04/12/2018 08:00 - Alfonso Sanz Alduán
Este texto de Alfonso Sanz Alduán é parte do Caderno Técnico nº 16 (download aqui), resultado do Seminário Internacional Cidades a Pé, realizado pela ANTP em 2015, com apoio do Banco Mundial
"Se as medidas de segurança alteram o comportamento dos motoristas, tal fato terá consequências para o resto dos usuários das vias. Por exemplo, as medidas destinadas a promover a segurança dos pedestres frequentemente restringem sua liberdade e aumentam a liberdade dos motoristas.” - John Adams – Risk and freedom, 1985
A segurança,
eixo de todos os sistemas sociais humanos, especialmente os das sociedades
industrializadas, é também o núcleo central do debate sobre a mobilidade dos
pedestres, pois, como indicam os números em qualquer país do mundo, as pessoas
que caminham formam o grosso das vítimas fatais e uma porcentagem muito elevada
de vítimas da violência viária nas cidades.
Pensar na
segurança dos que caminham é entrar por um campo de paradoxos, complexidades e
terminologia ambivalente ou confusa, tanto na hora da análise da informação
disponível, como no momento da aplicação das medidas que possam conduzir a
níveis de risco aceitáveis socialmente.
O próprio
conceito de segurança se aplica a uma ampla gama de âmbitos, desde a
alimentação até a defesa militar, passando pela criminalidade (segurança do
cidadão), ou a capacidade viária. A segurança do "cidadão” e a segurança
"viária” tem conexão mais estreita do que se supõe, pois a escolha do modo de
transporte deriva, entre outros fatores, da percepção do risco, fundindo-se
assim as duas seguranças. Caminhar em determinados lugares e horas é uma opção
que pode ser percebida como insegura para certos perfis de pedestres, por
considerarem a probabilidade de crime ou de acidente.
Em matéria
de segurança viária, é necessário realizar em primeiro lugar uma análise e
explicação dos conceitos que conduzem de modo ambíguo, tanto o linguajar
técnico, como o da linguagem corriqueira: risco e perigo. Uma explicação que
não é tão importante do ponto de vista acadêmico, como em relação às
consequências práticas que pode envolver.
Na linguagem
popular e também em muitos documentos técnicos de segurança viária, se
identificam como perigosos os meios de locomoção que tem mais acidentes ou mais
risco de acidentes, ainda que não sejam geradores de perigo. Os triângulos
luminosos usados na Europa para indicar perigo, mostram claramente quem é
considerado perigoso: animais selvagens, ciclistas, crianças e pedestres são os
terríveis perigos que enfrenta um condutor que avista uma destas placas (1).
Contudo, os
conceitos de "perigo” e "risco” encontram nos dicionários uma clara divisória
que facilita uma interpretação mais útil em termos de segurança viária.
Enquanto o perigo se define como "aquilo que possa causar dano ou mal”, o risco
se define como a "possibilidade que se suceda um dano”. Em outras palavras, o
perigo é uma situação de fato, que ameaça a segurança das pessoas e das coisas,
enquanto o risco é um conceito de probabilidade, que sinaliza a possibilidade
que tal ameaça se materialize na forma de danos.
Atendendo a
estas definições, o trânsito automobilístico é uma circunstância perigosa,
podendo causar inúmeros danos devido a velocidades e massas em movimento
envolvidas, mas o deslocamento a pé não é perigoso e obviamente tem capacidade
escassa de causar danos. Ao contrário, o risco de que o condutor ou os
passageiros de um automóvel sofram danos pode chegar a ser menor que o dos
pedestres imersos no tráfego em geral. Andar pode ser, em certas
circunstâncias, uma maneira arriscada de locomoção, mas em nenhum caso uma
forma de deslocamento perigosa ou capaz de causar dano.
A questão que então surge, é o modo de medir a exposição ao risco dos que caminham, quer dizer, a probabilidade estatística de que se produzam danos a pedestres em função de variáveis, tais como: o número de trajetos, distância percorrida, ou o tempo gasto nos trajetos de bicicleta. Estas cifras não só permitem analisar a evolução do risco de caminhar através do tempo, mas também sua comparação com os equivalentes em meios de transporte, como ocorre com o exemplo a seguir, no qual se pode observar como a escolha de uma unidade de medição de risco modifica enormemente os resultados. O risco aos pedestres é o mais elevado em termos de distância percorridas, mas o mais reduzido em termos de tempo de percurso.
