04/10/2015 07:47 - Portal iG
Cerca de 3,5 milhões de pessoas disputam espaço diariamente
para utilizar o transporte público na capital paulista, seja em ônibus da
SPTrans ou nas composições do Metrô e da CPTM.
E se a lotação em si já causa atrasos durante os embarques e
desembarques nos pouco menos de 15 mil ônibus que circulam em toda a cidade, o
dia a dia de quem depende desse tipo de transporte fica ainda mais difícil
quando o motorista resolve alterar o itinerário programado ou desrespeita os
horários previstos para as viagens.
Essas situações motivaram ao menos dez reclamações por dia à
SPTtrans de janeiro a agosto deste ano. Foram 2.472 passageiros se queixando do
mesmo problema em apenas oito meses.
E o número poderia ser ainda maior, pois muitos dos
prejudicados resolvem não formalizar a queixa. A estudante Julia Petterssen
mudou-se neste ano para a região do Morumbi, na zona sul de São Paulo, e
precisa exercitar a paciência diariamente devido aos atrasos do micro-ônibus da
única linha que passa pela sua casa.
"Os funcionários dessa linha não parecem comprometidos.
Às vezes eles encerram a viagem antes de chegar ao ponto final. Já aconteceu
de, ao passar pela garagem na avenida Eliseu de Almeida, o motorista mandar os
passageiros descerem e pegar outro ônibus", relata Julia, que apesar da
indignação, nunca fez uma queixa à SPTrans.
"Fora que demora demais para ele passar, no mínimo uma
hora. Se tiver sorte, talvez consiga em quarenta minutos", completa a
estudante. Pelo cronograma de partidas da SPTrans, a linha 8026-10 Jardim
Ingá/Butantã, utilizada por Julia, deveria ter intervalos de 20 minutos entre
um veículo e outro.
Há também relatos de motoristas que, antes de iniciar a
última viagem da noite, questionam o destino dos passageiros que já embarcaram
no coletivo. Sabendo até onde precisarão dirigir, os motoristas fazem a viagem
com as luzes internas do ônibus apagadas para não precisar pegar novos
passageiros durante o trajeto. Ao deixar o último usuário em seu destino, eles
retornam à garagem sem concluir o itinerário da linha.
A SPTrans informou, em nota, que a metodologia adotada para
fiscalizar o trabalho de motoristas e cobradores foi alterada neste ano,
visando garantir o cumprimento dos horários determinados para as partidas.
Os índices demonstram que, de fato, as reclamações
diminuíram nos últimos anos. O pico foi atingido em 2013, quando 7.375
passageiros expressaram insatisfação com os atrasos ou mudanças nas rotas. No
ano passado, esse número caiu para 5.822.
A campeã de queixas entre as empresas é a Via Sul, que atua
na zona Sudeste da cidade, atendendo aos bairros Cursino, Ipiranga, Sacomã, São
Lucas, São Mateus, Sapopemba e Vila Prudente. Foram 266 reclamações de
motoristas da empresa descumprindo horários e/ou itinerários neste ano – média
superior a uma queixa por dia.
As empresas que não cumprem com as exigências contratuais, o
que inclui a qualidade e regularidade dos serviços prestados, estão sujeitas a
sanções. No primeiro semestre de 2013, por exemplo, foram aplicados R$ 30
milhões em multas para as operadoras do sistema, segundo a SPTrans.
Procurada, a Via Sul não respondeu aos pedidos de entrevista
do iG.