01/07/2015 07:40 - Agência Reuters
BRASÍLIA (Reuters) - Construída há 55 anos como uma das
maiores obras públicas da história do país, Brasília deve entrar neste ano num
ciclo de concessões de infraestrutura à iniciativa privada e de parcerias com
empresários para enfrentar a escassez de recursos estatais, em um quadro de
retração da atividade econômica do país.
Esse é o plano do governador do Distrito Federal, Rodrigo
Rollemberg (PSB), que, em entrevista à Reuters, disse que pretende lançar em
setembro os primeiros editais de concessões de serviços públicos ao setor
privado.
Na lista do que pode ser concedido está o icônico Parque da
Cidade; a torre de TV, ponto turístico próximo do setor hoteleiro de Brasília;
o autódromo; o Centro de Convenções Ulysses Guimarães; e o Estádio Mané
Garrincha, palco de jogos na Copa do Mundo do ano passado.
Rollemberg conta que recebeu há cerca de um mês uma
produtora de eventos interessada no estádio. Ele admitiu que a licitação da
arena com capacidade para quase 70 mil pessoas pode não ser das mais simples e
não deve estar nos primeiros editais.
"É mais difícil ter interessados. Há um número pequeno
de empresas hoje em condição de operar um estádio como o Mané Garrincha. Mas
estamos estudando qual a melhor modelagem para também fazer a concessão da
arena", disse.
O governador regulamentou recentemente a participação do
capital privado na gestão de bens públicos e na construção de novas estruturas,
uma alternativa para atrair investimentos para a região sem comprometer as
complicadas contas do governo.
Rollemberg disse que quando assumiu o governo, no início do
ano, o governo tinha um rombo de mais de 3 bilhões de reais. "Colocamos em
dia o pagamento dos servidores, pagamos um pouco de restos a pagar e ainda
devemos quase 1,2 bilhão de reais a fornecedores e prestadores de
serviço", disse.
Além das concessões, o governador avalia que Parcerias
Público-Privadas (PPPs) viabilizem investimentos novos de maior porte, como a
"Transbrasilia", projeto que deve demandar 1 bilhão de reais, para
ligar o setor de indústrias de Brasília às cidades satélites do Guará,
Taguatinga e Samambaia.
"Nessa região hoje passa um linhão de alta tensão de
Furnas. O objetivo é enterrá-lo e criar áreas de entretenimento que valorizem
as cidades", disse. "Em alguns lugares podem ser criadas unidades
imobiliárias para financiar o investimento".
No radar do governo estão ainda ferroviárias interestaduais,
de interligação com Goiás, que estão sendo analisados pela Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT).
Um deles é o trem de média velocidade para ligar Brasília a
Goiânia. O outro é a conversão, para uso por passageiros, de uma linha de carga
entre Brasília e a cidade goiana de Luziânia, que tem grande fluxo diário de
pessoas para e da capital federal.
Segundo ele, esses dois casos poderiam ser concessões ou
PPPs, mas como envolvem outra unidade da federação, precisam de maiores
negociações envolvendo inclusive a União Federal.
Os primeiros editais de PPPs devem demorar mais tempo. A
previsão do governador é lançá-los até o início de 2016.
METRÔ E HOSPITAIS
Além das obras com recursos privados, Rollemberg quer uma
expansão no metrô de Brasília com recursos públicos da União.
Segundo ele, Brasília deve receber 564 milhões de reais do
governo federal para investir no metrô. A ideia é lançar em julho a licitação
para mais cinco estações: duas em Ceilândia, duas em Samambaia e uma no início
da Asa Norte, na região central do Plano Piloto.
"(O dinheiro) está contratado, assinamos aditivo esta
semana e em julho deve ser lançado o edital", disse.
Brasília pode ter ainda novidades próximas na áreas de
saúde. Rollemberg disse que reuniu-se recentemente com representantes do
hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, interessados em construir um hospital na
capital federal.
"E o (hospital) Albert Einstein solicitou uma
audiência. Estamos marcando", frisou, dizendo que o governo estuda modelos
para facilitar a atração de empreendimentos hospitalares.
"Entendemos que Brasília pode se transformar em um
grande 'hub' de saúde", disse.