Frente ao conceito de risco, a maneira tradicional de enfrentar-se os problemas de segurança viária está baseada na análise dos acidentes ocorridos no âmbito viário, isto é, na análise dos fatos que resultam na geração de danos materiais ou pessoais na circulação de veículos. Enormes esforços econômicos e pessoais, milhares e milhares de informes e documentos têm sido feitos para medir os acidentes e as vitimas de modo isolado, sem relação com a mobilidade, sem levar em consideração uma esfera mais ampla de fenômenos, explicações e casualidades que se derivam da configuração do sistema de deslocamentos, dos quais emergem os acidentes como fatos esporádicos.
Além do
mais, as estatísticas dos acidentes se baseiam em dados registrados pelas
diversas forças policiais, assim escondendo uma parte importante das vítimas
entre pedestres, aquelas que se derivam de acidentes nos quais não há parte
policial, mas sim internação hospitalar ou feridos em vários graus. Esta
diferença constitui o que se denomina como "infra registro” dos acidentes, a
subvalorizarão do número de acidentes como consequência do método empregado no
escopo estatístico.
O registro
policial é bastante preciso no que se refere a vitimas fatais em acidentes, mas
perde confiabilidade em proporção direta à gravidade das vitimas; deste modo,
uma considerável porcentagem dos feridos leves, especialmente pedestres e
ciclistas, só está refletida nas estatísticas dos centros hospitalares que os
recebem, às vezes vários dias após o acidente. Por este motivo, em todos os
países do mundo se levam em conta os dados registrados oficiais como aproximações
significativas, mas incompletas no que se refere à segurança viária dos
pedestres (3).
A análise do
infra registro na Holanda indica que para ajustar as vítimas pedestres reais às
registradas pelas forças policiais, haveria que multiplicar as mesmas por quatro.
Em países
como a Espanha, o infra registro foi bem recentemente incorporado à literatura
oficial, de modo que a Direção Geral de Trânsito, organização com jurisdição em
segurança viária, já inclui dados da dimensão deste fenômeno em uma de suas
publicações anuais. Assim, em "As principais cifras de sinistros viários 2013”,
relaciona os dados registrados pela polícia, que constituem base para as
estatísticas oficiais de acidentes, com os dados obtidos pelo sistema de saúde.
Segundo o expressivo conceito de "pirâmide das lesões relacionadas ao
trânsito”, este organismo mostra como os feridos graves em hospitais, duplicam
os números policiais, enquanto que feridos leves são quatro vezes e meia mais
elevados no registro do sistema de saúde do que no policial.
É necessário
enfatizar, em qualquer caso, que a análise isolada dos acidentes não permite
relacionar adequadamente a geração de acidentes com o contexto no qual ocorre a
circulação de veículos. Isto significa, com o contexto dos comportamentos e
causas dos deslocamentos, o que causa considerável perda de informação para a compreensão
do fenômeno e de suaS possíveis soluções.
Com efeito,
o fator acidente, o número deles, é um indicador necessário, mas não suficiente
sobre a segurança viária dos que caminham, pois isto transforma seu comportante
ante o perigo dos atropelamentos. Se percebem risco ou perigo em seus trajetos,
tendem a mudar seu meio de transporte, itinerário, ou atitude em relação ao
espaço público. Com isto se alimenta um círculo vicioso de insegurança e
aumento de perigo no trânsito, mesmo que seja possível que os atropelamentos
registrados não aumentem.
Deste modo
se explicam alguns paradoxos dos acidentes, como o do que atropelamentos não
estão relacionados com a intensidade do trânsito, em outras palavras, que a
maior velocidade ou número de veículos não correspondem necessariamente a um
maior número de atropelamentos. O aumento no fluxo de veículos, em algumas vias,
com o evidente incremento em sua periculosidade, pode conduzir, paradoxalmente,
a uma diminuição nos atropelamentos registrados, devido aos pedestres mudarem
seu comportamento em relação a tais vias. O perigo segue latente e sempre
crescendo, mas o risco, entendido como a probabilidade de acidentes, diminui.
