio de licitação, o que permitiria a exploração
comercial do sistema, como os adesivos com código de barras.
PARQUÍMETRO
Outras tecnologias, como o parquímetro – já utilizado em
Contagem e em Nova Lima (RMBH) – também deverão ser avaliadas, mas saem
perdendo pelo valor mais alto de implantação.
Levando-se em conta os gastos de operaciona-lização e compra
de equipamentos, o parquímetro custa, em média, R$ 1.000 por vaga. O valor
inclui a instalação de um equipamento nas calçadas para realização da leitura
do tempo de permanência na vaga. Já o sistema de código de barras sai a R$ 100,
em média, por vaga, incluindo os leitores dos códigos de barra de uso dos
fiscais.
A instalação do sistema ainda pode sair com custo zero, caso
o município opte pelo rateamento dos lucros, ou seja, uma parte dos valores
arrecadados no rotativo fica com a prefeitura e outro com a empresa. Em
Visconde do Rio Branco, essa proporção fica em 75% para a empresa e 25% para o
município. Lá, a hora custa R$ 1 e, até o momento, a avaliação da tecnologia é
positiva.
COMO FUNCIONA
O usuário cadastra a placa do veículo em um ponto de venda e
recebe um código de barras impresso em adesivo, que é colado no para-brisa.
Ao estacionar, o motorista envia uma mensagem de texto (SMS)
gratuita pelo celular para ativar os créditos. Quando deixa a vaga, envia outra
mensagem para interromper a cobrança. A fiscalização é feita com leitores de
códigos de barra, em tablets ou smartphones.
O sistema utiliza a mesma rede de venda de crédito para
celular para recarregar o código de barras. Atualmente, há 5 mil pontos
cadastrados em Belo Horizonte. "A diferença é que, ao invés de digitar o seu
número de celular, você digita a placa do carro”, explica um dos sócios da
TI.Mob, Júlio Figueiredo. Ainda é possível comprar créditos pela internet.
Redução de fraudes e
problemas com o talão
Independentemente da tecnologia escolhida para a capital, a
informati-zação do rotativo deve pôr fim a alguns problemas crônicos, como a
dificuldade de encontrar pontos de venda da folha, fraudes no talão e o mercado
paralelo mantido por flanelinhas e lavadores de carro.
O guardador de veículos André Luiz Alves, de 35 anos, cobra
de R$ 1 a R$ 1,20 a mais pela folha de rotativo. Segundo ele, se o sistema for
trocado para o digital, as perdas não serão significativas, já que os maiores
ganhos são na lavagem de carros. Por dia, ele tira em média R$ 8 a R$ 10 no
rotativo enquanto a limpeza rende até R$ 150.
Mesmo com o pequeno valor informado pelo guardador, o
administrador Bruno Dieguez já pagou até R$ 10 pela folha, que custa R$ 3,40.
"É difícil. Nem sempre a gente encontra para comprar. Agora mesmo, tenho que ir
ali correndo para não pagar caro”, contou. Ele avalia bem a possível mudança
para o rotativo digital.
O também administrador, Antônio Carlos Ribeiro, de 51 anos,
não importa em pagar mais caro na folha do rotativo e não aprova a alteração.
"Isso é uma questão social, pois, assim, ajudamos os guardadores. Não acho
correta essa mudança. É priorizar a máquina em detrimento das pessoas”,
apontou.
Sensor pode diminuir
número de fiscais
Futuramente, o rotativo com código de barras pode ser
aperfeiçoado e reduzir a necessidade de fiscais nas ruas, por meio da
instalação de sensores no asfalto.
O sistema irá funcionar por meio de ondas de
radio-frequência, que irão identificar remotamente quais carros não estão com
crédito. Os dados serão envidados para uma central. "Os fiscais poderão agir
apenas em caso de inconformidade”, destacou um dos sócios da TI.Mob, Júlio
Figueiredo.
Em Patrocínio, no Alto Paranaíba, uma tecnologia semelhante
foi instalada em 1.876 vagas rotativas, este ano. Um sensor no piso detecta a
presença do carro e ativa o parquímetro correspondente à vaga ocupada. O
condutor tem 3 minutos para efetuar o pagamento por meio do equipamento
instalado na calçada. É possível utilizar moeda, cartão ou talão pré-pago,
telefone celular e convencional, site ou aplicativo em smartphone. Caso não
haja o pagamento, o equipamento envia um alerta para o fiscal mais próximo.
O sistema negociado pela TI.MOB é parecido com o de
Patrocínio, com a diferença de conseguir identificar até mesmo a placa do carro
estacionado na vaga e, ao invés de uma máquina na calçada, usar apenas um
adesivo. Uma parceria com uma empresa japonesa está em negociação para
implantação da tecnologia.
Parquímetro é opção
- Em Contagem, o parquímetro funciona desde 2008 e conta com
7.601 vagas. Para utilizar, é preciso comprar um chaveiro para inserir créditos
em pontos de vendas. Em seguida, ativar a vaga com uso do chaveiro e desativar
ao sair. Uma das reclamações dos usuários é a dificuldade em encontrar locais
para recarga. Outro problema é o vandalismo dos equipamentos, que são
instalados nas calçadas. À noite, os parquímetros são fechados para evitar a
depredação.
- Em Nova Lima, o mesmo sistema foi implantado em 2010 e
possui 860 vagas, sendo 500 no Centro e 360 no Vila da Serra. Na cidade, é
preciso inserir moedas em uma espécie de totem e selecionar o tempo desejado.
As vagas de rotativo são numeradas.