10/01/2014 12:00 - CET
A Secretaria Municipal de Transportes, por intermédio da
Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), atualizou o estudo sobre o impacto de
uma eventual ampliação geográfica do Rodízio Municipal de Veículos (a Operação
Horário de Pico - OHP), o que contribuiria para a redução das lentidões e ganho
da velocidade média desenvolvida no trânsito paulistano.
A proposta será apresentada em 15 de janeiro pelo secretário
municipal de Transportes e presidente da CET, Jilmar Tatto, ao Conselho
Municipal de Trânsito e Transporte da Cidade de São Paulo para ser discutida
com a sociedade e especialistas.
Vias arteriais
Utilizando um software que simula os fluxos viários de toda
a região metropolitana de São Paulo, o estudo da CET indicou que o modelo mais
vantajoso para a população seria adotar um Rodízio no formato do praticado hoje
(com dois finais de placa proibidos de circular no Minianel Viário, conhecido
como Centro Expandido, durante os picos de dias úteis), porém com um
diferencial: o Rodízio seria ampliado para as Vias Arteriais existentes fora do
Minianel e, também, em alguns eixos, seria preciso incluir trechos com outra
classificação viária na restrição para que não houvesse descontinuidade.
Eixos compostos por vias arteriais e outras diferentes que
se somariam à nova área de abrangência do Rodízio seriam, por exemplo, a Av.
Aricanduva (arterial I) e o Viaduto Engenheiro Alberto Badra (arterial II); a
Av. Engenheiro Armando de Arruda Pereira (arterial I) e o trecho da mesma
avenida entre a Av. George Corbisier e a Rua dos Jequitibás (arterial II); e a
Av. Adolfo Pinheiro, entre o Largo 13 de Maio e a Rua Cidade de Itu, que é uma
Via Arterial I, sendo, porém, seu restante classificado como Via Arterial II.
A Via Arterial do Tipo I é aquela caracterizada por
interseção em nível, pista dupla, duas ou mais faixas de tráfego por sentido,
podendo ou não ter canteiro central. As vias arteriais, no geral, possibilitam
macro deslocamentos ao fazerem ligações entre bairros.
A Operação Horário de Pico (OHP) existe desde 1997 e
restringe nos picos da manhã (das 7 às 10 horas) e da tarde (das 17 às 20
horas) nos dias úteis a circulação de automóveis e caminhões no Minianel, de
acordo com uma regra simples de dois finais de placa restritos/dia da semana.
Esta área, o Centro Expandido, compreende cerca de 150 Km²,
incluindo as vias que a delimitam,
formado pelas marginais Tietê e Pinheiros, avenidas dos Bandeirantes e Afonso
D’Escragnole Taunay, Complexo Viário Maria Maluf, avenidas Tancredo Neves e
Juntas Provisórias, Viaduto Grande São Paulo e avenidas Luís Inácio de Anhaia
Melo bem como Salim Farah Maluf, dentre outras.
A essa área de 150 Km², pelo estudo da CET, se somariam mais
371 quilômetros lineares de vias que estão em 35 eixos viários fora do
Minianel. Desses 371 Km, 338,5 Km (91%) seriam de Vias Arteriais I; 25,4 Km
(7%), Vias Arteriais do tipo II; e o restante (2%), vias com outras
classificações. Ou seja, o campo de vigência, a capilaridade do Rodízio seria
bem maior do que o atual.
O novo modelo de Rodízio proposto permitiria, ainda, a
circulação entre os bairros. Essas viagens estariam preservadas, já que seria
totalmente possível cruzar, transpor as vias fora do Minianel com a restrição
sem desrespeitá-la.
