Transporte de passageiros por ônibus urbano teve queda de 24% na demanda no período entre 2019 e 2022

11/08/2023 08:10 - Diário do Transporte

LUANA COUTINHO

Nesta terça e quarta-feira, 8 e 9 de agosto de 2023, acontece em Brasília (DF) o Seminário Nacional da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) e na abertura do evento, a entidade apresentou o Anuário 2022-2023, com a série histórica do desempenho do setor nos últimos 30 anos.

De acordo com as informações do anuário, no período entre 2019 e 2022, o transporte de passageiros por ônibus urbano teve queda de 24,4% na demanda e entre as principais causas, está a pandemia. Isso significa que durante estes três anos, cerca de 8 milhões de passageiros deixaram de utilizar o serviço.

Em um comparativo entre 2022 e 2021, houve aumento de 12,1% no número de passageiros transportados por ônibus e 10,3% na produtividade, que representa o número de passageiros transportados por quilômetro rodado, porém, o documento da NTU aponta que o setor ainda não chegou aos níveis pré pandemia.

O presidente executivo da entidade, Francisco Christovam, explica que o segmento ainda acumula 30% na queda de produtividade. “A demanda atual está muito distante do desempenho observado no início da série histórica da NTU”. Christovam acrescenta que a demanda de passageiros transportados no período pós pandemia chegou a 84% do total registrado em 2019, mas muito ainda precisa ser feito para chegar ao patamar pré pandemia.

“Temos observado os sinais de recuperação, mas é preciso lembrar que a pandemia provocou uma perda acumulada de quase R$ 40 bilhões para o setor, e ainda enfrentamos as consequências negativas deixadas pela crise sanitária. Desde a redução de mais de 90 mil empregos diretos até a impossibilidade de renovação da frota, devido à baixa da demanda e queda na arrecadação das empresas, que ainda dependem muito da tarifa cobrada do passageiro. O número de cidades que subsidiam seu transporte público cresceu, mas ainda é minoria”, complementa o presidente executivo da NTU.

O documento da NTU mostra que atualmente existem 63 sistema de transporte público por ônibus que subsídios definitivos, que atendem 163 dos 2.703 com serviço de ônibus em todo país.

Os 11 indicadores do Anuário foram calculados com base em nove dos maiores sistemas de transporte público por ônibus, tanto municipais como metropolitanos, que operam em diversas capitais do país: Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, que reúnem cerca de 32,5% da frota nacional e 34,1% da demanda de passageiros transportados em todo o país.

“Há quase 20 anos, o custo por quilômetro percorrido oscila em uma faixa específica, porém, entre 2021 e 2022, houve um aumento significativo de 8,2%, decorrente principalmente do óleo diesel, que teve um aumento de 29,8% em 2022 em comparação com o ano anterior e atingiu o maior valor registrado nos últimos 30 anos. Além disso, a idade média da frota aumentou em 4,2%, chegando a 6 anos e 4 meses – aliás, é também o maior valor registrado nos últimos 28 anos. É importante observar esses indicadores, porque o custo e a idade dos veículos afetam a qualidade do serviço prestado ao passageiro”, destaca Francisco Christovam.

Mais dados:

Em 2022, houve aumento de 1,4% na quilometragem produzida, no comparativo com 2021. O número de passageiros transportados por ônibus diariamente também registrou aumento no ano passado, mas ainda é quase 14% menor que em 2019.

No anuário da NTU também consta um balanço da última década, que aponta resultados frustrantes, segundo a entidade.

“Tivemos muitas promessas de políticas públicas de incentivo ao transporte público, mudanças nas regras, mas pouca coisa saiu do papel. Os números do anuário deixam evidentes que não foram feitas melhorias significativas nos serviços e nem mesmo houve redução nas tarifas para a população. Ou seja, está claro que os anseios e as demandas da sociedade não foram atendidos.

Foi o impacto e a gravidade da pandemia que acabou convencendo o poder público sobre as limitações do atual modelo do transporte coletivo e forçando uma urgência na abordagem do problema. Hoje, os subsídios aos passageiros começam a ser mais aceitos e há um debate amplo na sociedade sobre a necessidade de um novo marco legal para o setor. Com o Anuário em mãos, podemos entender onde avançamos e como podemos melhorar nossa atuação. Estamos diante de uma nova oportunidade de debater o novo marco legal e buscar soluções para resolver os gargalos históricos do setor”, conclui Christovam.

Luana Coutinho para o Diário do Transporte