12/03/2014 08:44 - Estado de Minas
Uma pane no sistema de informações do metrô de Belo
Horizonte acabou servindo como um teste de fogo para o BRT/Move no segundo dia
útil de operação do novo sistema. Mais do que cruzamentos invadidos por
veículos e pedestres ou confusão por falta de sinalização e orientação comuns
no dia anterior, bastou a velocidade dos trens do metrô ser reduzida de 60km/h
para 25km/h na Linha 1 (Vilarinho/Eldorado) para que milhares de passageiros
migrassem pela passarela da estação de integração São Gabriel das plataformas
do metrô para as de ônibus. O sistema ficou saturado, com empurra-empurra nos
embarques e passageiros deixados para trás por falta de lugar nos coletivos.
Nessa terça-feira, a reportagem do EM testou o desempenho de uma linha de
bairro a bairro e de uma que leva até o corredor exclusivo do Move e constatou
que o percurso sem baldeação é mais rápido.
Por causa da pane no metrô, a BHTrans teve de disponibilizar
mais cinco veículos articulados para que as linhas 82 (São Gabriel/Savassi) e
83 (São Gabriel/Centro), Paradora e Direta, não entrassem em colapso. Segundo
um especialista consultado pelo EM, nem se o Move estivesse operando com as
todas as linhas troncais previstas conseguiria absorver o número de passageiros
do metrô.
O defeito no sistema de sinalização do metrô ocorreu em
pleno horário de pico, das 7h30 às 9h15, no trecho entre as estações Waldomiro
Lobo e São Gabriel, informou a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
Por causa da dificuldade de orientação, os maquinistas tiveram de reduzir a
velocidade das composições por segurança.
Irritados com os atrasos e incomodados pelo abafamento
gerado pela redução do sistema de ventilação, que funciona conforme a
movimentação dos carros, os passageiros que chegaram à Estação São Gabriel
viram no Move uma solução. Muitos encontraram a Estação Vilarinho com catracas
fechadas por correntes, para que mais pessoas não entrassem nos trens, e também
recorreram ao Move.
"Tenho de chegar à fábrica onde trabalho às 8h, mas acho que
não vou conseguir”, lamentou a operária de confecção Eliane Aparecida Militão,
de 38 anos, que aguardava a vez de embarcar no Move. "Aqui está tão tumultuado como
no metrô. É mais uma opção, mas não está atendendo”, constatou. Normalmente,
ela usaria o metrô pela Estação São Gabriel para ir de sua casa, no Bairro
Nazaré, para o local de trabalho, no Funcionários, Centro-Sul da capital.
Por volta das 7h30, a partida de um veículo da linha 83D
chegou a ser atrasada em cerca de dois minutos porque o excesso de passageiros
impedia o fechamento de uma das quatro portas. "Se não apertar direito, não
sai”, avisou um funcionário da BHTrans. Coletivos das linhas 82 (Estação São
Gabriel à Savassi, passando pela área hospitalar) e 83P (mesmo trajeto da 83D,
só que parando em oito estações na Avenida Cristiano Machado) também saíam com
pessoas até encostadas nas portas. Filas extensas se formaram nas catracas.
RISCOS
O número de passageiros aglomerados nas plataformas foi
muito superior ao registrado na segunda-feira e causou riscos, já que a
multidão acabou se precipitando para a beirada da estrutura, muito perto de
onde os ônibus articulados param. O problema é que não havia agentes de
embarque ou avisos postados antes da linha amarela de segurança ao longo da
plataforma, que foi ultrapassada como se não existisse.
Das janelas dos veículos passageiros reclamaram da
superlotação fazendo gestos com os dedos. A grande quantidade de usuários,
acima do esperado para as três linhas em operação, fez com que mais espaços
fossem ocupados nas instalações ainda em obras, com movimentação de maquinário
pesado, material de construção e operários.
Para o especialista em transporte e trânsito e professor da
Fumec Márcio Aguiar, mesmo que o Move estivesse em pleno funcionamento,
transportando as cerca de 700 mil pessoas por dia, não seria capaz de absorver
a demanda do metrô. "O BRT é um sistema de média capacidade, que transporta uma
quantidade razoável de passageiros (cerca de 150), enquanto cada vagão do metrô
chega a transportar 250 pessoas, ou seja, até 1 mil quando estiver cheio”,
calcula.
Mas o teste não programado teria servido para conhecer as
limitações do sistema, avaliar a capacidade de resposta operacional e de
introduzir mais ônibus em casos extremos. Os cinco carros adicionados pela
BHTrans rodaram apenas durante o problema no metrô, segundo a empresa. Logo
depois de a situação se contornada, a frota voltou a 18 coletivos.
Além dos passageiros que não haviam conseguido pegar o
metrô, o BRT foi procurado por gente que queria ver se o sistema era boa
alternativa aos ônibus BHBus.
Problema de
sinalização no metrô de BH causa atrasos de trens
Um problema de sinalização no metrô de Belo Horizonte causou
lentidão nos trens na manhã desta terça-feira e, consequentemente, espera para
passageiros nas estações. De acordo com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos
(CBTU), a falha aconteceu entre as estações Waldomiro Lobo e São Gabriel e
reduziu a circulação das composições de uma velocidade média comercial de
40km/h para 25 km/h.
Em nota, a CBTU informou que a falha foi resolvida às 9h15,
quando as composições voltaram a cumprir o intervalo padrão. Os passageiros que
optaram por seguir viagem em outro meio de transporte, por causa dos problemas,
tiveram os bilhete devolvidos. Não houve interrupção do serviço, mas para
garantir a segurança do próprio usuário foi necessário fazer controle de fluxo
na Estação Terminal Vilarinho (entre 8h e 8h15), para evitar maiores
aglomerações na plataforma.