03/10/2014 06:18 - Jornal da Globo - Notícias do Dia - Floripa / Correio Braziliense
Em Santa Catarina, a última madrugada foi a mais violenta
desde o começo da onda de atentados no estado, há sete dias. Já são 56
ocorrências. As ordens para os ataques estariam partindo de presídios de Santa
Catarina e do Rio Grande do Norte.
Segundo a polícia, as ordens para os ataques vieram de
unidades prisionais de Santa Catarina e até da penitenciária de Mossoró, no Rio
Grande do Norte, para onde foram tranferidos alguns criminosos durante a onda
de atentados no ano passado.
O Ministério da Justiça diz que não reconhece nenhuma
ligação entre os detentos de Mossoró e os atentados em Santa Catarina. Cerca de
20 mandantes já foram identificados. Mesmo assim, os ataques continuam.
Na última madrugada, até o prédio do governo do estado foi
atingido por tiros. Há registros de ocorrências em 23 cidades. Em
Florianópolis, duas universidades públicas suspenderam as atividades à noite e
quase sete mil alunos estão sem aulas.
Na quinta-feira (2), o horário do transporte coletivo foi
alterado pelo terceiro dia seguido. Na Grande Florianópolis, os ônibus pararam
depois das 21h e só voltam a circular depois das 6h da manhã de sexta-feira
(3).
Notícias do Dia - Florianópolis/SC
Clima de medo impõe toque de recolher em
Florianópolis
Florianópolis fechou mais cedo nessa quarta-feira. Antes
mesmo de escurecer as ruas da região central já estavam vazias. O medo de novos
ônibus incendiados alterou, pelo segundo dia consecutivo, a rotina de milhares
de pessoas que dependem do transporte público. O toque de recolher foi estabelecido
às 19h, quando as últimas linhas deixaram o Ticen (Terminal de Integração do
Centro) em direção aos bairros. Todas escoltadas. Houve quem acabou ficando a
pé, ou teve que apelar para carona ou táxi. A rotina só volta ao normal às 6h
desta quinta-feira, em mais um dia de indecisão sobre como voltar pra casa.
No fim da tarde dessa quarta-feira, milhares de usuários
lotaram o terminal do Centro para pegar os últimos horários do dia
Mas o medo não é apenas o de ficar sem transporte, ou de ver
os ganhos no comércio diminuírem. "Está um caos, a gente não sabe quando pode
ser atacado, não sabe se vai ou não ter ônibus, existe uma guerra entre polícia
e ladrão e nós é que estamos pagando”, desabafou a costureira Fernanda Bauer,
37 anos, que na tarde de ontem tentava encontrar algum coletivo para o Rio
Tavares.
Rafael Müller dos Santos, 29, considera que falta comando
para que a situação na cidade possa se normalizar. "Há dois anos, quando
tiveram os [primeiros] ataques já foi assim. Falta atitude de prender quem tem
que prender e transferir os marginais, não podemos ficar pagando, com essa
insegurança não tem movimento”, disse preparando para fechar o quiosque na
plataforma B do terminal.
Liberação de ônibus à
noite será definido entre prefeitura e sindicatos
Na tarde de hoje, o Sintraturb (Sindicato dos Trabalhadores
do Transporte Urbano), Setuf (Sindicato das Empresas de Transporte) e a
Prefeitura de Florianópolis voltam a se reunir às 14h para definir como serão
os horários na noite de hoje.
Natália Neves, 22, se prepara para o vestibular e espera que
o transporte seja normalizado para conseguir continuar os estudos. "Tenho
cursinho de tarde e aula à noite, mas é o segundo dia que somos dispensados.
Ontem peguei o quarto ônibus que saiu daqui para Canasvieiras. Isso aqui está
um caos”, disse a estudante.
Na manhã de hoje, os ônibus devem sair dos bairros às 6h e em maior número que o normal.
