Piscinão vira canteiro de obras do Metrô na zona sul de SP

10/06/2013 08:45 - O Estado de SP

Piscinão na Avenida Jornalista Roberto Marinho será pátio de manobra

As obras do polêmico monotrilho da Linha 17-Ouro, na zona sul da capital, estão chegando ao Piscinão do Jabaquara, onde ficará o pátio de manutenção dos trens do ramal. Um decreto do prefeito Fernando Haddad (PT), publicado sábado, dia 8, autoriza o Metrô de São Paulo a usar o espaço – que pertence ao município – para a construção da área de manobras e estacionamento. Com isso, quatro quadras poliesportivas e uma pista de skate, todas públicas e dentro do terreno, serão fechadas.

Por sua vez, a Prefeitura impôs ao Metrô, controlado pelo governo do Estado, a obrigação de remanejar os equipamentos sociais ali situados, "evitando a interrupção dos serviços prestados à comunidade”. A área destinada a essa obra totaliza cerca de 64,3 mil metros quadrados.

Dentro do terreno do piscinão, funciona, além do reservatório (capaz de armazenar 360 mil metros cúbicos de águas pluviais, o Centro Comunitário Água Espraiada, onde costuma haver oficinas profissionalizantes. É também aí que se situam as quadras e rampas dos skatistas. A região, cheia de comunidades pobres, é carente de infraestrutura pública de qualidade.

Um dos tópicos levantados na última quinta-feira em uma audiência sobre o Metrô no Ministério Público Estadual (MPE) foi justamente a questão do remanejamento de favelas perto do traçado da Linha 17.

Líderes comunitários e outras pessoas engajadas no assunto expuseram ao secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, sua preocupação com os despejos. O foco são as comunidades Buraco Quente e Comando, na própria Avenida Jornalista Roberto Marinho, pela qual passará o monotrilho e onde se localiza o Piscinão do Jabaquara.

"Não existe um diálogo contínuo e efetivo com a população”, reclamou a universitária Ana Marília de Souza, do Núcleo de Direito à Cidade da Universidade de São Paulo (USP). Segundo ela, os moradores se queixam da falta de acesso às informações sobre as obras do Metrô. A diretora de assuntos corporativos da empresa, Alexandra Leonello Granado, assumiu que o Metrô deve melhorar nesse sentido. "Nós não aceitamos prejudicar comunidades inteiras como um efeito colateral.”

Dividida em três trechos, a obra da Linha 17-Ouro começou no ano passado pela porção central, de 7,7 km, que envolve oito estações (Morumbi, Chucri Zaidan, Vila Cordeiro, Campo Belo, Vereador José Diniz, Brooklin-Paulista, Congonhas e Jardim Aeroporto).

A Assessoria de Imprensa do Metrô afirmou que a entrega desse trecho será em 2014. Mas o gerente de Planejamento do Metrô, Alberto Epifani, disse o seguinte, na semana passada: "Em 2015, eu vou entregar o trecho desde o Jardim Aeroporto até Morumbi, da CPTM, com uma ligação que vai engatar o Aeroporto de Congonhas à linha”. O prolongamento oeste do monotrilho, até a Estação São Paulo-Morumbi, da Linha 4-Amarela, segundo Epifani, ocorrerá em 2016, assim como a extensão leste, até a Estação Jabaquara, da Linha 1-Azul.

  • Companhia e subprefeitura dividirão manutenção e limpeza

O pátio de estacionamento e manobra dos trens da Linha 17 será construído sobre o Piscinão do Jabaquara, que hoje é a céu aberto. Segundo o projeto básico da obra, o local terá dois níveis - um para reparos e outro de "garagem" das composições - e capacidade para 27 trens.

O decreto de Haddad determina que a limpeza e a manutenção do reservatório "serão compartilhadas entre o Metrô e a Subprefeitura de Santo Amaro". Além disso, o Metrô deverá observar que, na obra, haja "pé direito mínimo para acesso de caminhões e equipamentos pesados, de forma a viabilizar a limpeza e o desassoreamento" do piscinão.

Em audiências públicas realizadas em 2010, o departamento de gestão ambiental do Metrô informou a moradores da região que, como compensação à intervenção na área de lazer existente no Piscinão do Jabaquara, "são propostas e premissas dos projetos a serem desenvolvidos a realocação das quadras e pista de skate para a área do Parque do Chuvisco", que está sendo construído no bairro do Campo Belo, na zona sul.

A empresa também se manifestou a respeito da vegetação do local. "Quanto à área verde existente, esta será preservada ao máximo e terá sua área expandida por meio de paisagismo." Ontem, escavadeiras já eram vistas estacionadas nas quadras do piscinão.