01/10/2014 07:33 - O Tempo - BH
A obra inacabada do monotrilho de Poços de Caldas, no Sul de
Minas, pode nunca cumprir o papel de servir como transporte coletivo para os
moradores. Enquanto o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) tenta reativar
o sistema, a prefeitura do município estuda demolir a estrutura se ela
representar algum perigo para a população. Em 2003, dois pilares da estrutura
desabaram
"Estamos buscando fazer um laudo. Caso ele mostre que há
riscos, tomaremos medidas jurídicas para a demolição”, informou o secretário municipal
de Governo, Fernando Posso.
Visionária para a época, a construção do monotrilho foi
aprovada em 1981. Menos de 8 km dos 30 km previstos foram entregues em 2000.
Porém, na viagem de inauguração, uma pane técnica interrompeu a estreia. Em
2003, dois pilares de aproximadamente 6 m de altura desabaram, dificultando que
o monotrilho funcionasse a pleno vapor. "O laudo da perícia aponta que a
prefeitura é a culpada pela queda dos pilares por causa de obras de
desassoreamento do rio Lambari”, informou o promotor Emmanuel Levenhagen. Já o
secretário de Governo disse que a queda aconteceu há mais de dez anos e que
esse não é o motivo das obras estarem paradas até hoje.
A empresa J. Ferreira Ltda. construiu o monotrilho e tem a
concessão para operá-lo por 50 anos. A reportagem tentou contato com os
proprietários, mas ninguém foi encontrado nos telefones da empresa. No
escritório do advogado da companhia, José Cardilho, a reportagem foi informada
que ele estava viajando.
Mediação. A
promotoria pretende propor um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre a
prefeitura e empresa. Segundo Levenhagen, a ideia é permitir que a empresa
coloque o monotrilho para funcionar em parte do trajeto já construído. Isso vai
possibilitar um estudo de viabilidade do projeto.
Depois da experiência e caso o sistema se mostre viável, um
acordo definitivo poderá ser feito. A prefeitura se dispôs a conversar com os
promotores.
Moradores cobram
solução definitiva para o imbróglio
Há mais de 30 anos, quando o projeto do monotrilho foi
idealizado, os moradores de Poços de Caldas ficaram empolgados com a novidade.
Agora, todos esses anos depois, eles querem que o poder público tome uma
decisão, independentemente do destino que será dado ao modal de transporte.
Enquanto o problema não é resolvido, a gerente
administrativa Janaina Santos, 38, teme que o resto da estrutura desabe.
"Lembro-me vagamente das pessoas animadas com a novidade. Como já caiu um
pedaço, pode acontecer o mesmo com o restante. Ou colocam para funcionar ou
retiram de vez”, considera Janaina.
O cabeleireiro Mateus Alves de Oliveira, 23, considera que valeria
a pena manter a estrutura. "Deveria terminar para ser um atrativo a mais na
cidade”, diz.
Caso estivesse funcionando, o monotrilho de Poços de Caldas
ligaria hoje o terminal de linhas urbanas, no centro, à rodoviária do
município.