13/06/2015 08:50 - O Globo
O novo túnel do Joá, cuja escavação está quase concluída.
Mais da metade da obra de alargamento da via, que faz parte do pacote olímpico,
está pronta. O ritmo de trabalho se mantém acelerado, e a previsão é que, no
fim de julho, acabem as interdições de trânsito na região. A semana vai começar
com marcos na obra de alargamento do Joá, incluídas no pacote de mobilidade das
Olimpíadas. Durante visita ao local amanhã, o prefeito Eduardo Paes anunciará o
término da escavação do primeiro túnel (o de São Conrado, com 210 metros de
extensão, que está na dependência apenas do acabamento). Paes informará ainda
que 55% do novo Joá estão executados.
O cronograma de entregas prossegue no fim de julho, quando o
segundo túnel (o do Joá, com 430 metros), estará totalmente perfurado. Isso
significa também o fim das interdições da via para detonações em rocha.
Permanecerão apenas os bloqueios das 23h às 5h, de segunda a sábado, para a
execução de trabalhos que necessitem ter as pistas liberadas.
— Como conseguimos fazer duas detonações diárias (o Joá
fecha por cerca de meia hora às 14h e às 21h45m, de segunda a sábado),
adiantamos as perfurações — explica o presidente da Geo-Rio (órgão da
prefeitura responsável pelo projeto Novo Joá), Márcio Machado.
Machado confirma para o primeiro semestre de 2016 o término
da obra, que começou em junho de 2014. Com a inauguração, a expectativa é que o
corredor São Conrado-Barra amplie em 35% a sua capacidade, que hoje é de oito
mil veículos por hora.
— É uma obra complexa, que tem escavação, todas os tipos de estruturas de ponte, ciclovia. Ela tem despertado o interesse de alunos de engenharia, que fazem muitas visitas — diz Machado.
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CÂMARA COMUNITÁRIA QUER AMPLIAÇÃO DE OBRA
Entre moradores da região e especialistas em trânsito, no
entanto, há apreensões. Presidente da Câmara Comunitária da Barra, Delair
Dumbrosck teme que o nó entre São Conrado e a Lagoa persista quando o novo Joá
estiver operando:
— A Barra está estrangulada. Precisamos melhorar não só o
acesso da Barra a São Conrado, mas ao resto da Zona Sul. As soluções passam
pela duplicação da Avenida Niemeyer ou do Zuzu Angel.
O novo Joá está sendo construído no sentido São
Conrado-Barra, podendo ser adotadas faixas reversíveis em determinados
horários, a fim de atender às necessidades do fluxo inverso. A Autoestrada
Lagoa-Barra está sendo alargada desde a Igreja de São Conrado até um pequeno
viaduto (com 40 metros de extensão) que dará acesso aos novos túneis e elevado,
todos com duas faixas de rolamento.
Dos 27 pilares do futuro elevado, de 1.100 metros de
extensão, 12 já foram levantados; e das 120 vigas de apoio, cinco estão
instaladas.
Na saída na Barra, sobre a Lagoa da Tijuca, está sendo
erguida uma nova Ponte da Joatinga, com duas faixas, junto à atual. Outras duas
faixas à direita permitirão o acesso à chamada Barrinha.
— Quem quiser ir para a Barrinha terá que pegar o novo Joá
no início, em São Conrado. Por razões de segurança, não será permitido passar
da pista antiga para a nova a fim de acessar a Barrinha — explica Machado.
Pelo projeto, a nova via segue por um trecho da Avenida
Ministro Ivan Lins até a Ponte Velha da Barra. Nesse ponto, o tráfego passará
de quatro faixas (duas da estrutura atual e duas da nova) para três. Uma das
novas faixas é interrompida no acesso à Ponte Velha, que leva ao Itanhangá.
— Vejo isso com reservas. Pode haver um gargalo — alega o
presidente da Associação de Moradores do Jardim Oceânico, Luiz Igrejas.
Professor do Departamento de Transportes da Uerj, José de
Oliveira Guerra transfere essa preocupação para o futuro:
— O ideal é que as quatro faixas continuassem. Porém, o que
está sendo feito melhora. Três é melhor do que dois (hoje são duas faixas). A
gente respira um pouquinho. Porém, uma via nova sempre atrai tráfego. Além
disso, há o crescimento natural da demanda. Daqui a cinco anos, a expansão
tende a estar saturada.
José Eugenio Leal, do Departamento de Transportes da PUC-RJ,
concorda:
— Inicialmente, mesmo sem executar o projeto todo (de
alargamento até a Lagoa), a circulação do corredor vai melhorar. No entanto, se
não houver investimento em transporte público, para desestimular o individual,
não há via que suporte por muito tempo.
Com obra executada pela Odebretch, o projeto Novo Joá
representa um investimento de R$ 457,9 milhões. Tamanha a necessidade de trabalhar
nas alturas, dos 1.200 operários, 960 têm experiência com rapel, alpinismo e
afins.
O projeto inclui a construção de 3.100 metros de ciclovia,
com direito a mirante. O espaço destinado às bikes será na própria estrutura
existente, próxima ao mar. Para dar vez às bicicletas, as pistas dos túneis e
do elevado foram redimensionadas: cada uma das duas faixas passará a ter 3,2
metros de largura. Na saída na Barra, a ciclovia descerá por uma rampa.
CICLOVIA DA NIEMEYER: 65% PRONTOS
Mas a execução de outra obra permitirá ao ciclista que sair
da Barra chegar ao Leblon, beirando o mar. O presidente da Geo-Rio confirma
para o fim deste ano a conclusão da ciclovia da Avenida Niemeyer — ela se
juntará com a existente na Avenida Prefeito Mendes de Morais:
— Estamos com quase 65% da obra da ciclovia da Niemeyer
prontos.
A futura ciclovia da Niemeyer terá 3.900 metros de extensão,
mão e contramão e 2,5 metros de largura. Ao custo de R$ 35 milhões, num dos
trechos o projeto exige uma série de contenções do costão rochoso, onde são
instalados pilares de sustentação para os tabuleiros (estruturas de concreto
armado por onde passarão os ciclistas).
— O trecho mais difícil é esse entre a Praia de São Conrado
e o Motel Vips. No restante da ciclovia, fazemos adaptações no terreno para
implantar ou alargar a existente — afirma Machado.