Haddad: ciclovias são caminho sem volta.

28/08/2014 07:35 - Diário do Comércio - SP

Um dia após o protesto que mobilizou cerca de mil motociclistas na capital paulista, o prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou ontem que as ciclovias são "um caminho sem volta" e que não vai reconstruir motofaixas.

As faixas exclusivas para bicicletas são prioridade da atual gestão. Até o fim de 2015, a Prefeitura pretende implantar 400 quilômetros de novas ciclovias na cidade de São Paulo. Apenas até o fim deste mês, a meta é que 30 novos quilômetros estejam à disposição para a população.

Haddad afirmou que se trata não só de uma questão de mobilidade, mas também um programa de saúde, esporte e meio ambiente. "É um caminho sem volta. A maioria da cidade aprova as ciclovias. Elas são intersetoriais, dialogam com muitas demandas da sociedade simultaneamente", disse o prefeito, durante visita às obras dos Córregos Água Preta e Sumaré, na zona oeste.Os últimos bairros atendidos pelas vias foram Vila Mariana, Paraíso, Aclimação, Liberdade e o Centro.

O problema é que, pelo menos por enquanto, a pouca adesão de ciclistas fez com que as faixas fossem tomadas por pedestres e veículos. A reportagem do Diário do Comércio flagrou a ciclovia da Rua Boa Vista invadida por carros, pedestres e até carros-fortes dos bancos instalados na via. A medida piorou ainda mais o já complicado trânsito de veículos na região central.

Motofaixas – Sobre as motofaixas, Haddad foi enfático: "Efetivamente não é uma solução para a questão da segurança. Em alguns pontos, chega a piorar", disse o prefeito. Como argumento, Haddad afirmou que a política de motofaixas não é praticada "em nenhum lugar do mundo".

O prefeito citou, ainda, a tentativa de gestões anteriores de construir o equipamento na Avenida 23 de Maio. "Desistiram porque não era um caminho: morreu mais gente e houve mais acidentes", afirmou.

Apesar de se opor à construção de motofaixas, o prefeito disse que considerava as reclamações dos motociclistas legítimas. "Acho justo que eles tenham um política própria, sobretudo na área da educação no transporte. Ainda há muita desinformação sobre os direitos deles (motociclistas) e o convívio pacífico com os carros", afirmou.

Além das questões educativas, Haddad destacou ser necessário construir mais bolsões de estacionamento, faixas de retenção em semáforos – em que as motocicletas ficam à frente dos outros veículos – e evitar o uso de corredores entre os carros.

"Nós já demos tratamento especial aos ônibus, aos ciclistas e também resolvemos boa parte das reclamações dos taxistas. Chegou a vez de olhar um pouco para os motociclistas", afirmou o prefeito.

O protesto da categoria foi motivado pela desativação de duas motofaixas: uma na Avenida Sumaré, na zona oeste, e outra na Rua Vergueiro. Segundo a Prefeitura, os equipamentos foram removidos por causa do aumento do número de colisões e atropelamentos.

"Além de um ultraje à categoria, é desrespeito e falta de consideração", escreveu o presidente do Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, Ciclistas e Mototaxistas de São Paulo (SindimotoSP), Gilberto Almeida dos Santos. O texto foi publicado no site do sindicato.

Os motociclistas também reclamam da retirada de alguns bolsões de estacionamento, que, segundo eles, deram lugar a ciclovias. Sobre o assunto, o prefeito Haddad disse que vai fazer o remanejamento dos estacionamentos para locais próximos aos anteriores.