São Paulo tem o maior trânsito da história

27/07/2013 10:22 - Folha de SP / O Estado de SP

  • Acidentes, chuva e protesto na Paulista contribuíram com filas; maior marca até então era de 295 km, em 2012

A cidade de São Paulo bateu ontem seu recorde histórico de congestionamento -- com 300 km de filas registrados pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

O índice superou, às 19h30, a marca de 295 km de 1º de junho do ano passado, até então a maior desde que a medição passou a ser feita pelo órgão, na década de 1980.

Na prática, quase 35% de todas as vias monitoradas pela companhia ficaram travadas --bem acima da média de 23% para esse horário.

O engarrafamento recorde ocorreu apesar do mês de férias escolares, quando a lentidão costuma ser menor.

Ele foi resultado de uma combinação de fatores --incluindo acidentes, chuva e um protesto que fechou a av. Paulista e acabou em vandalismo no começo da noite.

Os 300 km de filas ocorrem num momento em que a gestão Fernando Haddad (PT) estuda a ampliação do rodízio de veículos em 240 km de vias de fora do centro expandido.

Segundo a CET, um dos principais motivos do recorde ontem foi um acidente no viaduto Engenheiro Alberto Badra (zona leste), no acesso da avenida Aricanduva, que envolveu três carros e deixou um morto e dois feridos.

O acidente às 14h30 fechou a pista no sentido Itaquera até as 19h20. Teve impacto direto na marginal Tietê, que ficou travada em 21,2 km dos 23,5 km de sua extensão.

Os congestionamentos também foram agravados pela chuva e pelo protesto que fechou a av. Paulista no fim da tarde por uma hora, com cerca de 300 pessoas contra a repressão policial no Rio.

A manifestação, no entanto, teve seu pico só à noite e não era suficiente para explicar a lentidão recorde.

Neste ano, a CET já tinha registrado a terceira maior marca histórica em 12 de junho, com 282 km de filas.

SATURAÇÃO

Após a onda de protestos de junho que levou à redução da tarifa do transporte coletivo, a prefeitura também acelerou a implantação de faixas exclusivas de ônibus. Neste ano, já foram mais de 80 km.

Horácio Augusto Figueira, mestre em transporte pela USP, diz que a nova marca de engarrafamentos tem, em parte, relação com essas faixas, que, na prática, tiram espaço dos carros. Mas avalia que a estratégia é correta e precisa ser reforçada, em benefício do transporte coletivo.

O urbanista Flamínio Fichmann considera previsível a superação do recorde. A cidade ganhou 174 mil veículos em um ano, totalizando uma frota de 7,5 milhões.

"Quando o tráfego chega muito próximo do limite de capacidade, ele perde elasticidade. O sistema atinge um grau de saturação, e o tráfego tende a crescer quase que exponencialmente."

 


 

Com lentidão em alta, SP estuda ampliar área de rodízio

Mesmo com medidas, índices voltaram a subir

Mesmo com medidas da prefeitura, o trânsito em São Paulo já dava sinais de piora desde o último ano.

Em março de 2010, a marginal Tietê ganhou novas pistas com a promessa de melhora no trânsito da região. Nos últimos meses, a administração municipal implantou faixas exclusivas de ônibus em vias importantes, incluindo trechos das duas marginais.

Estudo feito pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) mostra que, apesar de o rodízio --implantado em 1997-- ainda ser importante, a medida já se aproxima do esgotamento.

Conforme a Folha mostrou na última terça, diante da piora do trânsito paulistano, a CET já admite a ampliação do rodízio ainda em 2013.

O plano, estudado pela gestão Fernando Haddad (PT) é incluir 240 km de vias que hoje têm tráfego liberado. Entrariam na lista avenidas como Aricanduva (zona leste), Eliseu de Almeida (oeste), Inajar de Souza (norte) e Washington Luís (sul).

A companhia considera a possibilidade de uma ampliação experimental do rodízio daqui a dois ou três meses.

ÍNDICES EM ALTA

Apesar de estudo apontar amplo respeito ao rodízio, os índices de congestionamento, após queda em anos anteriores, voltaram a subir no ano passado.

A velocidade média dos veículos nos corredores caiu 12% em relação a 2011. Pela manhã, de 26 km/h para 23 km/h. No pico da tarde, de 17 km/h para 15 km/h.

O Estado de SP

SP registra a maior lentidão de sua história

Vias paradas somavam 300 km às 19h30; recorde anterior, 295 km, foi em junho de 2012

A cidade de São Paulo registrou congestionamento recorde às 19h 30 de ontem, com 300 km de lentidão, o maior da história. O recorde anterior havia ocorrido em 1.º de junho de 2012,quando os paulistanos enfrentaram 295 km de trânsito ruim.O índice máximo anterior, por sua vez, ocorreu três anos antes – foram 293 km em 19 de junho de 2009. Isso mostra que os recordes vêm sendo batidos em intervalos cada vez menores.

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) atribuiu o congestionamento ao frio – mais pessoas escolheram sair de carro –, ao retorno de muita gente à cidade por causa do fim das férias e ao acidente no fim da tarde que bloqueou totalmente um dos sentidos do Elevado Aricanduva, na zona leste.

Os reflexos dessa ocorrência, que deixou vítimas, foram sentidos até na Marginal do Tietê, rumo à Ayrton Senna. Chama a atenção o recorde histórico de lentidão ter sido batido em um mês de férias escolares e em um dia que não antecede nenhum feriado prolongado. No início da noite, manifestação nas Avenidas Paulista e 23 de Maio pode ter contribuído para o aumento dos índices.

Até então, o pior congestionamento do ano havia ocorrido no dia 12 do mês passado, quando houve 282 km de lentidão.

Lentidão crescente. A Prefeitura costuma atribuir o contínuo aumento da lentidão na cidade ao crescimento da frota de veículos, que fez o número de carros chegar a 64,7 para cada 100 habitantes no ano passado, quase o dobro da taxa de 1990.

Dados da CET mostram que o tráfego paulistano está cada vez mais lento. O pior índice continua sendo o pico da noite, às 19h. Em 2012, havia, em média, 120 km de filas nesse horário, ante 107 km em 2011 – um aumento de 12%. Já o ápice do congestionamento matinal, às 9 horas, aumentou de 77 km para 89 km.

Rodízio. Na avaliação da CET, os engarrafamentos só tendem a piorar enquanto a capital paulista não tiver transporte público de qualidade. A gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) já estuda ampliar o rodízio para grandes eixos fora do centro expandido, como as Avenidas Brás Leme, na zona norte, e a extensão da Radial Leste, na zona leste, que ainda não é coberta pela restrição, que passou a valer em 1997.

 

Em entrevista ao Estado nesta semana, o diretor de Planejamento da CET, Tadeu Leite Duarte, disse que a ampliação do rodízio já pode ser colocada em prática ainda neste ano.