05/09/2018 07:50 -
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Cada vez menos pessoas usam ônibus no Brasil. Levantamento divulgado no dia 24 de agosto de 2017 pela NTU – Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, que reúne em torno de 500 empresas de ônibus em todo o País, dá os números de um sistema continuamente em crise.
Segundo os dados apresentados, entre 2015 e 2016 a queda no número de passageiros foi de 8,2%, o que, segundo a associação, significa que três milhões de pessoas por dia deixaram de usar ônibus em seus deslocamentos.
O levantamento concentrou-se em nove capitais: Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Juntas, estas cidades reúnem 37% da demanda de passageiros de ônibus no Brasil.
O livro “Mobilidade Humana para um Brasil Urbano”, lançado pela ANTP no 21º Congresso de Transporte e Trânsito, no final de junho de 2017, dá vários motivos para a acentuada perda de passageiros no sistema de ônibus. Uma delas, dentre muitas, é a disparidade dos tempos de locomoção entre os modos motorizados de transporte individual e o sistema de ônibus nas cidades brasileiras. Os dados estão no capítulo “Evolução da mobilidade (2003-2014)”. Este capítulo faz um resumo do comportamento da mobilidade urbana no período indicado, nas cidades com mais de 60 mil habitantes no Brasil. Leia um trecho:
O tempo consumido nas viagens no transporte coletivo é muito maior que o tempo consumido nas viagens no transporte individual, como se pode na Figura 2,7 ao lado.
Apesar de representar quase a metade das viagens motorizadas, as viagens em transporte coletivo representam quase 70% do tempo consumido nos deslocamentos.

A tabela 2.3 abaixo mostra a relação entre a velocidade de deslocamento utilizando ônibus, automóvel e motocicleta, além da relação de consumo de espaço por viagem por estes modos, considerando os valores de viagem de ônibus como valor de referência (1,0).
O dado relativo à velocidade aponta mais uma razão para a escolha pelos modos motorizados individuais, ou seja, nossa mobilidade urbana “oferece” aos usuários dos modos motorizados individuais tempos de deslocamento menores do que aqueles “permitidos” aos usuários de transporte coletivo. Trata-se de mais um incentivo ao uso dos modos motorizados individuais.
Por outro lado, o dado relativo ao uso do sistema viário mostra que uma viagem realizada em automóvel requer quase oito vezes mais espaço viário do que uma viagem realizada em ônibus, gerando um enorme impacto em termos de solicitação de capacidade em infraestrutura viária.
Assim, temos uma mobilidade urbana que, ao oferecer menor tempo de deslocamento para os modos individuais motorizados, incentiva o uso de modos que exigem elevada quantidade de espaço viário, gerando pressão sobre investimento em expansão desmedida em infraestrutura de elevado custo de implantação.

Do ponto de vista da “produtividade” do sistema viário, ou seja, da quantidade de viagens que podem ser feitas numa determinada seção viária, o dado apresentado na tabela ao lado mostra a flagrante vantagem do uso do transporte coletivo. Assim, o incentivo a medidas que reservam espaço viário para o transporte coletivo é essencial para aumentar a “produtividade” do sistema viário em termos de viagens urbanas.