28/05/2015 07:12 - Yahoo / Portal R7
Um relato da repórter Caroline Apple, do portal R7, mostra a
situação absurda pela qual passam milhares de mulheres nos transportes e vias
públicas do Brasil. Ela afirma ter sido vítima de um maníaco que se masturbou e
ejaculou em sua calça dentro do vagão de um metrô da Linha 3 - Vermelha.
No relato, Caroline afirma que estava na estação Brás, sentido
Corinthians-Itaquera, por volta das 19h30. Segundo ela, no momento em que a
porta abriu e várias pessoas entraram e saíram, o homem em questão aproveitou
para se masturbar e, no trecho entre Brás e Bresser-Mooca, ejaculou na parte de
trás de calça da repórter.
"Chamei um funcionário do Metrô e aí que tudo ficou ainda mais estranho. Ele me acompanhou, procurando o tal homem que eu sabia que tinha embarcado no vagão do lado. Enquanto isso, ele me dizia que não tinha o que fazer. Que eu deveria ter gritado, feito alguma coisa e que se tivesse me manifestado os próprios passageiros ajudariam”, escreveu Caroline.
O caso é mais um de violência sexual que assusta vindo do
metrô paulistano. Ainda neste ano uma mulher foi estuprada dentro da estação
República, que também fica na Linha 3, e as autoridades "comemoraram” o fato
de, no episódio, o caixa da estação de recarga do Bilhete Único não ter sido
roubado. Em 2014 foram registrados diversos casos de homens linchados após se
masturbarem dentro do trem.
Portal no qual Caroline trabalha, o R7 entrou em contato com o Metrô que, em nota, declarou que a repórter agiu corretamente e explicou que a afirmação de que "nada poderia ser feito” é "totalmente contrária à orientação de amparar as vítimas e auxiliá-las para a realização de um BO”.
Repórter do R7 sofre
abuso no metrô: "Minha calça vai para máquina de lavar, mas e a minha
dignidade?”
Caroline Apple, do R7
Tarado no metrô comigo nunca teve vez. Já protagonizei
escândalo, já fui responsável pela retirada de um ser desse da estação e
calejei meu cotovelo e meu olhar fulminante para encostadas suspeitas, mas,
mesmo assim, hoje fui vítima: um usuário do Metrô ejaculou na minha calça.
O metrô lotado. Quando cheguei à estação Brás, sentido
Corinthians-Itaquera, às 19h30, muitas pessoas saíram e algumas entraram. Entre
essas pessoas que entraram no vagão estava esse homem que se achou no direito
de se aliviar em mim.
No trajeto de 30 segundos entre a estação Brás e
Bresser-Mooca, esse homem se masturbou. Não notei nada até a porta estar
prestes a se abrir e o barulho da movimentação intercalar com a respiração
ofegante dele atrás de mim.
Saí do vagão olhando para trás, desconfiada, e ele também
saiu e me olhou. Foi quando meus pés tocaram a escada rolante que senti parte
da minha calça esquentar. Quando coloquei a mão nela, notei que ela estava
molhada. A palavra era nojo. Não dava mais tempo de descer, mesmo que minha
vontade fosse pular da escada rolante que subia. Chamei um funcionário do Metrô
e aí que tudo ficou ainda mais estranho.
Ele me acompanhou, procurando o tal homem que eu sabia que
tinha embarcado no vagão do lado. Enquanto isso, ele me dizia que não tinha o
que fazer. Que EU deveria ter gritado, que EU deveria ter feito alguma coisa e
se EU tivesse me manifestado, os próprios passageiros me ajudariam. Fiquei
pensando em que momento o Metrô faria alguma coisa. Nada mais aconteceu. O
funcionário perguntou se eu morava perto, eu disse que sim. E só. Nada de
registro, nada de boletim de ocorrência, como se nada tivesse acontecido.
Não sou funcionária do Metrô para pensar em soluções para
essa situação corriqueira, não sou paga para isso, mas pago a passagem, nada
barata, para ir para minha casa ou trabalho tão apertada a ponto de um homem se
masturbar, ejacular e ninguém ver.
Minha calça vai para máquina de lavar, mas e a minha
dignidade?
O Metrô declara, em nota, que a repórter do R7 fez o correto
em procurar um dos agentes para fazer a denúncia, mas explica que a informação
de que um dos funcionários disse que "nada poderia ser feito" "é
totalmente contrária à orientação do Metrô de amparar as vítimas e auxiliá-las
para a realização de um Boletim de Ocorrência. O Metrô lamenta a conduta errada
relatada e informa que o empregado já foi identificado e será
reorientado".