Pesquisa mostra que maioria dos ciclistas usa a bicicleta para ir trabalhar

16/06/2018 06:55 - O Globo

RIO - Pesquisa feita pelo laboratório de mobilidade sustentável (Labmob) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com a ONG Transporte Ativo, mostra que a prefeitura do Rio não escolheu o melhor caminho na hora de implantar as ciclovias. A grande maioria dos cariocas ouvidos (90%) respondeu que usa a bicicleta para o ir ao trabalho e 56%, para o lazer (era possível escolher mais de uma alternativa). O estudo, feito com 850 ciclistas entre janeiro e março deste ano, detectou ainda que 56% dos entrevistados ganham até três salários mínimos.

— A maior parte dos ciclistas é de baixa renda e usa a bicicleta para não ter que pagar duas passagens. É preciso construir ciclovias também na Zona Norte e em bairros pobres da Zona Oeste, para além da Barra e do Recreio — disse Victor Andrade, coordenador do Labmob, no encerramento da Velo-City, maior conferência mundial sobre bicicleta, realizada no Píer Mauá.

Outra palestrante da Velo-City, a pesquisadora do Núcleo de Planejamento Estratégico de Transportes e Turismo da Coppe/UFRJ Juliana de Castro, destacou que é preciso melhorar as rotas urbanas para bicicletas:

— Estudos mostram que os ciclistas do Rio dependem mais da ciclovia porque são mais novos e menos experientes.

COM GREVE DOS CAMINHONEIROS, MAIS GENTE PASSOU A PEDALAR

A greve dos caminhoneiros, que deixou muitos motoristas com o tanque de seus carros sem combustível, contribuiu para aumentar o número de usuários do Bike Rio. Segundo a Tembici, empresa que administra o serviço de aluguel de bicicletas, as “laranjinhas”, o número de cadastrados no sistema aumentou 176% no período de 24 de maio a 3 de junho em relação aos dez dias anteriores. Durante a paralisação, foi feita uma campanha em que o preço do passe diário, que custa R$ 5, caiu para o valor simbólico de R$ 0,10. O número de viagens também aumentou: de 78.394 para 107.467, uma alta de 37%.

O Bike Rio já substituiu por estruturas mais modernas 164 das 260 estações para bicicletas que ficam nas ruas. Segundo Maurício Villar, diretor de operações da Tembici, as demais serão reimplantadas até o fim do ano:

— Cerca de 90 estações reformadas ficaram no mesmo local, e as demais foram deslocadas por, no máximo, um quarteirão. Estamos conversando com a prefeitura porque esses espaços estão sendo negociados. A cada duas semanas, saem algumas licenças, e, à medida que elas vão saindo, a gente vai implantando as estações.