14/08/2015 08:33 - Mural - Blog da Folha
Todos os dias, o assistente de compras Wallace Lisboa, 27, o
técnico em manipulação Reginaldo Santos, 41, e a analista de recursos humanos
Leydiane Nogueira, 26, saem da região de Cidade Ademar, zona sul de São Paulo,
e utilizam o corredor de ônibus Diadema-Brooklin para irem ao trabalho
Os moradores, que já utilizavam veículos de transporte
público na avenida Cupecê antes da inauguração das faixas exclusivas de ônibus,
em 31 de julho de 2010, concordam que o tempo de viagem melhorou.
"Eu utilizo o ônibus Terminal Diadema – Morumbi (376M), da
EMTU, e faço o trajeto em 20 minutos”, diz o assistente Wallace Lisboa, que
embarca na parada Públio Pimentel, em Cidade Ademar, e vai até o ponto final,
no Brooklin. Neste mesmo percurso, antes do corredor, ele gastava entre 40 e 45
minutos.
Assim como os três moradores de Cidade Ademar, segundo dados
divulgados pela SPTrans (São Paulo Transportes) e EMTU (Empresa Metropolitana
de Transportes Urbanos de São Paulo), 340 mil passageiros embarcam e
desembarcam por dia nas 24 paradas que são distribuídas pelos 12 km de extensão
do corredor.
"Há mais ou menos nove anos utilizo a linha Jardim Miriam –
Praça João Mendes (5178-10). O que melhorou consideravelmente foi o tempo do
trajeto”, afirma Leydiane. No entanto, a analista chama atenção para a fila de
ônibus que se forma em alguns locais do percurso, como a parada Parque do
Nabuco, que fica perto das obras de construção do piscinão. "Isso acontece
devido ter apenas uma faixa”, acredita.
O técnico Reginaldo Santos também utiliza a linha Jardim
Miriam – Praça Dom Gastão e concorda com Leydiane. Apesar da crítica, o morador
enumera a rapidez como um dos pontos positivos do corredor, que começou a ser
construído em 1986 na gestão do governador Franco Montouro (PMDB), e foi
entregue 24 anos depois, na gestão de Alberto Goldman (PSDB), ao custo de R$
24,5 milhões.
"A localização dos pontos e a opção de ônibus também são outros pontos positivos”, analisa Santos. Entre 6h e 7h da manhã, ele gasta aproximadamente 15 minutos no corredor, da parada Públio Pimentel, em Cidade Ademar, até a parada Vereador José Diniz.
Com cinco anos de operação, Corredor Diadema Brooklin atende
a 340 mil pessoas por dia
Dados são da EMTU e SPTrans e englobam linhas
municipais e as intermunicipais da Metra
ADAMO BAZANI
No dia 31 de julho de 2010 foi inaugurado oficialmente o
Corredor Metropolitano de Ônibus entre a cidade de Diadema, no ABC Paulista, a
e região da estação Berrini, da CPTM – Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos. Antes os serviços eram feitos por micro-ônibus MetraClass entre
as duas regiões, que trafegavam por faixas comuns.
De lá para cá, por causa do menor tempo de deslocamento
entre os dois pontos, que totalizam 12 quilômetros de extensão, mais pessoas se
sentiram estimuladas a usar o transporte público e a demanda de passageiros
aumentou.
De acordo com dados da SPTrans – São Paulo Transporte,
gerenciadora do sistema municipal da Capital Paulista, e da EMTU – Empresa
Metropolitana de Transportes Urbanos, das linhas intermunicipais, pelas 24
paradas do corredor passam por dia 340 mil passageiros.
Para se ter uma ideia, o monotrilho da linha 15 Prata, que
deve operar entre Ipiranga e Cidade Tiradentes, em 26,7 quilômetros de extensão
deve transportar, quando ficar pronto, 550 mil passageiros por dia.
No entanto, o valor das obras do monotrilho deve ser de R$
7,1 bilhões, além de dez aditivos contratuais que devem deixar as obras mais
caras, com um custo atual de R$ 265 milhões 917 mil 602 e 99 centavos por
quilômetro. Já os 12 quilômetros do corredor custaram na época da inauguração,
R$ 24,5 milhões.
Não se trata de rivalizar modais, mas a comparação entre
total de quilômetros, demanda atendida por dia e custo por quilômetro e total
das obras devem ser debatidos.
O tempo de deslocamento poderia ser menor se o trecho do
corredor municipal na Avenida Luís Carlos Berrini estivesse pronto em abril,
como prometeu a prefeitura de São Paulo. Agora,
a nova previsão é dezembro.
Após o Shopping Morumbi, os ônibus entram no meio do
trânsito comum.
O corredor entre Diadema e Brooklin não pode ser considerado
um BRT – Bus Rapid Transit. Por exemplo, não há faixas a mais para os ônibus
ultrapassarem, o que causa filas de coletivos perto das paradas. Não há também
cobrança desembarcada, ou seja, o passageiro pagar antes da chegada do ônibus.
Se o espaço fosse requalificado, com poucos recursos seria
possível ampliar a capacidade de atendimento e reduzir ainda mais o tempo de
viagem.
Além das linhas municipais de São Paulo, passam pelo
Corredor Diadema-Brooklin duas linhas metropolitanas para as quais o espaço foi
criado: 376 – Diadema / Estação Berrini da CPTM e 376 M – Diadema / Shopping
Morumbi, operadas pela concessionária Metra, do ABC Paulista.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes