28/08/2014 07:05 - O Globo
Um dos maiores centros comerciais e residenciais da Zona
Norte da cidade, com terminal da Linha 1 do metrô, a Tijuca é um território
hostil para quem se arrisca a enfrentar de bicicleta com seu trânsito selvagem.
Na segunda reportagem sobre a bicicleta como mobilidade urbana, nosso blog foi
testar as ciclofaixas das ruas Barão de Mesquita e Major Ávila, cujo objetivo é
alcançar a ciclovia que contorna o estádio do Maracanã.
Na sexta-feira da semana passada, partimos também para o
asfalto, sem ciclovias, percorrendo cerca de dois quilômetros, do Maracanã até
a Praça Afonso Pena. Além do barulho dos motores e da feia fumaça que sai dos
canos de descarga, enfrentamos a agressividade dos motoristas de carros de
passeio, vans, táxis e principalmente os ônibus que detestam ver uma bicicleta
no meio do caminho. Os pilotos de duas rodas motorizadas -- as motocicletas --
tampouco têm paciência com as primas pobres -- as bicicletas. E os pedestres
também ignoram o espaço reservado aos ciclistas.
Agora o mais impressionante foi constatar que a ciclovia no
entorno do Maracanã, que acabou de ser reformada para a Copa do Mundo, é
bruscamente interrompida em dois pontos. Num trecho acaba de frente para o
prédio do antigo Museu do Índio, que foi alvo de conflitos entre indígenas da
Aldeia Maracanã e policias do Batalhão de Choque. Em outro ponto a ciclovia
acaba num estacionamento construído para os carros de serviço da Copa. A
mensagem é subliminar: na cidade que pretende ser a capital da bicicleta, são os
carros que estão no controle. A própria sinalização das ciclofaixas é em função
dos pontos de interseção com o tráfego de veículos motorizados.
Na ciclofaixa que termina no Maracanã, a reportagem flagrou
um caminhão no meio da pista, enquanto os trabalhadores descarregavam material
de campanha do candidato Leonardo Picciani. Outro motorista também parou bem no
meio da ciclofaixa, mas reconheceu o erro e saiu rapidamente, diante da câmera
de filmar. Mais uma vez, a sinalização para proteção ao ciclista deixou a
desejar. E em nenhum ponto das ciclofaixas há informações indicando onde
terminam, nem sobre as três estações de bicicletas públicas, instaladas na
Tijuca.