23/04/2013 05:53 - Valor Online
A diferença de 500 quilos a menos no peso de um carro
monotrilho que se move com pneus a 15 metros de altura, em relação aos trens de
metrô, é a vantagem que leva os construtores desse veículo aéreo a escolher o
alumínio para a construção das carcaças dos carros. O inconveniente nesta
escolha é que a durabilidade do alumínio não passa de 30 anos, enquanto que os
carros de aço inoxidável do metrô resistem meio século, o que, no entanto, é
compensado pelo custo desse insumo, de até 40% menos que o utilizado no metrô.
Essas foram as razões que levaram os construtores do
monotrilho de São Paulo a optar pelo alumínio. Primeiro da América Latina, o
trem começará com duas linhas, a 17 Ouro, que ligará Congonhas ao Morumbi, e a
15, Prata, que irá da Vila Prudente à Cidade Tiradentes. O alumínio é o
material usado no Japão, desde a década de 1960. O que não ocorre nos países
nórdicos, onde a opção é pelo aço inoxidável.
"A vantagem é a leveza que se ganha no sistema e na
estrutura. Hoje, o alumínio tem uma resistência que atende as especificações e
garantias de vida do material rodante, com duração superior a três
décadas", explica Alan Moreira, presidente da Associação Nacional dos
Transportadores de Passageiros Sobre Trilhos (ANP/Trilhos). O executivo, que também
é diretor do Grupo MPE, fabricante de monotrilhos, observa que, além de mais
leve, o alumínio facilita o processo de implantação. "O monotrilho tem uma
capacidade de implementação muito mais rápida que o do metro. É possível
implantar 40 quilômetros de monotrilho em 40 meses sendo que a mesma extensão
de metrô pode consumir até 10 anos. Outra vantagem é o custo. O monotrilho
chega a custar até 40% do valor total da construção de um metro", completa
Moreira. Considerando-se o fato de o monotrilho correr em vigas elevadas e o
metrô exigir escavações bastante dispendiosas.
David Turbuk, gerente de concepção e sistema da Companhia do
Metropolitano de São Paulo (Metrô), explica que, além das qualidades do
alumínio em termos de leveza, há um outro aspecto que precisa ser levado em
conta. "É mais simples fabricar uma caixa de alumínio que uma de aço
inoxidável. O aço exige um trabalho artesanal, sendo que o processo de produção
com alumínio pode ser automatizado", afirma.
Segundo Turbuk, um carro do metrô chega a pesar 8 toneladas
enquanto o do monotrilho pesa 7.500 quilos. "No caso do metrô, que corre
sobre trilhos, o peso maior é irrelevante. O que não ocorre com os vagões do
monotrilho, porque trafegam sobre vigas e pneus. Qualquer redução, nesse caso,
é um grande ganho."
As empresas OAS e Queiroz Galvão são as responsáveis pelas
obras de infraestrutura, onde serão colocados os trilhos. Os 53 trens que
rodarão pelo sistema são produzidos pela canadense Bombardier em uma fábrica
inaugurada há cerca de um ano em Hortolândia, no interior de São Paulo. O
objetivo da empresa é transformar o local em um centro mundial de produção de
monotrilhos de alta capacidade. "Aplicamos a tecnologia usada na
fabricação de avião aos monotrilhos", diz Luis Ramos, diretor de Comunicação
da Bombardier para a América Latina.
"Será o primeiro monotrilho de alta capacidade do
mundo, considerando custo benefício", diz Ramos. A expectativa é que o
Expresso Monotrilho Leste tenha capacidade para transportar meio milhão de
pessoas por dia. Parte dos componentes usados na fabricação é importada da
China. "A expectativa é que 60% das peças sejam nacionais, fabricadas por
empresas da região de Hortolândia. Já estamos firmando parcerias com
fornecedores", informa.