Rejeição aos radares sobe com aumento das multas, diz Datafolha

18/07/2016 07:54 - Folha de SP

Um quarto dos paulistanos –24%– recebeu multas de trânsito nos últimos 12 meses, segundo pesquisa Datafolha. O número representa um aumento de dez pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, há dois anos, quando 14% relataram terem sido multados.

Ainda é majoritária a parcela da população que culpa os próprios motoristas por essas multas de trânsito. Mas a rejeição aos radares cresceu.

Em julho de 2014, 62% responsabilizavam os condutores pelo alto número de autuações –e só 10%, os equipamentos eletrônicos. Agora, 47% ainda culpam os motoristas, mas chega a 23% os que responsabilizam os radares.

A mudança nesse quadro reflete medidas polêmicas da gestão Fernando Haddad (PT), que ampliou a fiscalização eletrônica (48 aparelhos novos em 2015 e mais 103 até junho deste ano) e implantou uma política de redução dos limites de velocidade, inclusive nas marginais Tietê e Pinheiros, onde as multas triplicaram após a máxima permitida cair –na pista local, foi de 70 km/h para 50 km/h.

COMPORTAMENTO

A pesquisa também revela alguns hábitos de quem dirige carro para lidar com as multas e a fiscalização: 29% dos motoristas usam GPS ou aplicativos que identificam radares, e 82% reduzem a velocidade ao se aproximar de um equipamento nas ruas.

Dos 24% da população que foi multada nos 12 meses anteriores, a maior parcela (8%) é dos que receberam quatro ou mais multas nesse período, seguidos pelos que foram alvo de uma (6%), duas (6%) e três (4%) autuações.,

Em 2015, houve recorde de multas, 13,3 milhões, 72% delas registradas por radares.

Haddad é alvo de ação do Ministério Público, para quem há uma "indústria de multas" para aumentar a arrecadação e uso dos recursos de forma indevida. A gestão petista nega e diz que a fiscalização visa reduzir as mortes no trânsito –que caíram 21% em 2015, maior baixa desde 1998, quando passou a vigorar o novo código de trânsito.

CICLOVIAS E AVENIDA PAULISTA

Bandeiras da gestão Haddad, a implantação de ciclovias e a avenida Paulista fechada para os carros aos domingos têm avaliações da população semelhantes às da última pesquisa sobre esse tema, em outubro de 2015.

No caso das ciclovias, 58% aprovam e 36% reprovam –no levantamento anterior do Datafolha os índices eram de 56% e 39%, respectivamente.

Em relação à Paulista fechada para carros aos domingos, há maior divisão entre os moradores: 46% são a favor e 39% contrários, ante 47% e 43% na pesquisa de 2015.

As oscilações estão, de modo geral, dentro da margem de erro, de três pontos para mais ou para menos.

Os dois casos devem figurar como vitrines de campanha do petista à reeleição, mas indicam que estão longe de servirem para deixar a gestão Haddad bem avaliada.

Ou seja, mesmo que haja aprovação majoritária a esse tipo de medida, a atuação do prefeito é reprovada pela maioria da população –a ponto de sua taxa de aprovação, de apenas 14%, ser a pior neste estágio do mandato desde a gestão de Celso Pitta, que governou entre 1997 e 2000 e tinha 7% de bom ou ótimo em período equivalente.

Embora ainda predominante, a aprovação às ciclovias ainda segue longe dos 80% alcançados em pesquisa de setembro de 2014. Desde então, houve críticas de que há subutilização e precariedade em parte das pistas.

No pico da aprovação, a capital paulista tinha 78 km de ciclovias, número que saltou para 416 km atualmente.

O número de pessoas que já usaram as ciclovias vem crescendo –foram 47% em 2014, 57% em outubro de 2015 e 62% agora.