O inicio da motorização de um país se traduz em elevados números de pedestres mortos ou feridos e a instauração de um novo regime do medo de caminhar nos espaços públicos.
Os acidentes
são, portanto, um indicador útil de certos efeitos, mas não explicam a evolução
de um fenômeno mais amplo: o medo do trafego motorizado, a percepção de risco
que as pessoas têm quando planejam um deslocamento.
Um método
indireto para medir a percepção de risco é o empregado em um trabalho, já agora
um clássico, o da autonomia infantil nos trajetos à escola e a outros lugares
próprios de suas atividades quotidianas.
De acordo com
o estudo mencionado, feito por Hillman, Adams e Whitelegg (5), no período de
1971 a 1990, a percepção por parte dos pais, do risco e perigo que correm as
crianças quando se deslocam sozinhos sofreu uma mudança drástica na Grã
Bretanha.
Se em 1970,
quase 90% das crianças britânicas de 8 anos iam sós à escola, em 1990 tal
porcentagem havia se reduzido a 10%. As restrições que os pais impõem a
autonomia de deslocamento das crianças, são produto de vários fatores, mas sem
dúvida o medido da circulação, a percepção de perigo nos trajetos independentes
das crianças, é a causa principal da inversão radical do modelo de acesso
infantil às escolas.
Outro dos
aspectos analisados na mesma pesquisa foi a mudança na permissividade no
cruzamento de ruas. Pais de crianças com idades entre 7 e 10 anos também haviam
mudado no período de 1971 a 1990 a respeito de sua percepção do perigo e risco
que corriam seus filhos em caso de cruzarem a rua sozinhos e, em consequência, uma
alta porcentagem (decrescente com a idade das crianças) deles proibia aos seus
descendentes tal ação.
Obviamente,
estes processos indiretos de medição de risco e do perigo são complexos e,
portanto, sujeitos a diversas interpretações e debates. Tem também, ao menos nestes
primeiros momentos de desenvolvimento, o inconveniente de requerer a participação
de disciplinas como sociologia e psicologia no que anteriormente parecia ser de
exclusividade da engenharia.
Isso é
precisamente o que ocorre quando a atenção ao risco percebido conduz ao
princípio da compensação do risco e no comportamento dos motoristas ou
pedestres; um conceito que se foi adentrando pelo campo da psicologia a partir
dos anos sessenta do século XX, mas que cobra solidez com obras mais recentes
do canadense Gerard Wilde, do americano Sam Pelzman e do britânico John Adams (6).
Nos dias de hoje, a compensação do risco começa a ser tratada também nas
esferas institucionais da segurança viária. Assim, o Programa Europeu de Ação para
Segurança Viária lembra que "Toda nova tecnologia pode dar origem a fenômenos
de compensação entre os condutores” (7).
O princípio
da compensação do risco se baseia na ideia de que as pessoas que se movem em
ambientes afetados pelas situações de perigo modificam seu comportamento quando
percebem mudanças nestes ambientes, tentando compensar com sua conduta a
variação do nível de risco percebido.
No caso dos
automobilistas, as técnicas convencionais postas a serviço da segurança viária
pelos fabricantes de veículos e projetistas da infraestruturas, conseguem
cercar os condutores com uma esfera de proteção com relação ao perigo e o risco
que correm em seus veículos. Outorgam ao condutor uma sensação de domínio da
situação e capacidade de enfrentar fatos inesperados, com suficiente
antecedência para evitar suas consequências.
No campo da
infraestrutura, o enfoque tradicional busca que projeto e concepção de ruas e
estradas facilitem e/ou tornem mais tranquilo o ato de dirigir, o que se traduz
em menos movimentos bruscos para virar, frear/acelerar, ou trocar marchas. A
eliminação de curvas ou árvores nas guias, a iluminação ou sinalização da
infraestrutura, as pavimentações especiais, a ampliação da largura das pistas,
melhorias nas calçadas, ou a construção de vias de pistas duplas, podem ser
exemplos destas técnicas.
