Radial Leste será fechada em dia de jogo no Itaquerão

06/04/2014 07:05 - Folha de SP

A Radial Leste, uma das principais artérias do trânsito de São Paulo, terá um longo trecho interditado nos dias em que o Itaquerão receber os jogos da Copa do Mundo.

Os bloqueios serão ativados nos dois sentidos, horas antes das seis partidas programadas em junho e julho.

A interdição vai atingir um trecho de cinco quilômetros que começa antes da estação Artur Alvim e vai até depois da avenida Jacu-Pêssego.

Mesmo quem só estiver de passagem pela Radial será proibido de transitar pela via e encaminhado a desvios.

Segundo o Comitê Paulista da Copa, do governo do Estado, o esquema de mobilidade acaba de ser definido em conjunto com a prefeitura.

Só poderão entrar na área proibida e estacionar nos bolsões perto do estádio os veículos credenciados pela Fifa, como os de convidados, autoridades ou membros da organização, por exemplo.

Pessoas com deficiência que compraram ingressos também terão acesso.

A operação do trânsito será feita pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), que afirma ainda estar discutindo os detalhes do plano, como as rotas alternativas.

O objetivo é que a maior parte dos torcedores chegue ao estádio de metrô ou de trem: 75 mil pessoas são esperadas no Itaquerão e em seu entorno em cada jogo.

A ideia é que o torcedor use o metrô para chegar aos setores verde e azul do estádio e os trens da CPTM para o vermelho e o amarelo.

A operação será reforçada com mais trens, e, no caso da CPTM, haverá um serviço expresso que levará da Luz à Itaquera em 20 minutos.

Segundo Roberto Arantes Filho, coordenador da Secretaria dos Transportes Metropolitanos, o esquema não é obrigatório, mas foi pensado para que nenhum sistema fique sobrecarregado, especialmente nos dias úteis --quando já ocorre superlotação.

Dois jogos cairão em feriados. Há expectativa de que a prefeitura decrete feriado na abertura (12 de junho), mas ainda não houve decisão.

INTERDIÇÃO

Segundo o comitê, a interdição no trânsito é necessária para garantir a segurança e facilitar o acesso dos veículos credenciados. Serão montados pontos de controle, como ocorre no entorno de Interlagos para a Fórmula 1.

Também serão instaladas placas, antes da Copa, para alertar sobre a futura restrição. Segundo Arantes, a sinalização começará bem antes dos pontos de controle, ainda na região central, para evitar surpresas aos motoristas.

Metrô e CPTM terão segurança especial

Planos de contingência foram estabelecidos para o caso de, por exemplo, manifestantes invadiram estações. Torcedores e trens serão acompanhados por meio de câmeras

Principais acessos dos torcedores ao Itaquerão, o Metrô e a CPTM terão a segurança reforçada nos dias de jogos da Copa em São Paulo.

Haverá aumento no efetivo de agentes de segurança nas estações e dentro dos trens, inclusive com a participação de policiais militares.

A movimentação dos torcedores e dos próprios trens será acompanhada de perto, por meio de câmeras, em uma das centrais de operação da Copa instaladas na cidade.

Procedimentos internos de segurança foram revistos pelas empresas, e, nos últimos meses, seus agentes passaram por treinamentos para o enfrentamento de situações adversas como panes, acidentes, atentados e até greve de funcionários.

Outra preocupação é com as manifestações anti-Copa.

Com o mote "Não vai ter Copa", grupos contrários à realização do evento prometem realizar grandes protestos nos dias de jogos, maiores do que aqueles já promovidos na cidade neste ano.

Foram elaborados planos de contingência para o caso dos protestos invadirem estações e "equipes de pronta resposta" ficarão alertas para agir se for necessário.

As estações de metrô e trens terão 700 voluntários para orientar sobre a melhor forma de chegar ao estádio ou à Fan Fest do Anhangabaú.

Moradores da zona leste reclamam da interdição

Obras viárias não serão usadas, diz advogado

Moradores da zona leste reclamam da interdição do trânsito no entorno do Itaquerão por jogos da Copa.

"Vai ser um transtorno. Decidiram fazer a Copa aqui mas não consultaram ninguém", diz o advogado Fábio Araújo Pereira, que mora a cerca de 800 metros do estádio.

Membro do Conseg (conselho de segurança) da região, ele diz que já imaginava que haveria restrição na Copa, mas teme o que virá depois.

"Nossa preocupação é com depois, como vai ser nos jogos do Corinthians. Se tiver briga de torcida, vão fechar a Radial e vamos ficar isolados."

Ele argumenta também que foram priorizadas obras viárias para servir à Copa, mas com a interdição do trânsito, nem elas serão fundamentais.

As cinco grandes obras no entorno do Itaquerão custaram R$ 549 milhões --R$ 398 milhões ao Estado e R$ 151 milhões à prefeitura.

Entre elas está, por exemplo, uma passarela de 185 metros que não faz parte das rotas planejadas para os torcedores do mundial. Outra, uma alça da avenida Jacu-Pêssego, atrasou e não ficará pronta a tempo para o evento.

Conforme a Folha mostrou no ano passado, essas obras foram priorizadas em relação a outro pacote de intervenções previsto para o bairro.

O Comitê Paulista da Copa admite que as obras ganharam impulso devido ao evento, mas que atendem a demandas da região e são parte do legado para o chamado Polo Institucional de Itaquera, que terá escolas, incubadoras de empresas e uma central de telemarketing no terreno de uma antiga pedreira.

"Esse é um projeto sendo desenvolvido há mais de dez anos. A ideia é ter geração de emprego, educação profissionalizante e atividades de lazer", diz Raquel Verdenacci, coordenadora do comitê.

Ela diz que as obras devem ser entregues no fim do mês e, durante a Copa, permitirão uma circulação melhor dos veículos credenciados.

"Mas a utilidade será muito maior no pós-Copa. Haverá conexão de um lado ao outro do bairro que não existia antes por causa dos trilhos."