Mundo poderia economizar US$ 4,2 trilhões ao ano se duplicasse geração de energia renovável

21/03/2016 08:10 - Blog Ponto de Ônibus

ADAMO BAZANI

Metrô de alta capacidade, trens elétricos, ônibus movidos a etanol, hidrogênio, energia elétrica com baterias ou trólebus. Tudo isso não é nenhuma novidade no mundo. Nos países com menor nível de desenvolvimento, no entanto, ainda são poucos os sistemas que investem no transporte coletivo movido a energias renováveis, apesar de o quadro ir mudando lentamente. Se a alegação para a falta de investimentos é ao temor sobre a viabilidade econômica, um estudo promete desmistificar a afirmação. No entanto, não basta jogar o ônus do investimento só para a iniciativa privada, já que os ganhos com o uso de energias limpas em transportes coletivos são sentidos principalmente pelo poder público.

O aumento dos investimentos em fontes limpas de energia para diversos setores, em especial dos transportes, não só melhoraria a qualidade de vida e reduziria as agressões ao meio ambiente, o que já justificaria todo e qualquer esforço, como também pode ser uma boa sacada de negócios, com grandes lucros para todo o planeta.

É o que aponta relatório da Agência Internacional de Energia Renovável – Irena (sigla em inglês) divulgado em Londres nesta semana. De acordo com os estudos, se o mundo conseguir duplicar a geração de energia renovável até 2030 poderá economizar US$ 4,2 trilhões de dólares por ano.

O relatório mostra que os números são bem claros: hoje a energia renovável corresponde a 18% da matriz energética mundial. Para fazer com que esse percentual suba para 36% da matriz energética seriam necessários US$ 290 bilhões por ano. Na ponta do lápis: um investimento de US$ 290 bilhões de dólares anuais para ter US$ 4,2 trilhões como retorno, algo extremamente lucrativo e que poderia trazer outros ganhos indiretos como a redução dos custos com saúde pública devido a problemas gerados pela poluição.

A compensação destes investimentos em energias renováveis seria 15 vezes maior que os gastos necessários para aumentar a matriz de energia limpa.

Outro ganho, tanto financeiro como ambiental, é que as tecnologias limpas poderiam diminuir o consumo de combustíveis fósseis, como os derivados de petróleo, e aumentar o nível de segurança energética, ou seja, o mundo não dependeria apenas de poucas matrizes para abastecer a indústria, veículos e a agricultura.

O diretor geral da Irena, Adnan Amin, disse em nota, que o segmento de transportes é um dos que devem estar incluídos nesta meta de duplicação de geração de energia renovável. Junto com outras atividades como aquecimento e arrefecimento, os transportes podem ser responsáveis por metade do consumo de energias renováveis em 2030.

Assim o instituto internacional propõe, no caso dos transportes, várias frentes de atuação. Paralelamente à ampliação da oferta de fontes de energia renováveis, deve haver o estímulo para o aumento de frotas de veículos que não dependam exclusivamente de derivados do petróleo, como caminhões, carros e principalmente, ônibus, movidos à energia elétrica, híbridos ou com biocombustíveis.

Em países onde a geração de energia elétrica é considerada limpa, como é o caso do Brasil, os investimentos devem ser ainda mais considerados e mesmo em países que gerem sua energia por termelétricas, o estudo mostra que os veículos elétricos podem trazer vantagens ambientais, além de financeiras. Em resumo, a geração de energia elétrica para carros e ônibus polui menos que a operação destes veículos movidos por derivados de petróleo, mostra o relatório.

Uma das contestações em relação ao aumento de geração de energia renovável é em relação aos impactos no nível de empregos de segmentos como de combustíveis fósseis, a exemplo do petróleo e gás natural.

A agência, no entanto, rebate e garante que a duplicação das cotas de produção de energias renováveis criaria seis milhões de postos de trabalho diretos até 2030, havendo o crescimento dos atuais 9,2 milhões para 24,4 milhões de postos de trabalho diretos e indiretos no setor de energia renovável.

No entanto, para que o mundo consiga economizar US$ 4,2 trilhões por ano ao duplicar a geração de energia renovável, os investimentos devem ser proporcionais ao consumo, às atividades, à população, infraestrutura e à emissão de poluentes de acordo com países e regiões. Por exemplo, os Estados Unidos deveriam aumentar sua cota em 15% enquanto a China deveria proporcionar elevação de 20%.

A Irena atribui a estabilização das emissões globais de dióxido de carbono derivadas do setor energético ao aumento do uso das energias renováveis. As emissões ficaram em 2015 pelo segundo ano consecutivo em 32,1 bilhões de toneladas.

Segundo a IEA – Agência Internacional de Energia (sigla em inglês), 90% dos investimentos para ampliação de geração de energia no mundo já levaram em conta o uso de fontes renováveis no último ano.

SOLUÇÕES NOVAS E SOLUÇÕES CONSAGRADAS:

Para que haja um aumento da oferta de veículos de transporte coletivo sobre pneus não poluentes, é necessário conjugar soluções novas como, os ônibus a hidrogênio, que ainda estão em testes em poucos países no mundo, sendo que o Brasil é um deles, e tecnologias já consagradas e que se modernizaram, como os trólebus.

Apesar de no Brasil o trólebus receber críticas por causa de problemas como quedas constantes dos pantógrafos/alavancas e problemas em relação ao fornecimento de energia, os fabricantes garantem que hoje os veículos se modernizaram e que esses problemas foram reduzidos de maneira substancial. Caso haja, por exemplo, alguma problema na fiação aérea, os veículos são dotados de baterias que permitem a circulação por alguns quilômetros até uma outra rede ou até um pátio de manobra ou terminal. Além disso, alavancas pneumáticas e as hastes flexíveis dos fios aéreos diminuem os impactos causados por ondulações na pista, evitando as quedas constantes .

Ao contrário do Brasil, diversos países do mundo que investiram em trólebus, continuaram optando por este meio de transporte com uma das soluções, sem deixar de lado, claro, outras alternativas.

Acompanhe vídeos abaixos:

TRÓLEBUS EM LYON:


TRÓLEBUS EM WELLINGTON:


TRÓLEBUS EM SZEGED:


TRÓLEBUS EM BUDAPEST:


TRÓLEBUS EM BOSTON:


TRÓLEBUS SAN FRANCISCO:


TROLEBUS BRATISLAVA:


TROLEBUS OPAVA:


TRÓLEBUS CHOMUTOV/JIRKOV:


Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes