Com custo estimado em mais de R$ 35 milhões, Goiás contará
com novos quatro viadutos: Marginal Botafogo; cruzamento da GO-060 com a
Avenida Castelo Branco; entroncamento da GO-070 com a Avenida Perimetral; e
cruzamento da GO-080 com a Avenida Perimetral. Isto porque o número excessivo
de carros deteriora a qualidade do tráfego fazendo com que o viaduto se torne
uma das opções viáveis. Apesar disso, uma pergunta precisa ser feita: e quando
o ponto de congestionamento chega até o viaduto, como na T-63? Pensando nisso,
o jornal O HOJE consultou especialistas em trânsito para discorrerem sobre o
assunto.
Para Antenor Pinheiro,
superintendente de Desenvolvimento Urbano e Trânsito da Secretaria de Cidades e
coordenador da Agência Nacional de Transportes Públicos (ANTP) Regional
Centro-Oeste, é preciso analisar alguns pontos específicos. Ele
acredita que o que está acontecendo atualmente na capital é uma correção de
erros passados e que alguns viadutos deveriam ter sido construídos junto com a
própria via. Dessa forma, Antenor diz que, agora, é preciso pensar não só nos
carros, mas no transporte público, pedestres e ciclistas.
"Na Praça do Chafariz, por exemplo, o viaduto foi criado
apenas como uma forma de chegar mais depressa ao próximo congestionamento e,
para isso, foram gastos R$ 25 milhões. O viaduto resolveu pontualmente o
problema, hoje já temos congestionamento em cima do viaduto. Não é cabível que
cidades copiem erros de outras. E se viadutos resolvessem tudo, Los Angeles,
São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, não teriam problemas de tráfego. É
preciso pensar agora em todos os modais e em uma forma harmônica de
integrá-los”, completa.
Benjamim Jorge Rodrigues, doutor em trânsito pela
Universidade de São Paulo (USP), compartilha da mesma ideia de Antenor e afirma
que Goiânia precisa de um projeto que integre a Região Metropolitana levando em
consideração o transporte público. "O que temos hoje no Brasil é uma cultura de
que, para ser bem-sucedido você precisa ter um carro. O governo facilita isso
com redução de IPI, diversos financiamentos. Por fim, temos planos de melhorias
que visam somente o transporte individual”, pontua.
"Goiânia tem hoje mais de 1 milhão de veículos transitando
enquanto o número de usuários do transporte coletivo continua o mesmo desde a
década de 80, algo em torno de 800 mil usuários/dia. Se o transporte público
fosse uma prioridade, este número estaria aumentando. Em grandes países, existe
o hábito de usar bicicletas, metrôs, ônibus. Os viadutos são bem-vindos e vão
suprir uma carência, mas a capital necessita de um planejamento integrado com
transportes de massa integrados, banheiros em terminais, organização, menos
acidente e menos poluição”, finaliza.
Obras
Iniciadas em 11 de março, as obras da Marginal devem ficar prontas em 210 dias. O custo aos cofres municipais é de aproximadamente R$ 15 milhões. As demais obras estão sob responsabilidade da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) sendo o primeiro deles no cruzamento da GO-060, com a Avenida Castelo Branco, na saída para Trindade. Os outros estão localizados no entroncamento da GO-070 com a Avenida Perimetral, na saída para Inhumas e no cruzamento da GO-080 com a Avenida Perimetral, na saída para Nerópolis.