04/10/2015 07:55 - O Globo
Leia: Cientistas
lançam estudo sobre sustentabilidade no Brasil - Agência Brasil
Energia
e aquecimento global - Valor Econômico
SUZANA KAHN
Uma das principais alternativas para enfrentar os efeitos do
aquecimento global é a inovação tecnológica, que poderá proporcionar uma
transição para uma economia de baixo carbono, aspecto importante na solução do
impacto climático e no desenvolvimento sustentável. O atual momento requer uma
mudança na trajetória de desenvolvimento, exigindo o uso de soluções
tecnológicas e práticas com menor emissão de carbono. E instituições acadêmicas
podem ser parceiras fundamentais do setor público, responsável pela definição
de políticas de desenvolvimento nacional. O assunto deveria ocupar grande
espaço na agenda de todas as esferas de governos, instituições de pesquisa e
empresas privadas.
Muitos países já perceberam a relevância do tema. Diversos
polos tecnológicos e de inovação, assim como centros de pesquisa, recebem apoio
dos governos nacionais, subnacionais/ regionais e locais. No setor privado, são
inúmeros agentes financeiros que aportam capital de risco — recurso que é
fundamental para uma pequena empresa começar a operar —, fundos de
investimentos que atuam como "anjos”, compartilhando patentes, agregando maior
valor às ideias iniciais, se tornando sócios, dando escala à inovação, trazendo
os produtos ou serviços inovadores para o mercado. Dessa forma, ainda recuperam
o capital inicialmente investido. São várias as oportunidades de atuação
conjunta.
Os avanços científicos, quando aplicados na prática,
promovem diversos benefícios, que vão desde a maior geração de riqueza até
melhoria na qualidade de vida. É nessa conjuntura que a Participação
PúblicoPrivada-Acadêmica (PPPA) assume relevância, uma vez que extrai de cada
participante o seu melhor. A tecnologia desenvolvida dentro das universidades
pode auxiliar no direcionamento das políticas públicas e viabilizar a sua
execução. Já a iniciativa privada apontaria novas opções para utilização do
mercado. Na UFRJ, parte desse processo já ocorre. O Fundo Verde da universidade
pode ser considerado um exemplo de parceria público-acadêmica, já que utiliza o
campus da Cidade Universitária como laboratório para desenvolver e avaliar o
desempenho de novas tecnologias em projetos sustentáveis, com recursos oriundos
da isenção do ICMS estadual. O setor privado poderá analisar o desempenho das
alternativas no campus e identificar o potencial de adaptação no mercado.
Só será possível fazer frente aos desafios do século XXI com sucesso se conseguirmos migrar para caminhos de desenvolvimento com menor uso de recursos naturais, baixo nível de emissão de poluentes e mais adaptados às mudanças climáticas. Não precisamos aguardar as Convenções do Clima para decidirmos qual estratégia adotar. Mentes inovadoras pensam que a melhor forma de prever o futuro é inventálo. Quem estiver à frente da criação de um novo tempo terá benefícios, seja ele público, privado ou acadêmico.
Suzana Kahn é coordenadora executiva do Fundo Verde da UFRJ e professora da Coppe/UFRJ