A regra de dois finais de placa proibidos/dia, clara na
tabela abaixo, não seria modificada:
Dia da Semana
| Placas finais
proibidas nos picos
|
Segundas
| 1 e 2
|
Terças-Feiras
| 3 e 4
|
Quartas-Feiras
| 5 e 6
|
Quintas-Feiras
| 7 e 8
|
Sextas-Feiras
| 9 e 0
|
Para efeito de visualização e consequente entendimento, a seguir um mapa com a nova área de abrangência do Rodízio, se esta vier a ser adotada:
Legenda: Min-anel + Vias Arteriais I (em vermelho no mapa)
Via Arterial do Tipo I, conforme determina a Portaria 21/02
– DSV/SMT, é aquela caracterizada por interseção em nível, pista dupla, duas ou
mais faixas de tráfego por sentido, podendo ou não ter canteiro central. As
vias arteriais possibilitam ligações entre bairros.
Mais exemplos de eixos que seriam abrangidos pelo novo
modelo de Rodízio:
Zona Leste
1. Av.
Aricanduva
2. Radial Leste
3. Av. Águia de
Haia
4. Av. Jacu
Pêssego Nova Trabalhadores
5. Av. São
Miguel
Zona Oeste
1. Av. Eliseu de
Almeida
2. Av. Prof. Francisco
Morato
3. Av. Lineu de
Paula Machado
4. Av. Escola
Politécnica
5. Av. Jorge
João Saad
Zona Norte
1. Av. Brás Leme
2. Av. Eng.
Caetano Álvares
3. Av. Inajar de
Souza
4. Av. Gen.
Edgar Facó
5. Av. Gen.
Ataliba Leonel
Zona Sul
1. Av.
Jornalista Roberto Marinho
2. Av. Roque
Petroni Junior
3. Av. João Dias
4. Av.
Washington Luís
5. Av.
Interlagos
6. Av. Robert
Kennedy
7. Av. Senador
Teotônio Vilela
Custo x Benefício
O cenário de dois finais de placa no Minianel + Vias
Arteriais se mostrou o melhor dentre todos os cenários simulados pela CET, como
mencionado. Para se ter uma ideia, no pico da manhã, o ganho na Velocidade
Média no Município dentro desse cenário seria de 8,5% (passando de 18,9 km/h
para 20,5 km/h), enquanto a lentidão na cidade diminuiria 13%.
Se o Rodízio fosse estendido como ilustra o mapa acima, a
velocidade média nas vias arteriais da Capital passaria de 15 km/h para 16,8 km/h,
representando um benefício de 12% nesse indicador. Já as filas (lentidão) nas
vias arteriais cairiam 20,3%.
Analisando-se apenas as vias coletoras fora do Minianel, que
ligam o sistema viário local ao sistema viário arterial, a velocidade média
passaria de 12,9 km/h para 13,4 km/h, um ganho de 3,8%. E os engarrafamentos
nessas coletoras reduziriam 3%.
Considerando-se o Rodízio estendido para fora do Minianel, o
impacto desta ampliação sobre a velocidade média e os congestionamentos
registrados em ambos os sentidos das Marginais Tietê e Pinheiros também seria
benéfico, sobretudo no caso da Marginal Pinheiros. Ali, a velocidade média
teria um ganho de 7,5%, enquanto as filas diminuiriam 8,2%.
Na Marginal Tietê, tanto a velocidade média como as lentidões
rotineiras se manteriam estáveis.
Em suma, numa relação Custo x Benefício, o Rodízio de dois
finais de placa no Minianel e Vias Arteriais apresenta uma eficiência relativa
de 2,3, que é a maior medida em uma escala onde, para efeito de comparação, o modelo
atual de Rodízio, por exemplo, tem 1,0 de eficiência relativa.
Eficiência relativa
Para chegar ao conceito de eficiência relativa são
utilizados indicadores de engenharia de tráfego que levam em consideração a
demanda sem rodízio, a demanda na situação proposta, o tempo (em horas) na
situação de fluxo livre, o volume de veículos restritos e não restritos, além
de outras variantes. Todos estes números são remetidos a uma fórmula para
calcular a eficiência da aplicação da medida de trânsito em análise.