Do mesmo
modo, os veículos vão incorporando, tanto as técnicas e tecnologias denominadas
de segurança ativa, como as denominadas segurança passiva. As ativas se dirigem
a aumentar a margem de manobra dos condutores frente a incidentes que surjam na
via, por exemplo, a capacidade de resposta na freada (ABS, mecanismos antiderrapantes)
e na tração (sistemas de controle de tração, incremento da aceleração). As
passivas buscam reduzir os danos quando ocorra o sinistro, mediante a proteção
de condutores e passageiros (cinto de segurança, air bag, coluna de direção
deformável, estruturas de absorção de impactos, parte interna rígida, etc.).
A
compensação dos riscos é feita, para cada uma destas técnicas ou para suas
combinações, modificando os resultados previsíveis de sua implantação. Quando
uma ou várias técnicas conseguem uma redução do risco percebido pelo condutor,
este tende a mudar seu comportamento, fazendo isso de maneira mais arriscada, o
que alguns autores chamam de risco homeostático (8).
À margem dos
resultados de tais técnicas para a segurança dos próprios usuários dos veículos
motorizados, suas consequências para usuários vulneráveis nas vias, como
pedestres e ciclistas, tendem a ser globalmente negativas. Na medida em que
estimulam o crescimento da velocidade e a ideia de comportamentos mais
arriscados, as citadas técnicas tendem a impulsionar o diferencial dos veículos
motorizados, com o das pessoas que caminham ou pedalam e gerar um entorno de
maior periculosidade para estes últimos.
Assim, nas
ruas ou estradas que "melhoram” sob o ponto de vista do nível de relaxamento do
condutor de um veículo motorizado, ocorre, que os pedestres passam mais
despercebidos devido às maiores velocidades atingidas e menor nível de alerta
gerado na direção, o resultado então, sendo de maior sinistro entre os
pedestres.
As mudanças
de conduta supõem também modificações no mapa do risco, mudanças na
probabilidades que ocorram sinistros em cada ponto do espaço viário; um
fenômeno complementar ao da compensação de risco e que se pode denominar como
migração do risco, ou migração dos acidentes. A transformação das condições de
circulação em um trecho de uma via, pode reduzir o número de acidentes em tal
trecho, mas pode também induzir um maior número de acidentes no trecho
posterior, pois os condutores tendem a adotar menos precauções, seguindo as
novas pautas de direção sugeridas pelas modificações do trecho precedente.
Um dos
instrumentos mais comuns no tratamento de lugares conflitados, entre pedestres
e veículos motorizados, é o aumento da sinalização ou do número dela, a
intenção de gerar localmente uma maior alerta no ato de dirigir, implantando
símbolos chamativos de tal presença. Neste caso, podem produzir-se fenômenos de
migração do risco dos pedestres a outros cruzamentos e lugares que não aumentam
a sinalização. Este é o motivo pelo qual convém revisar a tendência crescente
em elevar o tamanho, brilho, contraste e todos os traços visuais da sinalização,
com a intenção de reduzir os acidentes, ignorando as consequências para os
demais faróis de cruzamentos (no lugar e em outros lugares), que
necessariamente perdem capacidade de atrair atenção e gerar comportamentos adequados.
Cabe
recordar, por último, que muitas vezes as mudanças nos dados estatísticos de
acidentes, não se podem relacionar claramente com determinadas medidas tomadas
para sua redução, pois entre outros fatores, se produzem fenômenos próprios do
caráter provavelmente probabilístico do fator de acidentes, como é o "efeito de
regressão à média”. Por exemplo, em lugares em que ocorrem altas concentrações
de acidentes em um ano, é provável que no ano seguinte aconteça uma redução nos
mesmos (9).
Com certeza,
estudar a insegurança viária para o caminhar dos pedestres, ou é uma tarefa
complexa que não consiste única e nem primordialmente em analisar os acidentes
com pedestres envolvidos, ou então, compreender globalmente sua mobilidade, o
contexto de risco e perigo que afeta o uso deste meio de transporte e, sobre
tudo, a percepção de risco que têm os que caminham ou quem, potencialmente,
poderia caminhar.
