Carioca perde mais de um mês por ano com transporte público, aponta pesquisa

28/08/2014 07:50 - Extra - RJ

O carioca perde mais tempo por ano com o transporte público do que, por exemplo, aproveitando as férias. De acordo com uma pesquisa do aplicativo de mobilidade urbana Moovit, gastam-se no Rio duas horas e 11 minutos ao dia com o sistema, numa média superior a 33 dias anuais. Desse tempo, 41 minutos diários esvaem-se apenas enquanto o passageiro aguarda a chegada de seu ônibus, metrô ou trem.

O Moovit — que informa os trajetos mais rápidos pelo celular — atua em 20 municípios do Brasil, com mais de dois milhões de usuários. No mundo, são nove milhões, espalhados por 400 cidades de 40 países. O levantamento aponta ainda que o desempenho do Rio no setor também fica bem abaixo da média brasileira, que é de 119 minutos (quase duas horas) por dia perdidos com o transporte público.

Segundo os idealizadores do aplicativo, 3.680 pessoas foram ouvidas no país. A pesquisa, divulgada nesta quarta-feira pela "Folha de S. Paulo”, foi feita de 27 de julho a 10 de agosto, com margem de erro de 2,5%.

Entre as 17 cidades que participaram da pesquisa, o Rio só é melhor que Bogotá (duas horas e 14 minutos), na Colômbia, e Los Angeles (duas horas e 13), nos Estados Unidos. São Paulo ficou em sétimo, com duas horas e um minuto.

— A pesquisa é um termômetro do que está acontecendo no transporte público no mundo — diz Pedro Palhares, diretor do serviço no Brasil.

O ranking com as 17 cidades que foram listadas pelo aplicativo


'A gente sofre. Levo duas horas e meia todo dia’ - Depoimento de Leonardo Jorge, 42 anos, passageiro da linha 386 (Anchieta-Passeio)

"Moro em Anchieta e trabalho no Centro. Pela Avenida Brasil, levo duas horas e meia só de ida todo dia. A Brasil é sempre uma surpresa. Por isso, muitas vezes, vou até Coelho Neto e pego o metrô. Reduzo o tempo de viagem em quase uma hora. O trem eu nem tento. A gente sofre.”

AS RESPOSTAS

Fetranspor e Rio Ônibus

"A informação de que na Região Metropolitana do Rio é onde se perde mais tempo no transporte já era conhecida de análise divulgada pelo IPEA em outubro de 2013. Segundo o Instituto, os trabalhadores fluminenses levavam em média 47 minutos para chegar ao trabalho, e 24,7% deles gastavam mais do que uma hora. Os números já eram superiores aos de São Paulo (45,6 min – 23,5%) e às médias das cidades brasileiras (40 min – 18%). A análise informa ainda que o tempo perdido aumentou em 12% nos últimos dez anos, como reflexo de políticas equivocadas de incentivo ao transporte individual e do baixo investimento em transporte coletivo.

Apesar de o ônibus ser o principal meio de transporte adotado nas metrópoles brasileiras, poucas implementaram ações para dar prioridade ao meio de maior capacidade. Nos últimos quatro anos, foram construídos cerca de 150 km de BRTs, um número expressivo, mas incipiente frente a décadas de estímulo a automóveis e motocicletas, vorazes no uso do espaço público.

A criação de corredores BRT, principais obras de mobilidade urbana em todo o país, representa por si só excelente solução, ao constituir eixos estruturantes, reduzindo o tempo de viagem e a emissão de poluentes. Pode ser entendida ainda como uma medida eficiente de redemocratização do espaço público. Mas já há consenso quanto ao fato de que uma mobilidade sustentável depende da associação do planejamento de transporte ao planejamento urbano, pois o transporte não determina a dinâmica dos deslocamentos realizados. Isso é exemplificado no Grande Rio pela pequena oferta de empregos em regiões com muitas moradias, como a Zona Oeste, a Baixada Fluminense e São Gonçalo, em oposição ao Centro, onde há muitos empregos e poucas residências.

O Governo do Estado mostrou estar sensível à questão com a recente criação da Câmara Metropolitana de Integração Governamental, órgão com o objetivo de promover políticas urbanas para maior integração entre as 21 cidades que compõem a Região Metropolitana. Como representante dos operadores, a Fetranspor mantém sua postura propositiva e vai contribuir com o poder público e a sociedade para tornar nossas cidades acessíveis e com melhor qualidade de vida.”

