20/10/2014 07:10 - Jornal do Comércio - RS
Ter um automóvel sempre foi o sonho de todos. Com a crise
internacional de 2008, o governo federal deu isenções ao setor e animou as
vendas como jamais antes visto no Brasil. No entanto, comprar automóvel não é
como ir ao supermercado e pedir frutas ou mesmo a carne, hoje tão cara, motivo
de disputa com ovos, segundo sugestão de graduado funcionário do Ministério da
Fazenda. Passada a euforia, houve queda nas vendas e, agora, há opiniões
conflitantes sobre o mercado de automóveis.
Executivos do setor preconizam que o volume do mercado
brasileiro de automóveis termine 2014 entre 3,4 milhões e 3,5 milhões de
unidades. Para 2015, a expectativa é de que o mercado assuma volumes similares
ao deste ano. Desta forma, um novo ciclo de crescimento da indústria
automobilística vai demorar um pouco mais do que 2016 para começar.
Simultaneamente, a demanda europeia por automóveis continuou
a sua recuperação em setembro. Registros
de carro novos no bloco de 27 países subiram para 1,24 milhão de veículos em
setembro. No Brasil, o mercado de carros novos apresentou leve melhora na
primeira quinzena de outubro em relação ao mesmo período do mês passado, mas
segue abaixo dos números de um ano atrás. Até o dia 15, foram licenciados 143,4
mil veículos, 1,9% a mais que na primeira metade de setembro, com 140,7 mil, e
quase 5% abaixo na comparação com outubro de 2013, ou 150,9 mil. No acumulado
do ano, a vendas estão 8,9% abaixo do volume registrado em igual período de
2013, com um total de 2,669 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões
e ônibus. A média diária de vendas nesta primeira quinzena está em 13.036
unidades, em comparação a 12.792 de setembro. A Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mantém sua previsão de queda de
5,4% nas vendas em relação a 2013, para cerca de 3,5 milhões de veículos. Em
todo o ano passado, foram vendidos 3,767 milhões de veículos, quase 1% abaixo
do volume de 2012, a primeira queda após 10 anos seguidos de crescimento.
O fato é que a indústria automobilística brasileira e a
argentina têm um excesso da capacidade instalada, atualmente de 45%,
considerando os dois países, o que deve provocar um aumento maior do custo fixo
por unidade. Esse excesso de capacidade deve crescer ainda mais nos próximos
anos.
Ainda assim, os financiamentos de veículos no Brasil
atingiram a marca de 564.515 unidades em setembro - 275.257 modelos novos e
289.258 usados, de acordo com a companhia financeira Cetip. Foi o melhor mês do
ano, superando as 557.637 unidades registradas em janeiro.
O Crédito Direto ao Consumidor seguiu como a principal modalidade de financiamento. O prazo médio de financiamento para automóveis leves novos recuou de 39 para 37 meses, enquanto para as unidades com até três anos e de quatro a oito anos de uso diminuiu de 43 para 42 meses, comparando com o mesmo período de 2013. Já as unidades com mais de 13 anos de uso apresentaram alta - de 37 meses, em setembro de 2013, para 38 meses em 2014. Enfim, a indústria automobilística continuará acelerando ou irá para o acostamento.