Correio Braziliense
Crime organizado leva terror ao Maranhão, Rio
de Janeiro e Santa Catarina
Às vésperas da eleição, ações coordenadas de grupos
criminosos em pelo menos três estados elevam a preocupação dos governos com a
segurança. Ontem, no Rio de Janeiro, o secretário de Segurança Pública, José
Mariano Beltrame, admitiu que pode haver uma predisposição eleitoral nos
confrontos em áreas pacificadas. A permanência da Força Nacional no Maranhão,
que registrou incêndios a ônibus nesta semana, foi aprovada por mais três
meses. Em Santa Catarina, o número de ataques, iniciados no último dia 26,
chegou a 52 — a veículos coletivos, bases da polícia, carros particulares (veja
quadro). A Polícia Civil do estado acredita que a ordem para a onda de violência
partiu da penitenciária federal em Mossoró (RN), para onde foram transferidos,
em 2013, 37 líderes de uma facção que age dentro do sistema carcerário
catarinense.
"Todos os indícios
levam a crer que a ordem partiu de Mossoró. Pode ter sido por carta ou até
verbalmente. Os presos têm direito à visita íntima. Mesmo que antes e depois da
visita se faça uma revista íntima minuciosa, o que hoje está sendo inclusive
questionado, essa informação pode ser transmitida do da Polícia Civil. As
investigações apontam que o recado, saído da penitenciária federal, chegou ao
presídio de São Pedro de Alcântara (SC) e, de lá, para as ruas. No áudio,
exibido pela imprensa catarinense, um homem pede um "salve geral”, gíria para
início dos ataques, "nos quatro cantos do estado”. É provável, de acordo com
perícias, que a gravação seja de duas semanas antes do início das ações.
Os principais motivos dos ataques seriam a repressão ao tráfico, que estaria diminuindo os lucros e afetando a ajuda oferecida aos membros da facção, inclusive com a contratação de advogados, e as condições ruins das penitenciárias. Apesar de as ordens terem partido do sistema carcerário federal, o delegado Procópio defende uma nova transferência para lá, conforme o governo de Santa Catarina já anunciou que solicitará. "Tirar os representantes desses líderes, que estão recebendo as ordens deles aqui no estado, será uma medida positiva no momento”, diz.
O Dia / RJ
Dois ônibus incendiados em Belford Roxo
Ataques
foram realizados em bairros distintos do município
Rio - A onda de ataques criminosos no Rio não param. Após
seguidos tiroteios e atentados em várias comunidades, desta vez, moradores de
Belford Roxo tiveram um fim de noite de tensão, quando dois ônibus e uma kombi
foram incendiados em dois ataques em bairros distintos.
O primeiro aconteceu por volta das 21h30, na Estrada do
Sarapuí, no Parque São José, onde um coletivo foi queimado. O segundo atentado
ocorreu em Jardim Redentor, às 22h30. De acordo com informações de moradores,
cinco homens em um voyage, interceptaram um ônibus e uma kombi na Avenida
Automóvel Club, próximo do Cemitério Israelita e atearam fogo nos carros. O
ônibus estava vazio. O motorista e o cobrador foram obrigados a descer do
coletivo. Ninguém ficou ferido.
Agentes da 54ª DP (Belford Roxo) acreditam que o ataque em
Jardim Redentor possa ser uma represália à morte de um suspeito, na manhã de
quinta-feira.
Também houve relatos de tiroteios em comunidades da Guacha e
Jardim Redentor.
É o segundo dia consecutivo que um ônibus é incendiado no
Rio. Na noite de quarta-feira, um coletivo foi atacado na Avenida Roberto
Silveira, próximo ao túnel que liga Icaraí a São Francisco, na Zona Sul de
Niterói, em um protesto de moradores após a morte de dois jovens que, segundo a
polícia, teriam envolvimento com o tráfico de drogas no Morro do Cavalão.
Quando Bombeiros e a Polícia Militar se aproximaram do ônibus em chamas, foram
atacados por tiros vindos do alto do morro, na área de mata.