Metrô Rio

"Com a entrada de todos os 19 novos trens, em março de 2013, houve uma redução no intervalo para 4’30” nas pontas de linha e 2’15” no trecho compartilhado (Estações Central, Presidente Vargas, Uruguaiana, Carioca, Cinelândia, Glória, Catete, Largo do Machado, Flamengo e Botafogo). Nas plataformas dessas mesmas estações, há monitores que informam a localização dos trens.

Desde outubro de 2013, para auxiliar o plano de mobilidade urbana para o Centro da Cidade, durante as obras na região do Porto, o MetrôRio vem operando com a frota máxima e estendeu o horário de pico. Na parte da manhã, essa operação especial vai das 5h30 às 10h30; na parte da tarde, entre 15h e 20h. Com isso, são oferecidos mais 40 mil lugares por dia.

Na Linha 2, no horário de maior fluxo da manhã, é oferecido o serviço de loop: trens extras que operam no trecho Pavuna-Estácio, facilitando a mobilidade de quem está indo em direção ao Centro.

Para a Linha 4, já estão sendo fabricados 15 trens para compor a frota da cidade e atender os usuários com a mesma eficiência.”

SuperVia

"A atual gestão da SuperVia, iniciada em 2011, implementou um processo de transformação gradual e contínuo para oferecer um serviço de qualidade à população que utiliza o sistema ferroviário, há décadas degradado e sem investimentos. Todas as iniciativas têm como meta a consolidação do trem como meio de transporte rápido e eficiente atendendo aos cerca de 620 mil passageiros e 12 municípios por onde o sistema ferroviário passa. Foram feitas intervenções prioritárias em infraestrutura, que inclui o reforço do sistema de sinalização, que irá possibilitar reduzir pela metade o intervalo entre as composições, e a compra de 110 novos trens para renovar a frota. Com estas duas medidas já é possível oferecer viagens cada vez mais rápidas e confortáveis para a população do Rio de Janeiro. Neste mês, a concessionária implantou o serviço de trens expressos em 14 viagens, oferecendo uma redução de oito minutos no tempo de percurso da Zona Oeste e Baixada Fluminense até o Centro, no período da manhã. Atualmente, estão em circulação 191 composições e a previsão é de que, até 2016, um total de 201 trens com ar refrigerado estejam nos trilhos da concessionária. Hoje, são ofertados mais de 1 milhão e 600 mil lugares diariamente, sendo 73% deles em composições com ar-condicionado.

Em parceria com o Governo do Estado, a SuperVia colocou em prática um plano de investimentos que atingirá os R$ 3,3 bilhões até 2020, com recursos da ordem de R$ 2,1 bilhões por parte da empresa. A SuperVia aplicou até agora cerca de R$ 800 milhões, que permitiram, além da compra de novos trens, a troca de 100km de trilhos, instalação de 96 mil dormentes de concreto e substituição de 87 mil metros de cabos da rede aérea, além da reformas de estações e a instalação do reforço na sinalização. O processo de mudança do trem do Rio é irreversível e a SuperVia segue firme na decisão de contribuir com essa transformação. Todos esses investimentos já estão contratados e em andamento, mas requerem um tempo de aproximadamente cinco anos para serem concluídos.”

Secretaria municipal de Transportes

A Prefeitura do Rio tem um plano de mobilidade que inclui quatro corredores BRTs (dois já em operação), 13 pistas exclusivas para ônibus BRS (11 já em funcionamento), implantação de 28 quilômetros de veículo leve sobre trilhos (VLT) no centro da cidade, além de Parceria com o Governo do Estado para expansão do Metrô. A Cidade do Rio de Janeiro passa por um grande processo de transformação, e a mobilidade urbana é uma prioridade. Abaixo você encontra as principais informações sobre os projetos da Secretaria municipal de Transportes.

Secretaria estadual de Transportes

"Em 2009, o governo adquiriu 30 novos trens chineses, que foram entregues em 2012 e já estão em funcionamento. Ao custo total de U$166 milhões, a aquisição dos 30 trens entrou para a história do Banco Mundial como a licitação pública mais rápida já realizada na América do Sul.

Com o investimento de U$306 milhões, financiados pelo Banco Mundial pelo menor preço já praticado no mercado mundial, o estado também adquiriu, em 2012, mais 60 novos trens chineses. No fim de 2013, foi feito um aditivo de mais 10 trens, com o saldo positivo do contrato com o Banco Mundial. Também está sendo elaborada uma nova licitação para a aquisição de mais 12 trens.