Chaves de
um enfoque integral da segurança do pedestre:
· Relacionar
a segurança viária com a segurança cidadã para compreender os efeitos da última
nos deslocamentos de determinados grupos de pedestres.
· Incorporar
o infra registro de acidentes com pedestres na análise.
· Relacionar
o fator acidente com variáveis de mobilidade (km percorridos, trajetos
realizados, tempo gasto) para estimar o risco.
· Analisar
a evolução do perigo no trânsito.
· Incorporar
o conceito de compensação de risco à análise dos fatos e às propostas de
segurança viária.
· Antecipar
os possíveis fenômenos de migração de acidentes.
· Estimar
o risco percebido pelos vários grupos de caminhantes e suas consequências para
a escolha do modo de transporte, ou para a própria realização de deslocamentos.
Alfonso Sanz Alduán - Geógrafo, matemático e técnico urbanista. GEA21
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NOTAS
1 - "Niñas y niños, ciudadanos peligrosos” (meninas e
meninos, cidadãos perigosos). Marta Román. Boletim da associação A PIE no 1.
Primavera de 2000 (www.asociacionapie.org)
2 - "Pedestrian Safety: Analyses and Safety Measures” (Segurança do pedestre: análises e medidas de segurança). Report 148. Diretório Viário. Copenhague, 1998. Não estão incluídos deslocamentos de menos de 300 metros no que se refere ao risco dos pedestres estar superestimado.
3 - A respeito, consultar as seguintes fontes: Helen James,
"Under reporting of Road Traffic Accidents”, publicado em "Traffic, Engineering
and Control”, dezembro de 1991, Londres. E também o artigo "Strumenti per il
confronto dei dati su scala europea”, de Carlo Putignano, publicado em "Living
and Walking in cities”, palestras da conferencia internacional ocorrida em
Brescia, 1994. Escritório de Publicações Oficiais da Comissão Europeia . Luxemburgo, 1995.
4 - Fonte:
SWOV citada em "Recommendations for traffic provisions in built-up areas”.
CROW. Ede, 1998.
5 "One
false move... A study of children’s independent mobility”. Policy Studies
Institute. Londres, 1990.
6 Como
obras de referencia, podem citar-se "Risk and Freedom: the Record of Road Safety
Regulation”. John G. Adams. Transport Publishing Projects (TPP). Londres, 1985;
e também "Target risk 2. A new Psychology of Safety and Health” de Gerald J.S.
Wilde (PDE Publications. Canadá, 2001).
7 "Salvar 20.000 vidas en nuestras carreteras. Una responsabilidad compartida”. (salvar vidas em nossas estradas. Uma responsabilidade compartilhada) .Programa Europeu de Segurança Viária. Reduzir pela metade o número de vítimas de acidentes de trânsito na União Europeia de agora a 2010: una responsabilidade compartilhada. Comunicación de la Comisión Europea. COM (2003) 311 final. Escritório de Publicacões Oficiais das Comunidades Europeias. Luxemburgo, 2003.
8 - Ainda que não haja acordo sobre a hipótese de risco automático, a existência de limites estáveis de aceitação do risco, o certo é que a compensação do risco dilui, em muitas ocasiões, as desejadas melhoras do risco geradas pela introdução de novas técnicas de segurança viária. Esse é o caso, já clássico, da perda de eficácia em matéria de risco que prometiam os freios ABS. Segundo um estudo alemão para a OCDE (resenhado no exemplar de março de 1993 da revista "Tráfico”, editada pela Direção Geral de Trânsito do Ministério do Interior), "o ABS não contribui na redução do numero de acidentes, levando em conta suas vantagens técnicas em condições reais de circulação”, já que "os condutores de veículos dotados de freios ABS tinham tendência a dirigir de maneira mais arriscada”. "Os autores do estudo consideram, que os resultados deixam entrever uma adaptação de comportamento como forma de compensação do risco, visto que não foi possível provar um ganho geral em segurança.”
9 - A esse respeito, consultar "Risk”, John Adams, University College London Press. Londres, 1995. Quarta edição, 1998.