A Marginal Tietê tem o radar que mais multas aplicou em
2012, segundo levantamento feito pelo G1 com dados das multas em São Paulo
obtidos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) por meio da Lei de Acesso à
Informação. Localizado na pista central depois da Ponte da Casa Verde, no
sentido Castello Branco, o aparelho registrou quase 150 mil multas no ano
passado.
Foram exatas 148.229 infrações registradas, sendo 107.424
mil multas por velocidade, o que representa 72% das autuações naquele ponto.
Outras 21.674 foram por rodízio e as demais 19.131 por desrespeito à Zona
Máxima de Restrição de Caminhões (ZMRC).
O radar está em um trecho pouco após a saída da pista
expressa, onde o limite é de 90 km/h. Apesar de placas antes do radar
informarem que o limite é de R$ 70 km/h, conforme prevê a legislação, e de o
motorista ter um trecho para desacelerar, os motoristas mais desatentos acabam
mantendo as velocidades mais altas da pista expressa e desrespeitando o limite
neste ponto, que é igual ao da pista local.
O radar próximo à Ponte da Casa Verde não é o único da
Marginal Tietê entre os principais responsáveis pelas "temidas” multas e pontos
na CNH. Entre os dez que mais multam na cidade há ainda outros dois equipamentos
em outros pontos da marginal e três na Avenida Salim Farah Maluf, na Zona
Leste. Um deles, próximo à Rua Fausto Cleva, na Vila Prudente, ficou em segundo
lugar com 130.587 multas.
Tipo de infração
Esse radar da Salim Farah Maluf é também o que mais multou
se consideradas apenas as multas por velocidade: foram 115.577. O limite é de
60 km/h. O G1 também mapeou os radares campeões nos outros nove tipos de
infrações fiscalizadas pelos equipamentos eletrônicos. (veja ao lado os radares
que mais multaram por tipo de infração). Alguns radares podem registrar até
cinco infrações simultâneas.
Na Marginal Tietê, um radar na pista sentido Ayrton Senna
pouco antes da Ponte da Freguesia do Ó foi o campeão em multas de rodízio em
2012, com 40.712 mil infrações. Na Avenida Sumaré, na esquina com a Rua
Vanderlei, sentido Marginal Tietê, foi o que mais flagrou infrações em
conversões à esquerda - 1.879. Já na conversão à direita, foi o cruzamento
entre a Alameda dos Tupiniquins e a Avenida dos Bandeirantes que mais flagrou
infrações de conversões à direita, com 3.157 infrações.
Radares localizados nas marginais e na Avenida Salim Farah
Maluf estão entre os campeões, entre outros motivos, porque estão localizados
em vias com grande fluxo de veículos. Mas nessas avenidas há ainda outro fator
que impulsionou multas nessas vias, o início das multas no começo do ano
passado para caminhões. As vias passaram a fazer parte da Zona de Restrição
Máxima para Circulação de Caminhões.
Radar na Avenida
Prestes Maia, com limite de 60 km/h, foi um dos que mais multaram 2012 / (Foto:
Márcio Pinho/G1)
Multados
Entre os motoristas multados, as opiniões variam. O
motorista de ambulância Rufino da Conceição, de 49 anos, afirma que já foi
multado na Marginal Tietê, mas defende a fiscalização. "Acho que ajuda a
reduzir acidente”, afirma. Ele lamenta, no entanto, a burocracia enfrentada
pelas empresas de ambulância. "Às vezes precisamos correr para buscar ou levar
um paciente e a multa acontece”, diz. Rufino.
Os taxistas também estão entre as principais "alvos” dos
radares. Flávio Santana, de 54 anos, foi multado num dos radares que mais pegou
infrações, localizado na Avenida Prestes Maia, na região central. "Estava
distraído num domingo, com a pista livre, e passei do limite”, conta. Ele não critica
a existência dos radares, mas a presença dos marronzinhos. "Eles passam a
caneta por qualquer coisa. Às vezes estamos desembarcando passageiro, não tem
onde parar e eles anotam fila dupla”, diz.
O comerciante Solidonio de Souza, que trabalha quase em
frente a esse radar, tem posição contrária aos radares. "É uma indústria da
multa. Não vejo onde investem esse dinheiro”, relata.
Arrecadação
O levantamento da CET sobre quanto cada radar autuou discriminou
onde foram dadas 7 milhões de multas por radar registradas em 2012. Os dados
passados são de registros que a CET tinha em março deste ano. No total, somando
ainda outras formas de fiscalização (marronzinhos e policiais), foram 9,9
milhões no ano passado, 4,7% mais do que em 2011 e um recorde para a cidade.
Flávio Santana diz que
se distraiu e foi multado; ele reclama dos marronzinhos / (Foto: Márcio
Pinho/G1)
A arrecadação subiu também, de R$ 747 milhões para R$ 799
milhões. Os recursos devem ser colocados no no Fundo Municipal de
Desenvolvimento de Trânsito (FMDT), criado em 2007 pela Prefeitura para o
desenvolvimento do trânsito no município. Desse 5% são encaminhados diretamente
ao governo federal.
O restante deveria ser investido em ações de engenharia de
trânsito, conforme prevê a legislação, mas acaba financiando o custeio da
própria CET. Em 2012, 67,5% dos recursos do FMDT foram repassados à CET e,
segundo a companhia, isso representa 86% dos recursos da CET. Os outros 14% vêm
de outras fontes, como a venda de talões de zona azul.
A CET afirma que investe em serviços de engenharia de
trânsito, sinalização horizontal e vertical e sinalização faixa iluminada de
pedestres, entre outras ações. A companhia afirma ainda que o custeio das ações
administrativas é condição direta para o exercício de suas atribuições
institucionais.
Lista
A CET afirma em seu site que há 581 radares na cidade. Quem
quer consultar a lista no site da companhia para conhecer todas as
localizações, no entanto, fica confuso, já que a lista traz muitos equipamentos
repetidos. Para se ter uma ideia, a lista repete pelo menos 30 radares. Segundo
a CET, como os equipamentos de fiscalização podem fiscalizar mais de um tipo de
infração, "há a repetição para contabilizar o tipo de infração autuada."
O levantamento do G1 para saber quais os equipamentos que mais multaram por infração levou em consideração os cerca de 900 equipamentos informados pela CET, ainda que a companhia considere que dois ou mais localizados em um mesmo ponto e que fiscalizem por exemplo diferentes faixas da avenida sejam um mesmo radar.