16/05/2013 07:26 - Gazeta do Povo
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de Curitiba divulga edital para receber estudos sobre o metrô
Uma
década depois, metrô de Curitiba de volta à estaca zero
Apesar da indefinição em relação ao método construtivo, o
metrô de Curitiba vai sair do papel. A afirmação foi feita ontem pelo
secretário municipal de Planejamento e Gestão, Fábio Scatolin, na Câmara de
Vereadores. Ele garantiu que, apesar do atraso no projeto, a cidade não perderá
a verba federal do metrô. Segundo Scatolin, o modal é uma necessidade da
capital, que precisa investir em meios de alta capacidade, já que a Rede
Integrada de Transporte (RIT) e o sistema BRT, de vias exclusivas para ônibus,
já não atendem mais à demanda.
De acordo com projeções da prefeitura, a população da Grande
Curitiba, que hoje é de 3,2 milhões de pessoas, deve saltar para 3,8 milhões na
próxima década, um crescimento de quase 20%. Para oferecer um serviço de
transporte eficiente, a aposta da prefeitura é a mescla de modais. "Nós
precisamos de um sistema de alta velocidade, de alta capacidade. A solução não
vai ser apenas o BRT”, afirmou o secretário.
Estimativas apresentadas na Câmara mostraram que o sistema
de BRT consegue atender, em média, 2 mil pessoas por hora, dependendo do
intervalo entre os veículos. No metrô, essa capacidade cresce, no mínimo, cinco
vezes. Scatolin citou como exemplo a linha Norte-Sul, na qual são transportadas
600 mil pessoas por dia. Só no trecho entre a Praça Eufrásio Correia, no
Centro, e o Pinheirinho, são 400 mil passageiros.
Indefinição
Para dar conta dessa demanda, segundo ele, o metrô desponta
como melhor opção, tendo em vista que um sistema de Veículo Leve sobre Trilhos
(VLT), apesar de ter um custo menor, também tem uma capacidade de transporte
reduzida.
A decisão da prefeitura de lançar um Procedimento de
Manifestação de Interesse (PMI) para que empresas apresentem levantamentos
sobre a viabilidade do metrô pretende garantir o acesso a estudos que
mostrariam não terem sido esgotadas as análises de opções construtivas.
O projeto anterior previa o "cut and cover”, escavação de
uma vala a céu aberto; e o NATM, um túnel convencional em que é preciso escavar
e concretar na sequência. A prefeitura aposta em outro método, o Shield, que
usa uma máquina de escavação que permite o trabalho abaixo da superfície em
alta profundidade.
O custo, apresentado como impeditivo para a realização da
obra, pode ser menor do que o estimado. Segundo Scatolin, dois estudos, feitos
por um engenheiro alemão e uma equipe do metrô de São Paulo, mostraram que o
custo do Shield é mais vantajoso para trechos a partir de 2,5 quilômetros.
Embora a prefeitura tenha demonstrado preferência pelo Shield, os outros métodos não estão descartados. O NATM, por exemplo, deve ser usado em trechos sinuosos e de interligação de estações. Já o cut and cover deve ser a opção para áreas de baixa densidade populacional e na região de estações.
Falhas do projeto
anterior já haviam sido apontadas pelo TCE
Um relatório elaborado pelo Tribunal de Contas do Estado do
Paraná (TCE-PR) e entregue para a equipe do prefeito Gustavo Fruet (PDT) ainda
durante o período de transição já apontava falhas no projeto. De acordo com o
documento, a primeira inconsistência está relacionada ao método escolhido, o
cut and cover. Segundo o TCE, o sistema apresenta maiores riscos às escavações
e transtornos aos habitantes da cidade e a alternativa sugerida pelo projetista
Carlos da Rocha, o Shield, não foi sequer avaliada pelo executivo.
O órgão ainda argumentava que o custo desse projeto seria
47% menor para os cofres públicos: o Shield foi orçado em R$ 41,7 milhões por
quilômetro, contra R$ 61,2 milhões do cut and cover. O impacto negativo do
método NATM também não foi considerado, segundo o órgão, já que não havia
medidas para prevenção de acidentes.
A construção ainda implicaria em danos ambientais, já que
não houve previsão de impacto do material descartado. Além disso, dos cinco
locais que poderiam receber esse entulho, dois estavam na região metropolitana,
o que exigiria um licenciamento ambiental à parte.
O TCE recomendou que a prefeitura realizasse uma pesquisa de origem/destino, para identificar o volume e as características dos deslocamentos metropolitanos, e também a avaliação do impacto das obras de implantação do metrô no sistema de transporte e na malha viária da capital.
Prazo
Prefeitura tem um
plano secreto, caso o PMI não tenha projetos viáveis
A prefeitura espera que os estudos de complementação de
viabilidade da obra do metrô sejam concluídos até o fim de julho. Estão sob
análise quatro pontos principais: o método construtivo, a demanda de
passageiros, o marco jurídico e o custo.
De acordo com o secretário de planejamento e gestão, Fábio
Scatolin, a demanda por passageiros foi superestimada, o que pode onerar os
cofres públicos quando o sistema entrar em operação. Já o imbróglio jurídico
diz respeito ao modelo de licitação proposto.
