Executivo da Ford defende menos carros nas cidades

10/05/2017 07:00 - Valor Econômico

Financial Times

As cidades precisam ter menos carros em suas ruas para diminuir os congestionamentos e liberar formas alternativas de transporte, segundo deve afirmar o presidente da Ford na Europa em discurso hoje.

Jim Farley, que comanda a montadora americana na Europa, Oriente Médio e África, vai dizer na conferência "O Futuro do Carro", do "Financial Times", marcada para hoje, em Londres, que as montadoras não podem ser "egoistas" ao avaliar soluções para os centros urbanos superpovoados.

"Precisamos trabalhar em como tirar os carros do sistema quando há uma alternativa, uma solução mais sustentável", Farley vai dizer nesta quarta-feira.

"As cidades deparam-se com imensos problemas, como congestionamentos, emissões e qualidade de ar, para citar algumas. A resposta a esses problemas está na colaboração com as cidades e os líderes das cidades", defenderá.

As montadoras vêm buscando novos modelos de negócios, especialmente em áreas urbanas, onde ter um carro nem sempre é conveniente. A Volkswagen estuda lançar serviços de micro-ônibus, disponíveis sob encomenda nas cidades, por meio de sua nova marca Moia. A General Motors lançou um sistema de compartilhamento de carros chamados Maven e investiu US$ 500 milhões no Lyft, um serviço de reserva de táxis.

BMW, Audi e Daimler, a dona da Mercedes-Benz, também lançaram serviços de compartilhamento de carros em regiões centrais das cidades. A Nissan está testando um projeto de propriedade compartilhada de carros em Paris, que usa as redes de relacionamento social para casar as necessidades dos coproprietários. O modelo que está sendo usado é o Nissan Micra, que no Brasil é chamado de March.

A Ford, que tem seu próprio programa de compartilhamento de carros, o GoDrive, comprou em 2016 a Chariot, que oferece serviços de micro-ônibus para a locomoção de pessoas de casa ao trabalho, e pretende expandi-la para fora dos EUA neste ano.

Farley vai contar na conferência do "Financial Times" que cada veículo da Chariot significa onze carros a menos nas ruas dos Estados Unidos e até 25 nas da China.

Estima-se que em 2050 cerca de 70% da população mundial estará vivendo em cidades, de forma que o congestionamento urbano torna-se um problema cada vez mais relevante. "Nosso veículos leves e pesados modelaram essas áreas povoadas", defenderá Farley em sua apresentação.

A conferência do "Financial Times" deve reunir líderes de toda a indústria automotiva para debater seu futuro em meio à enxurrada de mudanças no setor, como as trazidas pelo surgimento dos carros elétricos e dos carros autoguiados ou até pela eventual possibilidade de veículos aéreos.

O executivo-chefe da McLaren Automotive, Mike Flewitt, vai falar sobre os possíveis impactos da decisão do Reino Unido de sair da União Europeia e sobre o futuro dos supercarros.

Maarten Sierhuis, ex-engenheiro da Agência Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (Nasa, na sigla em inglês) e atual chefe de pesquisa da Nissan no Vale do Silício, vai falar sobre o papel da inteligência artificial para tornar os veículos autoguiados melhores "motoristas" do que os humanos. O evento também vai trazer palestrantes da Daimler, da Volkswagen, da Renault, da Mitsubishi e da Jaguar Land Rover.