A população dos municípios com mais de 60 mil habitantes fez,
em 2012, 62,7 bilhões de viagens, o
que corresponde a cerca de 210 milhões
de viagens por dia. Em distância, significa dizer que as pessoas percorreram432 bilhões de quilômetros por ano(cerca de 1,44 bilhões por dia), usando várias formas de deslocamento.
As viagens a pé e em bicicleta foram a maioria (25,1 bilhões = 40% do total), seguidas
pelo transporte individual motorizado – carros e motocicletas (19,4 bilhões = 31% do total) – e pelo
transporte coletivo (18,2 bilhões = 29%
do total).
Estes e muitos outros
dados estão no relatório 2012 do SIM – Sistema de Mobilidade Urbana da ANTP,
que acaba de ser publicado no site.
O SIM compreende a coleta e o tratamento de dados de
transporte público e tráfego urbano dos municípios brasileiros com população
superior a 60 mil habitantes. São 438 cidades distribuídas pelo país que
totalizam 119 milhões de habitantes (61%
da população brasileira).
O relatório é bastante completo. Analisa dados importantes
referentes à mobilidade nas cidades, o que abrange as distâncias percorridas
pelas pessoas, o tempo despendido, a energia consumida e os gastos individuais
e sociais (custo da mobilidade). Na sequência, o relatório detalha o custo das
externalidades – quanto custa para a sociedade a poluição e os acidentes de
trânsito gerados pelos diferentes modos de transporte.
Mobilidade. Voltando
aos dados: o relatório informa que do
total das viagens realizadas em transporte coletivo (18,2 bilhões) nas cidades brasileiras com mais de 60 mil
habitantes, 70% delas aconteceram em
ônibus municipais, 17% em ônibus
metropolitanos e 13% em trilhos, o
que comprova a grande dependência dos ônibus para o deslocamento da população
urbana brasileira. Este número de viagens corresponde a uma mobilidade média de1,76 viagens por habitante por dia.
Nos municípios de grande porte as pessoas percorrem 19,9 quilômetros por habitante, por dia, no processo de mobilidade urbana, enquanto nos
municípios de pequeno porte o valor é de apenas 4,9 quilômetros por habitante, por dia.
Uma conclusão do
relatório: municípios maiores possuem maior quantidade de viagens nos modos
motorizados; municípios menores possuem maior quantidade de viagens a pé e por
bicicleta.
Tempo. Nestes
deslocamentos os habitantes das cidades que formam o universo da pesquisa (com
mais de 60 mil moradores) gastam, por ano, 22,4 bilhões de horas para
deslocar-se. A maior parte do tempo é gasta nos veículos de transporte público
(49%), seguido pelas viagens a pé (25%). O usuário de transporte coletivo está
sujeito, assim, a tempos médios de viagem superiores – gastam mais tempo,
portanto, em seus deslocamentos. Conclusão: o transporte coletivo representa
29% do total das viagens, mas consome 49% do total de tempo na mobilidade.
Energia. Na
questão ambiental tem-se que os automóveis são os grandes vilões no consumo de
energia. Por dia as pessoas que usam transporte individual consomem 75% da
energia (72% carros e 3% motos), ao passo que os usuários de transporte
coletivo consomem apenas 25%.
No ano de 2012 os custos individuais da mobilidade são
estimados em R$ 184,3 bilhões – desse montante o transporte individual responde
por 79%. Já os custos sociais (arcados pelo poder público) são estimados em R$
10,3 bilhões por ano. De novo o transporte individual é o maior gastador: 77%.
Quando se comparam as despesas individuais por habitante,
vemos que elas crescem de R$ 2,53 por dia nas cidades menores para R$ 7,20 por
dia nos municípios maiores. Ou seja, quase triplica.
Custos das externalidades.Outro dado importante e ao mesmo tempo assustador: o custo total da emissão de poluentes e dos
acidentes de trânsito é de R$ 21,5 bilhões por ano: cerca de R$ 6,3 bilhões
referem-se à poluição atmosférica e R$ 15,2 bilhões aos acidentes de trânsito.
Nestes indicadores mais uma vez se nota o prejuízo à
sociedade causado pelo transporte individual (motorizado): o transporte
coletivo responde por um gasto de R$ 2,2 bilhões por ano em acidentes de
trânsito, enquanto o transporte individual consome mais de 6 vezes este valor:
R$ 13 bilhões. No custo da poluição outra relação desfavorável para a maioria
dos habitantes: enquanto o transporte coletivo provoca um custo de R$ 2,3 bilhões
/ano, o transporte individual responde por quase o dobro, R$ 4 bilhões.
No total, os custos anuais da mobilidade e das externalidades
podem ser estimados em R$ 205,8 bilhões. Os custos do transporte individual (R$
174,0 bilhões) correspondem a 85% desse total.
O relatório do SIM, versão 2013 (com dados de 2012) pode ser
lido na íntegra aqui.
Relatórios de anos anteriores e outros estudos sobre a mobilidade nas cidades
do Brasil também podem ser encontrados no site
da ANTP.