Doze dos 70 trens chineses comprados pelo Governo do Estado em 2012 já chegaram ao Rio de Janeiro, e quatro estão em operação. Um quinto veículo começa a circular até a próxima sexta-feira (29/8).

Ainda dentro do plano de modernização da frota do sistema ferroviário, a SuperVia adquiriu 10 trens nacionais, que estão sendo montados em fábrica própria da concessionária. Oito deles já entraram em operação. Compostos por oito carros, os trens também contam com ar-condicionado, sistema de travamento de portas durante as viagens e capacidade para transportar até 2,4 mil passageiros.

Em 2007, a SuperVia transportava, em média, 325 mil passageiros por dia e contava com apenas 10 trens refrigerados, o equivalente a 6% de uma frota de 173 composições. Atualmente, são 191 trens, sendo 116 refrigerados, o que corresponde a mais de 60% da frota. Com a oferta de 1,6 milhão de lugares em 835 viagens diárias, o sistema ferroviário já atingiu pico de 640 mil passageiros por dia.

Os investimentos na modernização do sistema ferroviário – que incluem ainda reformas em estações e na sinalização – somam R$ 3,3 bilhões. A parceria com a concessionária SuperVia vai permitir ao Estado encerrar o ano de 2014 com 150 trens equipados com ar-condicionado. Até o fim de 2015, toda a frota será refrigerada.

Em abril deste ano, o Estado lançou uma licitação para o projeto básico do trecho do metrô que vai ligar a Gávea, na zona sul, à estação Carioca, no centro. Outros três trajetos estão em fase de finalização e também serão licitados: Jardim Oceânico – Alvorada - Recreio dos Bandeirantes; estação Uruguai – Engenhão e Estácio – Carioca.

Com a publicação do edital do Plano Diretor Metroviário (PDM), o governo abriu a possibilidade de expansão da malha metroviária. A empresa vencedora da licitação terá 12 meses para apresentar projetos de demanda e viabilidade para a implantação de novas linhas no estado nos próximos 30 anos.

O Plano Diretor Metroviário conta com recursos de R$ 4,1 milhões financiados pelo BNDES.

A concessionaria adquiriu, em 2009, 19 novos trens (114 carros no total) que entraram em circulação entre agosto de 2012 e março de 2013, elevando a capacidade de transporte de passageiros para 1,2 milhão/dia.

Outros 15 novos trens adquiridos para a Linha 4 entrarão em operação antes dos jogos olímpicos de 2016, quando a obra for entregue.

Foram inauguradas as estações General Osório e Cidade Nova, em 2010, e a estação Uruguai, na Tijuca, em março de 2014. As obras da Linha 4 foram iniciadas. A nova linha vai ligar a Barra da Tijuca a Ipanema, com seis novas estações em 16 quilômetros de linha.

A Secretaria Estadual de Transportes publicou o edital para abertura de licitação para aquisição de mais quatro novos catamarãs. As embarcações vão atender aos passageiros do sistema aquaviário nas linhas de Paquetá e Cocotá. Os recursos, estimados em R$ 120 milhões, serão financiados pelo Banco do Brasil.

A previsão é que as novas barcas comecem a operar até o fim do ano. As embarcações, com capacidade para 500 lugares, serão equipadas com ar condicionado e poltronas acolchoadas, além de produzirem baixo ruído.

Em 2013, o Governo do Estado investiu R$ 273 milhões na compra de nove embarcações. Sete são de fabricação chinesa, com 2 mil lugares, que vão circular na linha Praça XV-Araribóia, ampliando a oferta de 12,8 mil lugares por hora para 24 mil lugares/hora no período de rush, e reduzindo o tempo de travessia para 12 minutos.

As outras duas, com capacidade para transportar 500 passageiros, estão sendo montadas pelo estaleiro Inace, no Ceará, e farão o trajeto Mangaratiba-Ilha Grande-Angra do Reis. A entrega foi antecipada em quatro meses e asembarcações devem começar a chegar em novembro deste ano. Até 2015, todas estarão integradas à frota da CCR Barcas.

Até 2007 o sistema de transporte aquaviário contava apenas com 19 embarcações em operação, e transportava média diária de 62 mil pessoas por dia. Hoje são 24 barcas, incluindo 15 catamarãs e nove barcas tradicionais, sendo cinco delas alugadas pela concessionária, atendendo determinação da Secretaria de Transportes. Após diversos investimentos no setor, como a reforma de estações e a ampliação da grade de viagens, chegam a ser transportadas até 143 mil pessoas num único dia.”