26/11/2014 07:30 - O Estado de SP
SÃO PAULO - O Metrô de São Paulo vetou a publicidade de um
livro sobre a tática Black Bloc. A publicidade, paga pela Geração Editorial,
responsável pela publicação, ficaria em cartazes afixados nos vagões dos trens.
Um dos autores de Mascarados - A Verdadeira História dos Adeptos da Tática
Black Bloc, o jornalista e blogueiro do Estado Bruno Paes Manso, afirmou que a
leitura a respeito do livro feita pelo Metrô, que é controlado pelo governo do
Estado, é "equivocada”.
"O livro não faz
apologia dos black blocs. Ele procura mostrar o superdimensionamento dado a
esses garotos, desmistificá-los e explicá-los para a sociedade”, afirmou Paes
Manso. No auge dos protestos de junho de 2013, estações do Metrô foram alvo de
quebra-quebra na região da Avenida Paulista.
A Geração Editorial contrataria 20 sancas, como são chamadas
as peças de publicidade, nos vagões das Linhas Vermelha e Verde - o dobro do
mínimo exigido pelo Metrô. Cada uma delas mede 112 centímetros por 30 cm e custa
R$ 266. A editora gastaria R$ 5.320 por um mês de exposição.
No dia 19, porém, a Geração recebeu um e-mail do Metrô
dizendo que o layout não havia sido aprovado. A editora respondeu a mensagem e
mais tarde recebeu a ligação de um funcionário do Metrô dizendo que não
adiantaria mandar outra arte, já que o problema era com o tema do livro.
"Para nossa surpresa, disseram que não veiculariam o anúncio
porque ele incitaria a violência. Não vou chamar de censura. Foi um erro de
avaliação”, disse Luiz Fernando Emediato, diretor da Geração. Para ele, o livro
é apenas uma reportagem sobre o tema em que todos os lados - incluindo a
Polícia Militar - são ouvidos. O "excesso de zelo” e a "avaliação equivocada”
teriam motivado a decisão do Metrô, disse o editor.
Desacordo. O
Metrô informou, por meio de nota, que "reprovou única e exclusivamente o layout
da peça publicitária da Geração Editorial por estar em desacordo com o artigo
20 de seu regulamento de mídia (Remídia)”. O texto veta mensagens que
"infrinjam a legislação vigente, atentem contra a moral e os bons costumes,
tenham temas de cunho religioso ou político-partidário”. O regulamento ainda
proíbe anúncios "que possam suscitar comportamentos inadequados”.
A empresa alegou que "é errado” acusá-la de "censura ou veto
ao livro”. Segundo a companhia, a avaliação feita pela área de negócios se
restringe apenas à peça publicitária. O texto também informou que "os
anunciantes dos espaços publicitários do Metrô têm pleno conhecimento do
regulamento”.