16/07/2021 07:45 - Valor Econômico
Por Taís Hirata — De São Paulo
Em um leilão quase sem competição, o governo de São Paulo concedeu à iniciativa privada os 22 aeroportos regionais que seguiam sob controle do Estado. Foram licitados dois blocos, em uma concorrência realizada ontem, na sede da B3. Os dois vencedores foram o Consórcio Voa MW e Voa SE, que já opera outros cinco aeroportos no Estado, e o Consórcio Aeroportos Paulista, liderado pela Socicam.
O grupo da Socicam chegou a fazer oferta pelos dois lotes, mas deu prioridade ao Bloco Noroeste, cujo principal aeroporto é o de São José do Rio Preto. O consórcio foi o único interessado nesse lote, e conquistou o contrato de 30 anos com uma proposta de R$ 7,6 milhões de outorga fixa, o que representou um ágio de 11,14% em relação ao preço mínimo definido no edital.
Ao todo, estão previstos investimentos de R$ 181,2 milhões ao longo da concessão, sendo que R$ 62,3 milhões serão aplicados já nos quatro primeiros anos.
Com a vitória, a Socicam passará a operar um total de 25 aeroportos regionais pelo país e se consolida como o principal grupo da categoria, de aeroportos de menor porte. A companhia já operava aeroportos no Ceará, Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso - estes últimos, conquistados em leilão do governo federal, realizado em 2019.
Agora, o grupo passa a administrar os aeroportos nas cidades paulistas de: São José do Rio Preto, Presidente Prudente, Araçatuba, Barretos, Assis, Dracena, Votuporanga, Penápolis, Tupã, Andradina e Presidente Epitácio.
A empresa, controlada pela família Lima de Freitas, é um dos principais operadores de terminais de passageiros rodoviários e urbanos - administra, por exemplo, os terminais de Barra Funda, Jabaquara e Tietê, em São Paulo.
No leilão, o grupo também chegou a dar um lance pelo Bloco Sudeste, cujo principal aeroporto é o de Riberão Preto. Porém, a proposta era baixa - o valor mínimo exigido no edital, com 0% de ágio - e foi superada pelo consórcio concorrente, o Voa MW e Voa SE, que ofereceu R$ 14,7 milhões de outorga, o que representa ágio de 11,5%.
Com a conquista, o grupo vencedor assumirá por 30 anos a operação de 11 aeroportos, nos municípios de: Bauru, Marília, Araraquara, São Carlos, Sorocaba, Franca, Guaratinguetá, Avaré, Registro e São Manuel, além de Ribeirão. Ao todo, estão previstos R$ 266,5 milhões de investimentos - R$ 75,5 milhões já nos quatro primeiros anos de contrato.
O consórcio, que é formado por empresas de engenharia de médio porte, já tinha, desde 2017, a concessão de outros cinco aeroportos no Estado - Bragança Paulista, Campinas, Itanhaém, Jundiaí e Ubatuba.
Após a vitória, o grupo também avalia outros leilões de aeroportos regionais pelo país, segundo Fernando Evanyr, diretor da Terracom Construções, uma das integrantes do consórcio.
“Temos interesse em outros aeroportos, como Pampulha (MG), onde pode haver um ‘hub’ com Ribeirão Preto. Estamos avaliando. Agora, passamos a ter 16 aeroportos e planejamos crescer para fora de São Paulo”, disse.
Questionada sobre projetos futuros no setor, a Socicam também afirma que tem acompanhado as diversas iniciativas em curso. “Caso sejam tão bem estruturadas como a de São Paulo, com certeza vamos analisar e participar”, afirmou o diretor da empresa, Wanderley Galhiego.
Com o leilão, o governo paulista conseguiu transferir à iniciativa privada todos os aeroportos que ainda estavam sob seu controle. Agora, o plano é extinguir o Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp), que hoje é responsável pela operação. Parte da equipe será realocada na Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), que passará a ser o órgão regulador dos contratos aeroportuários.
Apesar da baixa concorrência, o vice-governador paulista, Rodrigo Garcia, comemorou o resultado. “O governo considera um sucesso a concessão de todos os aeroportos. Tivemos um ágio médio de 11%, então estamos felizes com o resultado”, afirmou.