26/12/2014 08:39 - Gazeta do Povo
Londrina, no Norte do estado do PR, caminha para se tornar uma das
capitais brasileiras da bicicleta, pelo menos no papel. Uma lei aprovada e
sancionada neste ano, tornou obrigatória a criação de vagas para estacionar
bicicletas em locais de grande circulação de pessoas, entre eles, órgãos
públicos, parques, shoppings, supermercados, instituições de ensino, agências
bancárias, aeroporto, instalações desportivas, terminal rodoviário e o calçadão
de Londrina.
Autor da lei, o vereador Douglas Pereira, o Tio Douglas
(PTB), diz que a criação de bicicletários era uma reivindicação antiga dos
ciclistas na cidade. "Como as pessoas vão aderir à bicicleta se não encontram
um local para deixá-la”, questiona. Segundo ele, Londrina tem cerca de dez
estacionamentos para bikes, mas é preciso dobrar a quantidade.
Pela lei, poderão ser instalados dois modelos de
estacionamento, ambos de acordo com o tempo de permanência das bicicletas. Os
paraciclos, de uso público e sem controle de acesso, podem ser usados quando o
tempo de permanência não for longo. Já os bicicletários, que podem ser públicos
ou privados e têm controle de acesso, podem ser usados para guardar as
bicicletas, sem prazo de permanência.
De acordo com o vereador Douglas Pereira, a Câmara ainda vai
discutir um prazo para que os estabelecimentos se adaptem a nova regra. No
entanto, minimiza críticas sobre os custos. "A implantação dos bicicletários
não deve ser muito cara. O que se investe em uma academia ao ar livre, por
exemplo, é o mesmo para fazer dez bicicletários”, diz.
Exemplos
Quem usa a bicicleta para trabalho ou lazer comemora, mas
lembra que também é preciso investir mais em faixas para ciclistas. Adepto da
bike há 14 anos, o vendedor José Carlos Ferreira, 60, já perdeu sete bicicletas
por falta de local seguro para guardá-las. "É arriscado, já me roubaram muito.
O bicicletário pode incentivar o uso, mas não adianta se não tivermos
ciclovias. O trânsito está perigoso demais”, pondera.
Em Londrina, o Shopping Boulevard é um dos poucos espaços
onde são oferecidos bicicletários. Os ciclistas contam com 73 vagas cobertas.
Também há vestiário para os frequentadores.
Recentemente, duas estruturas com paraciclos foram montadas no Calçadão de Londrina para o estacionamento de bicicletas. Como é proibido circular com as magrelas pela área, os ciclistas precisam ir andando até chegar ao Calçadão. As instalações, segundo o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul), foram feitas por uma instituição privada de ensino, como compensação para impactos causados ao trânsito e ao meio ambiente após a abertura de novo empreendimento.
Promessa
Novas ciclovias ainda seguem no papel
A criação de mais ciclovias em Londrina está atrelada a
projetos que ainda não saíram do papel. De acordo com o diretor de Trânsito do
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul), João Ulisses
Lopes, serão 100 quilômetros ciclovias, mas só 17 quilômetros estão prontos.
"Temos ciclovias na região do Lago Igapó e na região Norte. A revitalização da
Avenida Saul Elkind também conta com um projeto de 6 quilômetros”, diz Lopes.
Lopes sustenta que uma mudança neste cenário depende de
questões orçamentárias, mas que a Prefeitura conta com apoio do setor privado
para ampliar a rede. Em Londrina, o chamado Estudo de Impacto da Vizinhança
(EIV) exige que as empresas construam trechos de ciclovias como condição para
construção dos empreendimentos. Além de ciclovias, também podem fazer parte dos
termos de compromisso a execução de sinalização de trânsito no entorno da área
utilizada e pavimentação, por exemplo.