Número de idosos cresce uma Ribeirão Pires em dez anos

01/10/2014 07:38 - Diário do Grande ABC

O Grande ABC passou a contar, em dez anos, com cerca de 105 mil idosos a mais, o que corresponde a quase o número de habitantes de Ribeirão Pires (aproximadamente 115 mil). Neste ano, já são 325.145 pessoas acima de 60 anos, bem mais que os 219.849 que havia em 2004.

O envelhecimento da população da região pode ser constatado também pela proporção da terceira idade. Atualmente, esse público já representa 12,45% do total de moradores na região (2,6 milhões). Em 2013, eram 312.734, ou 12,04% da população dos sete municípios. O percentual dos que tinham essa idade era bem menor dez anos atrás: correspondiam a apenas 9,02% do conjunto de moradores.

Os dados, de levantamento realizado pelo Diário com base nas Informações dos Municípios Paulistas, da Fundação Seade, reforçam a importância desse público, que é lembrado pelo Dia Internacional do Idoso, comemorado hoje. A data, estabelecida pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1982, também marca o aniversário de 11 anos do estatuto do Idoso – criado no Brasil para consolidar políticas públicas para essa parcela da população.

Os percentuais de idosos da região são semelhantes ao de todo o País, onde há atualmente 13% de pessoas com mais de 60 anos. Isso, embora algumas cidades do Grande ABC se destaquem. Em São Caetano, por exemplo, 20% são idosos e, em Santo André, 15%. Para o coordenador do Inpes (Instituto de Pesquisas) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Leandro Prearo, o envelhecimento da população reforça a necessidade de políticas públicas para esse público, envolvendo lazer, saúde e acolhimento.

Para especialistas de entidades que representam o segmento, o dia pode ser comemorado, já que houve avanços nos últimos anos, por exemplo, com garantias de direitos introduzidas pelo Estatuto: o atendimento preferencial em órgãos públicos e privados (como bancos e supermercados), a prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda e a passagem gratuita no transporte coletivo.

No entanto, há muito a conquistar ainda, segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Carlos Andreu Ortiz. Ele destaca que a legislação existe, mas muitas normas não são cumpridas, como o acesso à Saúde e as dificuldades de mobilidade urbana. Uma das reivindicações do sindicato é pela ampliação da cesta de medicamentos gratuitos contidos no programa Farmácia Popular. "(O governo) Deveria investir mais em Saúde preventiva”, acrescenta o dirigente.

Outra luta das entidades é pela recuperação de perdas das aposentadorias pagas pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). O diretor de políticas sociais da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, Luís Antônio Ferreira Rodrigues, cita que o projeto de lei 4434/2008, do Senador Paulo Paim (PT), que se destina a recompor o valor do benefício pelo equivalente em salários mínimos de quando o segurado se aposentou, deve ir a votação na Câmara Federal na próxima semana. "Vamos a Brasília acompanhar a votação”, afirma. Ele cita que, embora haja quem diga que a Previdência Social é deficitária, o governo tem utilizado recursos previdenciários para outras finalidades.

Ortiz concorda que é necessário criar uma política para recuperar as perdas dos aposentados, mas ele acha difícil que passe o projeto de vinculação ao número de salários mínimos. "Precisamos discutir com o governo o índice (de atualização dos valores) a ser utilizado”, afirma. O sindicalista defende que se adote a média de aumentos reais dos trabalhadores no ano para a correção dos benefícios.