06/01/2016 08:05 - Folha de SP / O Estado de SP
Um motorista do Uber e uma passageira foram agredidos por um
grupo de taxistas na madrugada do último domingo (3) na Água Branca, na zona
oeste de São Paulo. O parceiro do aplicativo já identificou dois suspeitos. Ele
disse ter informado quem são e as placas dos veículos dos agressores à polícia.
De acordo com o motorista do Uber Rafael Rodrigues Quessada,
22, ele seguia com uma passageira pela avenida Francisco Matarazzo por volta
das 3h quando precisou parar em um semáforo em frente à casa de shows Villa
Country. "A partir daí, só escutei pancadas no carro. Eles usaram barras
de ferro e pedras para nos atacar de todos os lados", relatou à Folha
nesta terça (5).
Sem saída, contou ele, seguiu pela contramão da via durante cerca de 20 metros para escapar dos agressores. Ele e a passageira, que estava sentada no banco de trás do veículo, tiveram ferimentos leves devido a estilhaços de vidros.
Quessada disse que trabalhava como motorista de táxi há
quatro meses, quando deixou a praça para virar parceiro do Uber. "A
intenção deles [taxistas] é colocar medo nos motoristas do Uber e nos
passageiros. Mas eu não vou me intimidar. Assim que meu carro sair da oficina
na semana que vem, eu volto a trabalhar", afirmou.
Ele disse que era taxista de frota e pagava R$150 por dia
para trabalhar com um Volkswagen Voyage sem ar-condicionado ou direção
hidráulica.
O conserto do seu Honda Civic modelo 2016 –destruído pelos
taxistas– vai ficar em R$ 7.000 e será pago pelo Uber. A empresa também vai
depositar na conta de Quessada o valor médio que ele lucraria nos sete dias que
vai ficar parado aguardando o conserto do veículo. A vítima disse que ainda
faltam 24 parcelas para quitar o carro.
Quessada afirmou que a passageira do carro não quis
registrar boletim de ocorrência com ele porque tem medo de represálias. Ela
contou que mora na região e passa pelo local do crime quase todos os dias.
O presidente do sindicato dos taxistas autônomos, Natalício
Bezerra, afirmou que um levantamento apontou que nenhum dos suspeitos é sócio
da categoria e critica a agressão. "Eu repudio isso. O taxista vê com
tristeza essa invasão de clandestinos, e não é com violência que a gente vai
resolver", afirmou.
Já o presidente do Simtetaxis (Sindicato dos Motoristas e
Trabalhadores nas Empresas de Táxi de SP), Antônio Raimundo Matias dos Santos,
conhecido como Ceará, disse que ainda não identificou os suspeitos porque a
categoria estava em recesso.
Em nota, o Uber informou que "considera inaceitável o
uso de violência contra cidadãos que respeitam as leis. Os motoristas parceiros
têm o direito de trabalhar honestamente para ganhar seu sustento, assim como os
usuários têm o direito de escolher como querem se mover pela cidade."
OUTROS CASOS
Em agosto de 2015, a Folha revelou o primeiro caso de
agressão a um motorista do Uber em São Paulo. Na época, um motorista também de
22 anos do aplicativo Uber foi sequestrado e agredido por taxistas durante a
madrugada no bairro do Itaim Bibi, área nobre da zona oeste.
Em depoimento à polícia, ele disse ter sido atacado por 20
taxistas e forçado por quatro homens, um deles armado, a entrar em um táxi.
Mantido refém por meia hora, ainda levou um soco na boca.
Em novembro, outro motorista do Uber foi agredido por um grupo de taxistas em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O espancamento foi gravado e postado em redes sociais e provocou notas de repúdio inclusive do prefeito da cidade, José Fortunati (PDT).
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O Estado de SP
Motorista de Uber vai blindar carro após ataque
de taxistas
Vítima
foi fechada por taxis na Avenida Francisco Matarazzo; prejuízo é de R$ 7 mil e
bando pode perder licença
SÃO PAULO - Cinco taxistas atacaram com barras de ferro o
carro do motorista do Uber Rafael Rodrigues Quessada, de 22 anos, na frente de
uma casa noturna na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, na madrugada de
domingo. Quessada, que é motorista do aplicativo há quatro meses – e antes era
taxista –, estava com uma passageira, que se feriu na ação.
Com medo de novos ataques, o motorista afirmou que vai
blindar o carro. Os agressores, segundo a Polícia Civil e a Prefeitura, são
regulamentados pelo poder municipal para exercer a atividade e podem ter as
licenças cassadas.
Os vidros e a lataria do carro modelo Honda Civic de
Quessada, avaliado em mais de R$ 80 mil, foram danificados, causando um
prejuízo de cerca de R$ 7 mil ao motorista. A passageira que seria transportada
teve ferimentos leves causados pelos estilhaços dos vidros das janelas
quebradas. Com medo de sofrer retaliações dos taxistas da região, a jovem não
prestou queixa.
Após fugir, Quessada voltou ao local da agressão e viu que os táxis de onde os agressores desembarcaram ainda estavam na rua. Ele, então, conseguiu anotar as placas. "Eu já tinha sofrido violência verbal trabalhando, mas dessa vez passou dos limites”, disse.
No boletim de ocorrência registrado no 91.º DP (Ceagesp)
consta que os carros pertencem a dois taxistas que têm o Cadastro Municipal de
Condutores de Táxi (Condutax), documento obtido com a Secretaria Municipal de
Transportes e exigido para exercer a atividade.
Procurada, a pasta afirmou que "o Departamento de
Transportes Públicos (DTP) abrirá processo administrativo e intimará os
envolvidos a comparecer ao órgão para apurar os fatos”. De acordo com a
secretaria, "poderá haver cassação” do Condutax, impossibilitando os envolvidos
de participarem de novos sorteios de alvarás.
Em nota, a empresa Uber afirmou que "considera inaceitável o
uso de violência contra cidadãos que respeitam as leis. Os motoristas parceiros
têm o direito de trabalhar honestamente para ganhar seu sustento, assim como os
usuários têm o direito de escolher como querem se mover pela cidade”.
‘Ex¬companheiros’.Há quatro meses, Quessada largou a frota de táxis onde trabalhava para se
tornar independente dos aluguéis cobrados por empresários que exploram o
serviço na capital. "Eu começava o meu dia devendo R$ 150”, contou.
Segundo ele, nada vai mudar em sua rotina de trabalho – seu
turno continuará de madrugada. "Só vou mandar blindar o carro. Se me pegarem
outra vez, o dano vai ser menor e eles não vão mais conseguir quebrar os
vidros”, afirmou.
O presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores nas Empresas de Táxi (Simtetaxis), Antonio Raimundo Matias, o Ceará, disse que a entidade condena a agressão. "É algo que a gente reprova e acha ridículo. Não concordamos e repudiamos. O pessoal do Uber também briga com os taxistas, mas não vai para a mídia. A gente vê todo dia violência dos motoristas e quem sai perdendo é o passageiro”, disse.
Outro caso. No dia 26 de novembro, um motorista do Uber foi agredido com chutes e pontapés por taxistas em Porto Alegre. Dois foram presos.