O programa de computação utilizado prevê a eficiência de uma
medida de engenharia de tráfego antes da sua implantação. Ele faz uma simulação
de benefícios e prejuízos. O rodízio existente hoje foi colocado com fator de
eficiência 1. O que a fórmula apontar que seja maior do que 1 é identificado
como um cenário de trânsito eficiente. O que for menor do que este fator é um
cenário menos eficiente que o modelo vigente.
Mito derrubado
O estudo da CET derruba o mito sustentado pelo senso comum
de que "aumentar o número de dias proibidos à circulação é a melhor saída para
diminuir o sufoco no trânsito”.
Acrescentar mais finais de placas - de dois para quatro
finais proibidos/dia (neste cenário, então, o motorista deixaria de circular
com seu automóvel dois dias na semana e não somente em um, como é hoje) - não é
a solução mais vantajosa, pois, nessa hipótese, a eficiência relativa da medida
é de 1,5, inferior, portanto, aos 2,3 obtidos pelo cenário proposto como ideal
pelo estudo da CET.
Em outros termos, embora as lentidões possam ser menores com
quatro finais de placas proibidos de circular/dia, este tipo de rodízio tem um
grau de desconforto muito maior para os usuários, na medida em que mais pessoas
deixam de realizar viagens. Aí o prejuízo, ou seja, a redução na demanda de
autos imposta pela restrição é maior do que o benefício obtido (o grau de
redução das lentidões e das horas gastas no trânsito pelos usuários do
sistema). Outro inconveniente desse cenário com quatro finais de placas
restritos seria o estímulo ao uso/aquisição de outro veículo. Experiências
internacionais provam isso.
O Rodízio em outras
partes do mundo
A título de curiosidade, apresentamos dados e informações de
como é o Rodízio Veicular em outras partes do mundo:
· Em Seul
(capital da Coréia do Sul), há 10,3 milhões de habitantes. Lá, o rodízio é
voluntário, e o trânsito teve redução de 5,9% de volume de tráfego graças ao
novo sistema de transporte de massa, preço do combustível e medidas de
incentivo ao rodízio voluntário. Aumento de 12% no uso do transporte coletivo
(metrô e ônibus).
· Em Santiago
(capital do Chile), há seis milhões de habitantes obrigados a respeitar um
rodízio veicular que funciona conforme a qualidade do ar piora ou melhora. O
governo seleciona as placas (dígitos finais) que sofrerão restrição com um dia
antes, e os usuários se informam através dos jornais ou de uma linha telefônica
específica. Há números de telefones para proprietários de veículos sem e com
catalisadores (estes em menor quantidade).
· Na Cidade do
México, os 8,8 milhões de habitantes respeitam o rodízio chamado de Hoy no
Circula (Hoje não Circula). Esse rodízio existe desde 1989, na época tirava 20%
dos veículos das ruas. Lá, o rodízio visa melhorar a qualidade do ar. A cada
seis meses, os veículos são inspecionados e, dependendo da quantidade de
poluentes que estiverem emitindo, podem ser excluídos ou não do rodízio. O
rodízio vale das 5 às 22 horas de segunda a sexta-feira, com dois finais de
placa proibidos de circular por dia e identificados com adesivo colorido
(segunda-feira = adesivo amarelo; terça-feira = adesivo rosa; quarta-feira =
adesivo vermelho e por aí vai). Atualmente, o rodízio mexicano tira 7,6% dos
veículos de circulação.
· Em Bogotá (capital da Colômbia), os 7,5 milhões de habitantes obedeceram ao rodízio conhecido como Pico y Placa (Pico e placa) de julho de 2007 a agosto de 2008. Após esse período, as placas restritas na segunda-feira mudam para terça-feira; as de terça-feira mudam para a quarta-feira e por aí vai, até completar mais um ano. O rodízio colombiano é acompanhado de medidas de proibição de estacionamento. São quatro finais de placas proibidos por dia útil da semana, das 16 às 19 horas.