Supersecretário centralizará investimentos em São Paulo

26/11/2014 08:18 - Valor Econômico

Em seu novo mandato o governador Geraldo Alckmin (PSDB) terá um supersecretário para tocar as obras de infraestrutura em São Paulo, especialmente metrô e estradas. O nome escolhido é Saulo de Castro, fiel escudeiro e atual secretário da Casa Civil. O total previsto de investimentos no orçamento do Estado para 2015 é da ordem de R$ 20 bilhões. O governador, no entanto, ainda não definiu em que pasta Saulo será alocado para cumprir o papel de tocador de obras.

O secretário pode permanecer na Casa Civil ou ser deslocado para a antiga Secretaria de Governo, que deve ser ressuscitada no segundo mandato. Coordenador da campanha à reeleição do governador, Edson Aparecido, é outro nome que deve voltar ao governo estadual a partir de 2015. Articulador habilidoso, Aparecido ficará responsável pelas relações institucionais e políticas do Palácio dos Bandeirantes com a Assembleia Legislativa.

Alckmin ficou insatisfeito com o ritmo da entrega de obras no atual mandato. O governador entende que foi reeleito no primeiro turno mais pela fraqueza de seus adversários do que pela apresentação de resultados e quer mudar esse panorama no segundo mandato. Saulo é considerado o nome certo por não se importar em eventualmente atropelar veleidades políticas para cumprir a tarefa a que foi incumbido pelo governador.

Alckmin também procura um nome nacional e com perfil similar ao titular da Fazenda, Andrea Calabi, que já anunciou a saída do governo a partir de 2015.

Em outra frente, o tucano pretende dar um tom mais social à gestão. Por isso pediu aos auxiliares que estudem meios de ampliar os programas sociais. A estratégia tem como objetivo desmontar o discurso dos adversários políticos de que o PSDB é um partido elitista. Além disso, o governador sinaliza com um enxugamento da máquina pública estadual. Devem ser extintas cinco das atuais 25 secretarias.

As medidas de Alckmin têm um objetivo claro: o governador é candidatíssimo a presidente da República, em 2018. Para tanto, precisa exibir um portfólio de realizações maior que o mostrado no primeiro mandato.

A ideia de extinguir a Secretaria de Agricultura chegou a ser ventilada no governo, mas já foi descartada por Alckmin. Titular da pasta na gestão de José Serra (PSDB) e no início do atual mandato do governador, João Sampaio disse que a possibilidade de acabar com a secretaria está "fora de cogitação". Segundo Sampaio, a informação é do próprio governador. "Ele disse que nunca cogitou", afirmou.

Conforme Sampaio, o que existem são estudos para melhorar a gestão e reduzir gastos, mas isso não contemplará a extinção da Secretaria de Agricultura ou mesmo sua fusão com a Secretaria de Desenvolvimento, como já se especulou. "O que está se fazendo é um estudo para melhorar a gestão do Estado, e entre outras coisas. Mas a extinção da secretaria foi descartada. Não ocorrerá", assegura Sampaio.

O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues afirmou que tem conhecimento da proposta de extinguir a secretaria de Agricultura de São Paulo, mas que, "até onde sabe", o governador Geraldo Alckmin a desconsidera. "Alguém fez essa proposta infeliz ao Alckmin e, até onde eu sei, ele a desconsidera totalmente". A hipótese perdeu força depois que um grupo de agricultores, dirigentes sindicais, prefeitos e vereadores lançaram uma petição pública contra a extinção da pasta.

As negociações vão incluir os 13 partidos que estavam na coligação. Até o PMDB, que abandonou a candidatura de Paulo Skaf (PMDB) na reta final para apoiar o tucano, pode ser contemplado.