30/10/2014 07:07 - O Globo
SÃO PAULO E BRASÍLIA- A indústria automobilística conta com
os dois últimos meses do ano para desovar estoques elevados de veículos nas
concessionárias e começar 2015 com pátios mais vazios. Taxas de juros mais
baixas nos financiamentos e a previsão de fim do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) reduzido, em dezembro, devem estimular as vendas, prevê
a Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave).
Além disso, a entidade anunciou ontem acordo com a Caixa
Econômica Federal e o banco Pan (do qual a Caixa tem 50%) para oferecer linhas
de crédito para compra de veículos com taxa de juros mais baixa até o fim do
ano.
— Atualmente, os estoques nas concessionárias equivalem a 50
dias de venda, nível bem acima do considerado normal, que fica entre 25 e 35
dias. Esperamos chegar a janeiro de 2015 com estoque entre 35 e 40 dias — disse
Flavio Meneghetti, presidente da Fenabrave.
Segundo o acordo anunciado ontem, as taxas para
financiamento de veículos zero e usados, além de motocicletas, começam em 0,93%
ao mês. Dados do Banco Central mostram que a média de mercado é de 1,5% ao mês.
— As taxas começam a partir de 0,93% ao mês para quem já for
cliente da Caixa e em 0,99% no banco Pan, que oferece o financiamento para os
não clientes. O pagamento da primeira parcela será feito quatro meses após a
compra, ou seja, no dia 1º de março, após o carnaval — disse Fábio Lenza,
vice-presidente de Negócios Emergentes da Caixa.
Entre as principais linhas de crédito do mercado, o
financiamento para a compra de carros caiu 9% até agosto em relação ao mesmo
período do ano passado, segundo dados do BC. Para Flavio Meneghetti, o setor
financeiro ainda está retraído, temoroso de assumir riscos de crédito.
— Esperávamos o segundo semestre mais forte, mas o acesso
mais restrito ao crédito segurou o setor — disse.
Mesmo com o IPI reduzido, as vendas estão mais fracas este
ano. As exportações para a Argentina, principal mercado do Brasil, caíram. Até
setembro a queda acumulada nas vendas é de 9,1% em relação ao mesmo período do
ano passado, segundo os fabricantes. Muitas montadoras estão freando a produção
e colocando trabalhadores em lay-off (suspensão temporária do contrato de
trabalho) para evitar demissões.
— Acreditamos que a queda nas vendas possa recuar para algo
entre 7% e 7,5% até o fim do ano — prevê Meneghetti.