25/03/2015 06:55 - A Crítica - Manaus
Deixar o carro em casa e depender de uma carona ou se "aventurar”
pelo sistema de transporte público em prol da diminuição dos congestionamentos.
Basicamente, este é o cotidiano de milhões de motoristas de São Paulo, que
vivem sob o Rodízio Municipal, desde 1997. Uma ideia semelhante foi proposta
pelo vereador Mário Frota (PSDB), na segunda-feira (23), na tribuna da Câmara
Municipal de Manaus (CMM).
Ele apresentou o projeto de criação do Programa de Restrição
ao Trânsito de Veículos Automotores no Município de Manaus, em forma de
indicação, ao prefeito de Manaus, Artur Neto (PSDB). A finalidade é
regulamentar a proibição de circulação de veículos em dias alternativos,
conforme o número final das placas, para amenizar os problemas de trânsito em
ruas específicas da capital.
"Alguma coisa tem que ser feita, com urgência. Ontem, em um
percurso curto — moro na avenida Efigênio Sales e tinha que chegar até a rua
Maceió — fiquei uma hora preso. Desisti e retornei para casa. Ninguém andava”,
disse. Porém ele reconhece que o sistema não seria a solução ideal para Manaus.
"Talvez não seja o ideal; só lancei essa indicação para iniciar uma discussão.
Não é a palavra final”, completou.
O líder do PSDB na Casa Legislativa, inclusive, assume que
não abriria mão do próprio carro para ir ao trabalho de ônibus. Apenas está
tentando ajudar a sociedade manauara a encontrar uma solução para o problema.
"Não podemos contar com os ônibus porque o sistema é péssimo. Com o rodízio, eu
não poderia entrar apenas nas principais vias, só iria cortando caminho. Mas
para entrar nessas ruas deveria ter certo controle”, explicou.
De acordo com Frota, a proibição de circulação nesses dias
ficaria limitada às seguintes avenidas: Umberto Calderaro Filho, Mário Ypiranga
Monteiro, Constantino Nery, Djalma Batista,André Araújo e no Centro. O objetivo
é desafogar essas áreas no horário das 7h às 19h, de segunda a sexta-feira,
exceto feriados. "Em 40 anos, a única avenida grande que surgiu foi a das
Torres. São 5 mil veículos emplacados por mês”, concluiu.
O presidente da Superintendência Municipal de Transportes
Urbanos (SMTU), Pedro Carvalho, prefere outras soluções. "Não conheço o projeto
dele (Mário Frota), mas seria interessante o sistema de escalonamento de
horário das atividades do Centro. Se o comércio começasse a funcionar às 10h,
como os shoppings, os picos de trânsito da manhã e da tarde seriam diminuídos”,
disse.
Como funcionaria
Mário Frota explica que a proibição de circulação dos
veículos seria feita da seguinte forma: na segunda-feira, placas com finais 1 e
2; terça-feira, finais 3 e 4; quarta-feira, finais 5 e 6; quinta-feira, finais
7 e 8; e sexta-feira: finais 9 e 0.
A exceção é para ambulâncias, frota policial, ônibus, táxis,
caminhões de cargas — conforme o regulamento municipal — e outros veículos de
usos emergenciais. Pedro Cavalcante defende que a implantação da faixa-azul na
avenida Constantino Nery já fez uma grande diferença para os usuários que a
utilizam diariamente.
Acho bom, diz Leonel
Feitoza
"Quando eu fui vereador, falamos muito sobre esse assunto.
Na época, fizemos levantamento e chegamos à conclusão que o rodízio, em parte,
tira muitos carros da rua, mas penaliza quem tem apenas um veículo. Eu acho
esse projeto bom, mas, lá atrás, decidimos não implantar para não penalizar
quem tem apenas um veículo para trabalhar e levar os filhos na escola. Teria
que implementar outras ideias, fazer experiências com a população antes de se
tornar algo definitivo. São quase 700 mil veículos registrados para uma
população de 2 milhões de pessoas. Optou-se por pensar em alternativas, já
feitas em algumas cidades. Por exemplo: em horário de pico, inverter as mãos
das principais ruas” - Leonel Feitoza, diretor-presidente do Detran-AM
Voz das ruas
"Acho desnecessário um
sistema desses em Manaus. O trânsito não é tão ruim, só lento nos horários de
pico, depois volta a fluir.” - Jaqueline Gonçalves 24, militar
"Não sei se estamos
preparados para isso; demoraria muito a se adequar. Seria ruim depender de
ônibus ou carona.” - Paula Karen Dantas, 30, universitária
"Para quem mora longe
e é acostumado a ir e vir de carro, não se adaptaria. Principalmente, quem tem
que deixar filhos na escola, e depois seguir para o trabalho.” - Eliney
Zacarias 33, coordenador de informática
"Precisa de estrutura
nas ruas. Se o projeto for muito bom mesmo, talvez funcione. Mas eu não
trocaria o carro pelo ônibus.” - Júnior Cunha, 25, corretor de imóveis