Para ‘Economist’, força de trabalho brasileira precisa ser mais produtiva

18/04/2014 08:30 - O Globo / Folha de SP

RIO - Para voltar a crescer além do patamar de 2%, o Brasil precisa lidar com um problema antigo: a falta de produtividade de sua força de trabalho. A conclusão é da britânica "The Economist”, que caracteriza o último meio século da economia brasileira como "50 anos de soneca”, título de reportagem publicada nesta quinta-feira no site da revista. Segundo dados do instituto Conference Board citados na matéria, a força de trabalho brasileira contribui com apenas 40% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país), percentual menor que o de outros países emergentes.

A referência aos 50 anos remete ao último período em que a produtividade da força de trabalho aumentou, entre os anos 1960 e 1970, mas estagnou nas décadas seguintes e se manteve abaixo de pares como a China, onde a contribuição dos trabalhadores para o PIB chega a 91%, e Índia, onde a taxa é de 67%.

Segundo a "Economist”, a ineficiência dos trabalhadores brasileiros está relacionada a problemas que o país lida já algum tempo. Entre eles, o baixo investimento em infraestrutura, que, no Brasil, é de 2,2% do PIB, contra a média de 5,1% de outros países em desenvolvimento. O Brasil Brasil investe 2,2% do PIB nessa área, abaixo da média dos países em desenvolvimento, de 5,1%. A qualidade da educação e baixa produção de patentes e inovação também são apontadas pela matéria.

O resultado desses fatores causa, de acordo com a matéria, um ambiente propício a atrasos e falta de eficiência. Filas, engarrafamentos e quebras de prazos se tornaram comuns no país, segundo a revista.

— Os brasileiros se tornaram anestesiados a isso — avalia o professor Regis Bonelli, da Fundação Getulio Vargas, à "Economist”.

Segundo a reportagem, a solução envolve uma menor intervenção do Estado. Para Marcos Lisboa, professor do Insper, mais setores devem seguir os exemplos observados na agricultura e nos serviços financeiros, que foram desregulados e aumentaram a eficiência em 4% a cada ano nos anos 1990.

Folha de SP

Brasileiro é povo improdutivo e trava o país, afirma 'Economist'

DE SÃO PAULO - A mais recente edição da revista britânica "The Economist" traz uma reportagem crítica ao mercado de trabalho no Brasil e ao nível de produtividade dos trabalhadores.

Com o título "Soneca de 50 anos", a publicação diz que os brasileiros "são gloriosamente improdutivos" e que "eles precisam sair de seu estado de estupor" para ajudar a acelerar a economia.

A reportagem comenta que, "a partir do momento em que você pisa no Brasil, você começa a perder tempo" e sugere que, após um breve período de aumento da pro- dutividade vista entre 1960 e 1970, a produção por trabalhador estacionou ou até mesmo caiu ao longo dos últimos 50 anos.

Segundo o texto da "Economist" -- revista que, em 2009, estampou na capa o Cristo Redentor decolando e, quatro anos depois, o monumento rodopiando--, a produtividade média do trabalhador brasileiro estacionou ou caiu nos últimos 50 anos.

A publicação citou que a produção de cada trabalhador foi responsável por 40% do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, enquanto na China e na índia esse valor foi de 91% e 67%, respectivamente.