Metrô retoma monotrilho, muda plano de estação e atrasa ligação com CPTM

23/06/2016 07:10 - O Estado de SP

SÃO PAULO - A Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) terá de redesenhar a futura Estação Morumbi do monotrilho, da Linha 17-Ouro, ramal cujas obras foram retomadas nesta semana, após cinco meses de paralisação. Assim, a ligação do Aeroporto de Congonhas com a rede metroferroviária, prometida pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) para a Copa do Mundo de 2014, não tem mais data para se concretizar.

As obras da Linha 17, suspensas em janeiro após desentendimentos entre o Metrô e as empreiteiras encarregadas da obra, foram retomadas na terça-feira, 21, segundo informou o governador. “Já estamos hoje com cem trabalhadores”, disse nesta quarta, referindo-se a um lote de obras que prevê três estações - Campo Belo, Vila Cordeiro e Chucri Zaidan. 

A construção da linha é dividida em quatro contratos. Um deles é das vigas, trens e sistemas, assinado com um consórcio liderado pelas empresas Andrade Gutierrez (obras) e Scomi (trens). Dois dos contratos vão para a construção das estações. O quarto é do Pátio de Manobras Água Espraiada. Apenas o primeiro lote, com as Estações Congonhas, Jardim Aeroporto, Brooklin Paulista e Vereador José Diniz, não sofreu paralisações até agora.

“Para o Pátio Água Espraiada há previsão de assinatura de contrato ainda este mês e retomada de obras em julho”, afirmou o governador. “Quanto aos sistemas, estamos aguardando só uma decisão judicial para retomar imediatamente. A Linha 17 teve interrupção não pelo governo - para nós, estava tudo ordem -, mas porque as empresas estão tendo dificuldade frente ao momento econômico que o País está vivendo”, justificou Alckmin. 

Novo atraso. A Estação Morumbi ficará de fora dessa retomada e passará por nova licitação. Segundo o diretor de Operações do Metrô, Mario Fioratti, os técnicos da companhia constataram que a demanda prevista para aquela estação, que terá conexão com a Linha 9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), estava subdimensionada. Sem informar números, explicou que os estudos apontam que a parada receberá mais pessoas do que o primeiro projeto suportaria.

“O projeto original não previa acesso direto da rua para a estação. O usuário teria de entrar pela Estação Morumbi (da CPTM)”, explicou Fioratti. “Serão duas estações independentes, interligadas por um mezanino que será construído”, continua o diretor. Essa nova estação será objeto de uma licitação exclusiva, que será lançada em breve, segundo o Metrô. 

Um problema dessa natureza já aconteceu quando foi feita a conexão entre as Estações Paulista, da Linha 4-Amarela, e Consolação, da 2-Verde. Depois que a ligação entre as paradas foi aberta e a demanda nos túneis de conexão se mostrou maior do que o previsto, a companhia passou a adotar medidas como desligar as esteiras rolantes nos horários de pico, mudar o piso tátil para portadores de deficiência visual e instalar divisórias para organizar o fluxo de passageiros. Ao menos dois tumultos chegaram a ser registrados em 2014, por causa da superlotação no local. 

Obras. A Linha 17-Ouro originalmente tinha previsão de alcançar 18 quilômetros de extensão. Ligaria a Estação Jabaquara, da Linha 1-Azul do Metrô, na zona sul, à Estação São Paulo-Morumbi, da Linha 4-Amarela, na zona oeste - passando, no percurso, por Congonhas e pelas Linhas 5-Lilás (em obras) e 9-Esmeralda (da CPTM). 

O Estado revisou a promessa, cancelando metade do ramal em dezembro. Agora, o único trecho previsto para sair do papel é entre Congonhas e a Marginal do Pinheiros, sem conexão com nenhum outro ramal metroferroviário, ao menos até a conclusão da Linha Lilás.

Linha 6 terá mais um ano de obras e deve sair em 2021

É a segunda vez que a previsão de conclusão do ramal é adiada; estimativa inicial era de que os trens operassem em 2018

SÃO PAULO - Prometida pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) inicialmente para 2018 e depois para 2020, a Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo terá mais um ano de atraso e só deve ser entregue em 2021. A obra orçada em R$ 9,6 bilhões vai ligar a Vila Brasilândia, na zona norte, à Estação São Joaquim, na Liberdade, na região central. 

“(A linha) será entregue o mais rápido possível. Agora, nós começamos (a obra) praticamente no ano passado. Geralmente são seis anos de obra, se começou em 2015, (será entregue em) 2021”, disse. “Se nós pudermos, vamos antecipar’, disse o governador na manhã desta quarta, durante evento para o início das obras de escavação da Estação João Paulo I, na Freguesia do Ó, zona norte.

Segundo Alckmin, três estações já tiveram as obras iniciadas – as Estações João Paulo I, Santa Marina e Freguesia do Ó – o que representa 9% de toda a obra prevista para a linha. “O maior interessado em entregar a obra é o consórcio (Move São Paulo, responsável pela obra), que só vai receber a contraprestação do Estado depois que tudo estiver funcionando, construção civil, os trens e iniciar a operação”, disse. 

Atraso. Clodoaldo Pelissioni, secretário de Transportes Metropolitanos, disse que o prazo de entrega foi adiado em função do atraso no financiamento do governo federal. “Em razão de um ano de atraso no recebimento do financiamento federal, da Caixa Econômica Federal, tivemos um pequeno atraso no pagamento das desapropriações”, disse. A reportagem não conseguiu contatar a Caixa na noite desta quarta.

Todo o investimento da obra é do consórcio, exceto as desapropriações, que ficaram a cargo do Estado. Em setembro do ano passado, quando foi iniciada a obra da primeira estação da Linha 6, o governo estadual enfrentava problemas com as desapropriações e admitia que os custos, inicialmente previstos em R$ 670 milhões, deveriam passar de R$ 1 bilhão.

Ainda segundo Pelissioni, a concessionária Move São Paulo tem interesse em entregar a linha ainda em 2020, mas o cronograma oficial da operação da linha é para o início de 2021.

Com 15 estações, em um total de 15,3 quilômetros, a Linha 6 teve o contrato assinado em dezembro de 2013, com previsão de início das obras para o ano seguinte. No entanto, a primeira estação da linha só começou a ser construída em setembro de 2015, e a previsão na época era de que a operação seria iniciada em 2020. A linha 6 terá conexão com as linhas da CPTM 7-Rubi e 8-Diamante e as do Metrô 4-Amarela e 1-Azul.

Queda de passageiros. O governador também afirmou que a queda de passageiros e, consequentemente da receita tarifária do Metrô, não traz impactos para a construção de novas linhas e estações. O Estado mostrou nesta quarta-feira, 22, que a média diária de pessoas transportadas nas seis linhas caiu de 4,46 milhões, entre janeiro e maio de 2015, para 4,37 milhões no mesmo período deste ano, o que deve resultar em queda de até R$ 60 milhões na receita tarifária. 

“As obras não são feitas com dinheiro do Metrô, são feitas com dinheiro do Estado. O metrô não tem capacidade com a tarifa de fazer investimento”, disse o governador, afirmando que as obras do metrô têm financiamento e que o Estado “raspa o fundo do tacho” para atender as contrapartidas. 

“A crise é tão grave que as pessoas pararam até de andar de metrô, mas em nenhum outro órgão federado se investe tanto no metrô como em São Paulo. Isso tudo é investimento do Estado, não tem um centavo do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) ou da Prefeitura”, disse Alckmin.