01/07/2015 07:20 - Valor Econômico
No maior contingente de operários afastados em uma fábrica
de veículos desde o início da crise na indústria automobilística, a Volkswagen
vai suspender temporariamente os contratos de 2.357 trabalhadores no ABC
paulista a partir de segunda-feira, quando o terceiro turno do parque industrial
em São Bernardo do Campo for desativado.
Segundo o sindicato dos metalúrgicos da região, esse grupo
se soma a outros 220 operários que já estão há um mês afastados das linhas de
produção, elevando assim para 2.577 o total de empregados suspensos, ou quase
20% dos aproximadamente 13 mil funcionários da fábrica.
A Volkswagen não comentou a informação. Na quarta-feira
passada, porém, o novo presidente da montadora no país, David Powels, havia
anunciado o fim do terceiro turno. Também adiantou na ocasião que a companhia
vinha avaliando alternativas para evitar demissões. Pela solução acertada,
conhecida como "layoff", os empregados com contratos suspensos têm
parte do salário (R$ 1,3 mil) financiada pelo caixa do Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT) por, no máximo, cinco meses.
As montadoras vêm recorrendo com frequência a esse
expediente, mas dizem que a ferramenta é insuficiente para enfrentar crises
longas como a atual. Por isso, cobram celeridade do governo no lançamento do
programa de proteção ao emprego em fase final de gestação em Brasília.
Fora do ABC, a Volks mantém em "layoff" 570
trabalhadores do complexo industrial no Paraná e outros 370 em Taubaté (SP),
onde produz o Gol e o subcompacto Up!. Na fábrica paranaense, o terceiro turno
está suspenso, enquanto na unidade do interior paulista a jornada noturna já
foi extinta.
Em São Bernardo, o sindicato dos metalúrgicos diz que a
montadora reafirmou o compromisso, pactuado em janeiro, de não demitir em massa
até 2019. Isso, porém, não a impede de lançar programas de demissões
voluntárias - ferramenta pela qual cortou 800 vagas no primeiro trimestre.