27/06/2024 07:32 - Diário do Transporte
ADAMO BAZANI
Colaboraram Alexandre Pelegi e Arthur Ferrari
O motociclista que invadiu um corredor de ônibus em Santo André, no ABC Paulista, e provocou a morte de uma mulher que estava na garupa realizava uma corrida para um aplicativo de transporte.
Como mostrou o Diário do Transporte, a colisão ocorreu no fim da tarde da última segunda-feira, 24 de junho de 2024, no corredor da Avenida Capitão Mário Toledo de Camargo, que liga a Vila Luzita ao centro da cidade.
As câmeras de segurança do ônibus da empresa Suzantur registraram o exato momento. A moto tenta passar entre o coletivo e um carro, mas não consegue, e invade uma parte do corredor, sendo prensada entre os dois veículos de maior porte.
Motociclista e a garupa caem e o ônibus passa sobre a mulher. A passageira da moto Yaritza Vitória do Nascimento, de 19 anos, morreu na hora e o motociclista foi hospitalizado.
Relembre:
Especialistas apontam para o risco desta modalidade de transporte: mototáxi ou moto por aplicativo.
A ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), entidade sem ligação com empresas e que se dedica aos estudos de mobilidade, com a participação de especialistas de diversas universidades, tem debatido o tema.
A discussão vai além de uma prefeitura permitir ou não este tipo de transporte. Mas como estes serviços são operados pelos aplicativos? Qual critério para deixar que um motociclista seja parceiro? É só ter carta A? Os motociclistas parceiros recebem treinamento? Têm experiência em transporte remunerado e profissional de passageiros? Juridicamente, se fosse o passageiro de um ônibus que morresse numa colisão, por exemplo, a viação teria de responder. Nestes casos de mortes de garupas ou mesmo do motociclista, o aplicativo de intermediação do transporte pela moto responde?
O superintendente da ANTP, Luiz Carlos Néspoli, diz que tanto os passageiros quanto os condutores das motos estão sujeitos a acidentes graves, em especial, se não forem experientes.
"Ser um carona em motocicleta não é uma coisa tão simples como alguém possa imaginar. Ele precisa se comportar como um espelho do piloto, seguindo seus movimentos para manter o equilíbrio do veículo. O risco de acidentes de motos com caronas destreinados aumenta consideravelmente, razão pela qual é desaconselhável usar moto como táxi. O comportamento do motociclista já é por si mesmo uma das maiores causas de acidentes. Com carona, aumenta” – afirmou o especialista.
O Diário do Transporte procurou a empresa de aplicativo 99, que intermediou a corrida que acabou em acidente fatal.
A reportagem ainda questionou a prefeitura de Santo André, onde o serviço não é regulamentado.
Em nota, a 99 diz que vai procurar a família da jovem e que lamenta.
A 99 lamenta profundamente o ocorrido e informa que, assim que o relato foi registrado em sua Central de Segurança, disponibilizou uma equipe especializada que busca contato com os familiares da passageira e com o motociclista para acolhimento e a disponibilização de informações sobre o acionamento do seguro e do auxílio psicológico. A empresa está à disposição para colaborar com as autoridades.
Em nota, a prefeitura de Santo André explica que os aplicativos, tanto de carro como de moto, não são regulamentados na cidade.
A Secretaria de Mobilidade da Prefeitura de Santo André informa que atualmente não há regulamentação municipal para qualquer aplicativo de transporte de passageiros, sendo moto ou carro.
VÍDEO DA COLISÃO DE 24 DE JUNHO DE 2024:
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Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Colaboraram Alexandre Pelegi e Arthur Ferrari