A Linha Azul, que irá da CIC até o Santa Cândida, foi
dividida em duas fases. A primeira fase, que vai da região sul até o centro,
propõe a licitação, em separado, da construção e operação. O Executivo
municipal analisa a possibilidade de licitar, de uma só vez, a operação de toda
a linha.
Já em relação ao custo, a prefeitura procura descobrir qual
o real valor da obra, para poder buscar outras formas de financiamento, já que
esse custo deve ser superior aos R$ 2,3 bilhões orçados inicialmente.
Ainda há tempo
Scatolin explicou ainda que a prefeitura tem um plano B em relação ao metrô, mas não entrou em detalhes sobre o que seria. A expectativa, no momento, é sinalizar ao governo federal que a cidade vai construir o metrô e precisará do aporte de R$ 1 bilhão para o próximo ano. Basta um sinal verde da prefeitura para que a verba seja incluída na Lei Orçamentária Anual (LOA) federal. O projeto do metrô pode ser entregue até outubro para o Ministério das Cidades.
1.º orçamento de
Fruet concentra investimentos na obra do metrô
Diretriz orçamentária de 2014 prevê recorde de R$ 1 bilhão para obras. Mas
R$ 300 milhões serão só para o trem subterrâneo, projeto ainda incerto
Muito mais dinheiro para obras, mas com uma grande
concentração de recursos em um único investimento que está incerto: o metrô.
Esse será o perfil do orçamento de Curitiba para 2014 – o primeiro elaborado
pela gestão do prefeito Gustavo Fruet (PDT). O ano que vem ainda deve ser
marcado pelo aumento em números absolutos da verba municipal destinada à
educação, mas com a manutenção do atual porcentual de dinheiro para o setor –
considerado prioritário durante a campanha eleitoral do ano passado pelo então
candidato Fruet.
A ampliação dos recursos em obras e a manutenção porcentual
dos investimentos na área educacional foram revelados ontem durante a entrega,
pela prefeitura à Câmara Municipal, do projeto de Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) para 2014. O projeto foi entregue ao Legislativo pela
secretária de Finanças de Curitiba, Eleonora Fruet.
O que é a LDO
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é uma das três leis
orçamentárias que o município é obrigado a aprovar periodicamente. Apresentada
no primeiro semestre de cada ano, a LDO serve como diretriz para a elaboração
da Lei Orçamentária Anual (LOA), votada no segundo semestre. Essas leis sempre
se referem ao orçamento do ano seguinte. Já o Plano Plurianual (PPA) é votado a
cada quatro anos. O PPA define as prioridades da gestão municipal para um
período mais longo. No segundo semestre deste ano, será votado o PPA de
Curitiba para os anos de 2014 a 2017.
Dinheiro federal
A proposta de LDO prevê um aumento de cerca de 20% nas
receitas gerais da prefeitura em relação a este ano: de R$ 5,9 bilhões para R$
7,1 bilhões. Segundo Eleonora, convênios assinados com o governo federal
correspondem a cerca de 63% do crescimento.
Puxado pelo metrô, que contará com aportes da União, o
investimento municipal em obras deve chegar pela primeira vez a R$ 1 bilhão em
2014. Isso significa um crescimento de 42% em relação ao orçamento de obras
deste ano – que prevê R$ 749 milhões. As despesas com obras para o ano que vem
corresponderão a 14,85% da arrecadação da prefeitura – patamar mais alto do que
a média histórica.
Mas o elevado montante de investimentos depende da conclusão
do projeto do metrô, que está sendo reavaliado pela prefeitura. Caso a obra do
trem subterrâneo não se concretize, o total de investimentos em 2014 pode ser
até menor do que o deste ano – pois a fatia destinada ao metrô corresponde a
cerca de R$ 300 milhões.
Já a educação deve receber mais recursos em números
absolutos no ano que vem em relação a 2013. Será cerca de R$ 1,2 bilhão em 2014
contra R$ 1 bilhão neste ano. Mas o peso da educação no orçamento deve
continuar idêntico ao do orçamento de 2012: 26,5%. "Temos que considerar que
houve um grande aumento no orçamento total”, ponderou Eleonora.
Ela afirmou também que a meta da atual administração,
conforme prometido na campanha, continua sendo chegar ao porcentual de 30% do
orçamento destinados à educação até 2016, último ano do mandato do prefeito.
Eleonora destacou ainda que, em 2014, haverá investimentos
na educação tanto por parte do município quanto pelo governo federal. Está
prevista a construção 13 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e de
uma escola no Bairro Novo.
Trâmite
Antes de chegar ao plenário da Câmara, o projeto da LDO será
avaliado pela Comissão de Economia e Finanças. Depois, o projeto passará por
audiência pública e seguirá para o plenário para recebimento de emendas, por
três sessões. A proposta volta para a comissão, onde serão analisadas as
emendas e, finalmente, segue para plenário.
O prazo legal para a votação da LDO, determinado pela Lei Orgânica de Curitiba, é até o dia 30 de junho. Segundo a presidente da Comissão de Economia, Professora Josete (PT), o cronograma da tramitação do projeto deve ser elaborado até o fim deste mês.