19/10/2013 07:27 - Estado de Minas
Os 562 quilômetros da Rodovia Fernão Dias, que liga Belo
Horizonte a São Paulo, receberão 19 radares até dezembro. Serão 13 no trecho de
474 quilômetros em Minas e seis nos 88 quilômetros no estado vizinho,
instalados pela Autopista Fernão Dias, que detém a concessão há cinco anos. Os
equipamentos de controle de velocidade (60 km/h a 90 km/h para ônibus e
caminhões e 80 km/h a 110km/h para carros e motos, dependendo do trecho) vão
conter o aumento do número de acidentes de mortes, devido principalmente ao
abuso de motoristas. De janeiro e setembro, 123 pessoas morreram em cerca de
5,5 mil acidentes entre o km 477, em Contagem, na Grande BH, e o km 951, em
Extrema, no Sul de Minas, 35% a mais do que o mesmo período do ano passado,
quando ocorreram 91 e 5,3 mil, respectivamente.
Para o professor de pós-graduação em engenharia rodoviária
da Fumec Luiz Carlos Soares, a duplicação não é suficiente para evitar
acidentes. "O controle da velocidade é muito importante, especificamente em
Minas, região montanhosa que aumenta o risco de acidentes e os radares são são
mais necessários”, avalia.
O inspetor Aristides Junior, assessor de imprensa da Polícia
Rodoviária Federal (PRF), considera a Fernão Dias a melhor rodovia do estado, o
que leva motoristas a abusarem da velocidade. "Com a duplicação saem as
colisões frontais e entram capotamentos, saídas de pista, entre outros
acidentes causados pelo excesso de velocidade. O radar é um instrumento para
frear esse problema”, diz Júnior.
Apesar de garantir que até dezembro os radares estarão
instalados, o diretor-superintendente da Autopista, Helvécio Tamm, não garante
a data em que começarão a multar. "Não temos o poder de autuar, temos a
obrigação de fornecer o equipamento, porque quem autua é a PRF. A Agência
Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que é a reguladora, está definindo
convênio com a PRF para emitir as autuações”, informou.
Dos 13 radares em Minas, sete ficarão no sentido São Paulo e
seis no sentido BH. Segundo Helvécio Tamm, os locais foram escolhidos conforme
a concentração de acidentes graves, como as serras de Igarapé, Itatiauiçu,
Itaguara (Grande BH) e Camanducaia (Sul). Apenas um equipamento vai multar
entre BH e Betim, mesmo sendo um dos trechos mais violentos do país, de acordo
com estudo divulgado no início do ano pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea). "No trecho urbano de BH, Contagem e Betim ocorrem muitos
acidentes, mas de menor gravidade”, completa Tamm.
Hoje existem 460 radares nas rodovias federais mineiras sob
responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(Dnit) e 240 nas estradas estaduais, administradas pelo Departamento de
Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG).
DE OLHO NA VELOCIDADE
Pontos da Fernão Dias que receberão radares
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» Km 493, sentido SP (Betim)
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» Km 524, sentido SP (Brumadinho)
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» Km 528, sentido SP (Brumadinho)
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» Km 568, sentido BH (itaguara)
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» Km 600, sentido BH (Carmópolis de Minas)
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» Km 618, sentido BH (Oliveira)
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» Km 643, sentido SP (Santo Antônio do Amparo)
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» Km 653, sentido SP (Santo Antônio do Amparo)
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» Km 712, sentido BH (Carmo da Cachoeira)
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» Km 886, sentido BH (Estiva)
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» Km 907, sentido BH (Cambuí)
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» Km 920, sentido SP (Camanducaia)
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» Km 923, sentido SP (Camanducaia)
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Contorno gera
reclamações
Uma semana depois de inaugurado, o contorno de Betim, trecho
de oito quilômetros da Fernão Dias, opção para evitar passagem pela cidade da
região metropolitana, divide opiniões. Enquanto alguns aprovam a novidade, que
vai do Metropolitan Shopping até o posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF),
outros criticam a sinalização e a divisão criada em bairros cortados pela nova
alça.
O porteiro Marcos Pereira, de 32 anos, morador do Bairro São
João, entende que a estrada não dá acesso à região e cortou a passagem que os
moradores usavam para o Bairro PTB. "Não tem entrada e saída para o bairro a
partir do contorno, mesmo às margens da pista. Além disso, precisamos de
passarela para o PTB, onde fica o posto de saúde”, disse. Quem vem pela via
expressa e quer acessar o contorno também reclama, alegando que a mudança de
faixas é muito brusca, saindo da pista mais à direita para a que está mais à
esquerda.
O diretor-superintendente da Autopista Fernão Dias, Helvécio
Tamm, informou que afirmou que a empresa vai estudar a possibilidade de a
passarela para o São João e encaminhar à Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT). Sobre as dificuldades de acesso e retornos, ele garantiu que
a situação tende a melhorar quando as pessoas se acostumarem. "Esses oito quilômetros
foram projetados para o trânsito de longa distância. Acessos de entrada e saída
para o bairro poderiam comprometer a segurança no trecho e são válidos desde
que pensados em desnível”, disse.
O prefeito de Betim, Carlaile Pedrosa (PSDB), prometeu enviar ofício à ANTT pedindo a municipalização do trecho que antes recebia o tráfego que agora desviado para o contorno. Segundo ele, são apenas seis quilômetros entre o posto da PRF e o PTB. "Dessa forma poderíamos resolver demandas que já são urbanas mais facilmente, sem necessidade de passar pela concessionária e pela ANTT”, afirma. O diretor-geral da ANTT, Jorge Bastos, afirmou que vai estudar a solicitação.